Tirando o componente óbvio da frase que dá título a este texto, a seguir indico algumas referências para que o leitor compartilhe do meu raciocínio em relação às necessidades relacionadas à força de trabalho. Pois, vejamos. O IBGE nos informa que a taxa de desemprego brasileira fechou em 5,3% no último mês do ano passado. Na média ao longo de 2010, a desocupação ficou em 6,7%. Ambas são marcas de destaque, as menores da série histórica da pesquisa, iniciada em março de 2002.
Assim, podemos dizer que a economia nacional passa por um momento ímpar, em que diversos fatores se alinham para que a tendência de crescimento sustentado se consolide e siga abrindo oportunidades, tanto para o mercado de trabalho, quanto para os setores produtivos.
A palavra “trabalho” na frase do título acima está relacionada ao esforço que teremos de despender para que não corramos o risco de entrar no tão falado “apagão da mão de obra”, que ocupa muitas folhas de nossos jornais e grande espaço nos debates sobre esse tema.
Sabemos que, infelizmente, a formação educacional e profissional da maioria dos brasileiros apresenta certas carências que limitam e até prejudicam o ingresso e pleno exercício profissional dessas pessoas no mercado de trabalho.
Desta forma, o primeiro “trabalho” exigido dos gestores empresariais, dos educadores, das autoridades públicas e das entidades e instituições ligadas às áreas da educação e da profissionalização é ampliar a oferta de oportunidades e melhorar a qualidade do ensino e da formação e capacitação dos profissionais e trabalhadores.
Não há dúvidas de que a educação em nosso país tem se transformado nos últimos vinte anos, especialmente com a universalização do ensino à infância, a ampliação da oferta de vagas no ensino técnico e a facilitação do acesso às universidades e a cursos de nível superior. No entanto, apesar de a qualidade do ensino ter evoluído no período, ela ainda demanda melhoramentos.
A iniciativa privada, com o apoio de entidades setoriais e organizações do terceiro setor, também tem se esforçado para capacitar e manter atualizados seus profissionais ou futuros colaboradores, investindo em formação dirigida aos objetivos empresariais. Mesmo assim, é certo que serão exigidos das empresas ainda mais “trabalho”, dedicação e investimentos para suprir as lacunas da formação dos brasileiros.
Destaco que, se investirmos de forma correta e eficiente no “trabalho” de formação, capacitação e preparação dos profissionais, não teremos grandes problemas com o fantasma do “apagão da mão de obra”. Além disso, vamos economizar muito “trabalho” na procura infrutífera de profissionais necessários para suprir à demanda crescente.
Quanto menor o desemprego, melhor é para nossa economia, para as pessoas, para o governo e para o país como um todo. Mas a condição do pleno emprego alcançada pelo Brasil exige uma série de cuidados, sem os quais será muito maior o custo de não contar com a mão de obra disponível para suprir nossas necessidades crescentes do que os investimentos necessários para a formação de brasileiros qualificados.
Eduardo Pocetti é CEO da BDO no Brasil, firma-membro integrante da quinta maior rede do mundo em auditoria, tributos e advisory services.