Empreendedores se dizem otimistas, mas seguem com cautela devido à crise mundial
"Se as vendas de fim de ano forem iguais às de 2010, já estará muito bom". Esse é o pensamento da empresária Viviane Vieira, uma das sócias da Farfalle, loja de roupas femininas em Belo Horizonte. Ela, assim como a maioria empresários brasileiros, fala de forma positiva sobre a expectativa de vendas para as festas de final de ano, mas admite certa cautela por conta dos reflexos da crise econômica mundial.
A consultora da Fecomercio de São Paulo, Fernanda Della Rosa, avalia que o crescimento econômico no Brasil segue positivo, mas que o cenário mundial é de preocupação com a crise financeira e até mesmo de retração da economia. Mas para ela, mesmo que o Natal de 2011 não seja igual ao de 2010, considerado o melhor da última década – com crescimento de 7,6% em relação a 2009 -, as perspectivas para este ano são boas.
Segundo o coordenador nacional de comércio varejista do Sebrae, Ricardo Vilela, os rumores de crise estão nos noticiários e por isso deve-se manter atenção. Mas ele acredita que o comércio reagirá bem. "Principalmente com a ajuda das medidas do governo, como baixar as taxas de juros e reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de alguns artigos", explica.
Na opinião de Vilela, muita gente deve optar por suas compras de Natal e Ano Novo buscando produtos mais baratos e evitando fazer gastos que provoquem endividamento a longo prazo.
Para não ocorrer como em 2010, quando muitos comerciantes ficaram sem mercadorias de reposição por conta do crescimento nas vendas, a lojista Viviane Vieira se preparou e aumentou o estoque em 50%. "Este é um período diferenciado, pois as clientes buscam roupas de festa, como vestidos com muito branco e brilho", conta a empresária, que espera manter os mesmos níveis de venda do Natal passado, quando obteve faturamento 12% maior do que em outros períodos do ano. Por outro lado, ela admite que os clientes ainda estão tímidos nas compras.
Temporários
Com aumento nas vendas, ou apostando no crescimento, os donos de micro e pequenas empresas costumam investir na contração de funcionários. A estimativa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) é de que sejam criados cerca de 160 mil empregos temporários – 70% deles no comércio -, para o período de Natal e Ano Novo no país.
O crescimento no número de vagas temporárias é uma realidade para Danielle Bastardo, gerente-proprietária da Panificadora Vitoriosa, em Brasília. Ela tem 16 funcionários e busca a contratação de outros três atendentes. Além de serviço de padaria e lanches, o estabelecimento faz ceias para as festas de fim de ano.
"Para aumentar a venda, apostamos em duas estratégias. Melhoramos o cardápio oferecido e as embalagens. O prato é de plástico decorado, bonito e bem resistente, podendo ser reutilizado depois pelos clientes", explica. A outra estratégia de Danielle, que espera acréscimo nas vendas entre 12% e 13% em relação ao ano passado, é investir nos funcionários. Para isso, criou um plano de incentivo aos empregados. Aquele que conseguir vender mais ceias receberá um bônus de R$ 200 no salário e mais 5% do valor do prato.
Já a empresária mineira Glauce Mara Soares, dona de uma franquia de O Boticário em São Sebastião do Paraíso (MG), garante estar bem preparada para incrementar os negócios. Ela, que deve abrir em breve uma segunda loja da marca de cosméticos, diz que está treinando 12 novos funcionários para suprir a demanda de final de ano e que metade dos temporários tende a ser efetivada no novo estabelecimento.
Planejamento
Apresentar serviços diferenciados também é uma boa estratégia para alavancar o acréscimo nas vendas. É isso que Stela Lobato, dona da Boobambu Academia da Criança, em Brasília, está fazendo. A academia atende crianças de seis semanas a 12 anos de idade durante todo o ano, com atividades físicas e artísticas. Já nos meses de janeiro e julho, oferece o programa de colônia de férias, quando os pais podem deixar seus filhos por hora ou turnos.
Stela diz que, neste período, a procura aumenta bastante e ela se vê obrigada a duplicar o número de funcionários, passando de 26 para quase 50. Muitos dos monitores da colônia de férias acabam integrados ao quadro de funcionários. A empresária diz ainda que, com o planejamento e os métodos trabalhados na academia, consegue receber crianças a partir de dois anos na colônia. "A maioria das empresas só atende a partir dos quatro anos. A nossa responsabilidade cresce, mas este serviço diferenciado também aumenta nosso faturamento", conclui.