Multinacionais, sim, mas muito brasileiras!

23|08|2011

As empresas brasileiras estão conquistando o Planeta. São empresas que se tornaram multinacionais, têm negócios em distintos continentes e padrão mundial de qualidade e gestão, mas com uma grande virtude: jamais perderam a identidade brasileira, expressa na imensa energia para o trabalho, criatividade, senso de oportunidade, sensibilidade para enfrentar situações adversas e uma inesgotável crença nacapacidade de vencer obstáculos.

Tais atributos, aliás, são elementos importantes da bem-sucedida luta de nosso país no enfrentamento da crise mundial de 2008 e 2009 e, mais do que isso, da velocidade com que retomou índices estimulantes de crescimento do PIB. Com certeza, algumas políticas públicas têm contribuído para isso, em especial as que expandem nosso mercado por meio da geração e distribuição de renda e consequente inclusão socioeconômica. Contudo, é essencial a missão desempenhada pelo setor corporativo.

Com a prevalência do capitalismo democrático, as empresas assumem papel cada vez mais decisivo no tocante à performance econômica das nações. É no seu espaço que o trabalho se converte em cidadania e acesso à saúde, educação, moradia adequada e qualidade da vida, dos trabalhadores e seus familiares. Cabe ao Estado contribuir para a criação de um ambiente favorável aos negócios, como se tem observado em algumas variáveis, como os programas de ampliação da renda, investimentos governamentais e medidas contingenciais para o enfrentamento da crise, em 2010, dentre outros exemplos.

Obviamente, ainda é preciso que as políticas públicas contemplem demandas estruturais, como a reforma tributária, previdenciária e trabalhista, desonerando a produção. E, também, vislumbrem soluções para questões mais pontuais, como a dos juros altos, que não podem ser transformados em dogma de nossa estratégia monetária, e do câmbio sobrevalorizado, fruto, em grande parte, da grande atratividade do próprio mercado brasileiro, que, só de investimentos produtivos, recebeu mais de 32 bilhões de dólares no primeiro semestre de 2011, um recorde absoluto desde 1947.

Não há dúvida de que as empresas nacionais são protagonistas do invejável avanço do Brasil, este país que é o “Emergente dos emergentes”, segundo estudo, assim intitulado, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, em cooperação com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). O relatório mostra que, desde 2003, 50 milhões de pessoas, população superior à de toda a Espanha, ingressaram no mercado consumidor brasileiro.

Assim, precisamos preservar e aprimorar os fundamentos que permitam ao universo corporativo cumprir seu papel de modo cada vez melhor, melhorando o marco legal e aperfeiçoando a atuação do Estado no tocante à economia. Se fizermos tudo certo, conseguiremos conferir sustentabilidade à positiva conjuntura que tem destacado o Brasil e suas empresas no cenário global.

Antoninho Marmo Trevisan é diretor-presidente da Trevisan Escola de Negócios e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

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