Na medida certa

No Brasil, 99% das empresas são de micro e pequeno porte. Esse grupo é responsável por 60% dos empregos e por 20% do PIB, segundo dados do Mapa das Micro e Pequenas Empresas no Portal Brasil. A estabilidade econômica das últimas duas décadas e a criação de legislações diferenciadas para empreendimentos desse porte, entre outras medidas de incentivo, permitiram o avanço do empreendedorismo no País, mas ainda há muito o que melhorar, principalmente em relação à taxa de sobrevivência das MPEs e à participação delas no PIB (na Alemanha esse índice chega a quase 35%).

O pensador e economista Ernst Friedrich, falecido em 1977, ainda é um dos principais defensores do modelo. Ele pregava antes da metade do século passado conceitos que hoje são base do desenvolvimento sustentável. A economia proposta pelo intelectual alemão, que desenvolveu carreira na Inglaterra, é oposta ao consumo excessivo de materiais (especialmente não-renováveis), crescimento sem sentido, dominação pelas grandes empresas e sistemas de escala mundial, com tecnologias centralizadas e de capital intensivo. Ainda em 1958, ele alertou para os perigos da dependência máxima do petróleo do Oriente Médio e as implicações políticas desta situação, além de se tornar um opositor da energia nuclear, devido à acumulação de grandes quantidades de resíduos tóxicos.

Observador atento da natureza e interessado em ensinamentos de sábios budistas e taoístas, Schumacher desenvolveu uma compreensão diferenciada da complexa relação entre sistemas vivos. Na segunda metade da década de 1950, durante sua permanência em Myanmar como consultor econômico da ONU, elaborou os princípios da chamada “economia budista”, baseado nas crenças de que bom trabalho é essencial para o desenvolvimento humano e de que a produção a partir de recursos locais para a solução de necessidades locais é o sistema econômico mais racional.

Sua obra Small is beautiful: economics as if people mattered, de 1973 (lançada no Brasil dez anos depois com o título O negócio é ser pequeno), é considerada um dos 100 livros mais influentes publicados após a Segunda Guerra Mundial. Tiveram grande influência no trabalho de Schumacher os pensamentos do economista austríaco Leopold Kohr sobre a grandeza de escala: “Se uma sociedade cresce acima do seu tamanho ótimo, os problemas vão eventualmente acabar por ultrapassar o crescimento das faculdades humanas que são necessárias para lidar com eles”.

Fonte: Portal Brasil, E. F. Schumacher Society e Wikipédia

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