A crise mundial, os problemas econômicos que assustam a Europa e todas as perdas que esses acontecimentos impulsionaram provaram que as empresas precisam diversificar seus investimentos para não ver suas economias sendo esgotadas em um “susto”. Na verdade, esse sempre vai ser o cenário ideal, porém o controle é sempre a etapa mais complexa do investimento. Por quê? Vamos imaginar uma empresa que tem um bom dinheiro em caixa e quer fazer esse dinheiro render enquanto está ocioso – bolsa de valores, renda fixa, aplicações variáveis.
Certo, mas como controlar esses investimentos, entender suas particularidades e prever futuros lucros e momentos certos de reinvestir esse dinheiro, escolhendo outro modelo de aplicação? Muitas empresas contam com a famosa e simplista planilha Excel para fazer cálculos e atualizar valores, mas cada vez mais há complexidade nesses investimentos – como calcular as mudanças das taxações de juros, descontos de impostos, regras internas de pagamentos de honorários e outras contas? Fato: essas barreiras dificultam o controle – o desespero da tesouraria é evitar erros, o da contabilidade é lançar tudo corretamente e conferir os valores.
Muitos confundem: diversificar investimentos é diferente de arriscar investimentos – esses termos só são sinônimos quando não há controle e planejamento. Já existem ferramentas especificas para ajudar os departamentos de Tesouraria e Contabilidade nessa difícil tarefa, são os sistemas de Gestão de Tesouraria e Risco, ou do inglês TRM (Treasure and Risk Management), que automatizam e gerenciam todos os aspectos relacionados a investimentos financeiros. E o que seria isso, na prática? De que forma a implantação desse conceito no dia-a-dia pode ajudar o controle dos investimentos?
O melhor jeito de entender é através de exemplos. Digamos que uma empresa tenha um dinheiro em caixa e deseja rentabilizá-lo. Uma solução segura é os Certificados de Depósito Interbancário (CDI), que são títulos de emissão das instituições financeiras, que garantem a credibilidade das operações do mercado interbancário – há incidência de imposto, as transações são acordadas pelo telefone e registradas pelas instituições envolvidas e nos terminais da Câmara de Custódia e Liquidação (CETIP), ou seja, há rigidez no investimento. Quem investe nos CDIs sabe que a taxa de juros-lucro muda todo dia, ou seja, todo dia uma pessoa responsável terá que atualizar os cálculos.
Só que a empresa que possui um amplo capital não irá investir só nos CDIs – há dezenas de outras formas, todas com perfis diferentes. Outro modo de aplicação é o em renda fixa. Aparentemente simples, há diversas taxas de impostos a serem recolhidos e pode ser uma opção para empresas que precisam resgatar uma parte do dinheiro enquanto está no período de carência. Digamos que, por necessidade de caixa, solicite 30% da verba que está rendendo. Como prever o cenário a partir desse resgate? Qual o lucro que a empresa irá obter? Se eu reaplicar esse valor, qual minha margem de perda? Quanto vai ser retido para o pagamento do resgate e do imposto de renda? E depois, como fazer planos com o dinheiro que continua aplicado?
E esse é um exemplo simples, mas, olhando o universo de possibilidades de investimento, é impossível ver esse cenário em uma simples planilha de Excel. Já pensou atualizar os dados das transações diariamente? E calcular esses investimentos e os cenários futuros? Para essas funções já existem módulos instalados nos ERPs empresariais que administram e criam a ponte (que antes era bamba) entre contabilidade e tesouraria – essas são as funções do TRM. Já ocorreram casos de erros dos bancos, pois os valores gerados pelo banco não refletiam os controles internos. O sistema ajuda a provar rendimentos, ferramenta bastante útil quando há incompatibilidade de valores.
É um controle total: com dados como montante investido, período planejado, juros que serão aplicados, impostos recolhidos, demonstrativos, balanço de rendimento, simulações, alterações cambiais – tanto manualmente quanto automaticamente. As atualizações podem ser visualizadas on-line e real time, logo sempre poderá ser auditável e recalculado quando há uma alteração.
E como ter certeza de que estão investindo certo? Há como simular os investimentos, sem debitar na conta. Há como direcionar os resgates para contas específicas e receber diretamente no ERP o extrato bancário, que irá comparar, automaticamente, os valores fornecidos pelo banco. Você só precisa “ditar as regras” do seu negócio – como fluxo de resgate, taxação de impostos, divisão dos lucros, aplicação do dinheiro, pagamento comissionado, taxas bancárias.
Com a utilização de ferramentas especializadas nas demonstrações de fluxo de caixa e de gerenciamento de operações financeiras, a tesouraria ganha agilidade e confiabilidade. É muito importante ressaltar que a ferramenta dá suporte à decisão do tesoureiro, permitindo que se tenha visibilidade e flexibilidade para traçar, executar e analisar as estratégias.
Resumindo, o cenário econômico mundial é favorável para empresas que diversificam investimentos e já há ferramentas para gerenciar os resultados. E a sua empresa, como os controla?
Alessandre Trintim é sócio diretor da Essence, empresa de consultoria e outsourcing especializada em Tecnologia e Informação para negócios.