Num passe de mágica

Formalizar a carreira construída com muito esforço abriu mercados e diminuiu custos do artista

Um lápis, que aparentava estar de fato quebrado, deu origem à sua primeira mágica. Com cinco anos de idade, encontrou naquele objeto a oportunidade para encantar seus amigos do jardim de infância e arrancar aplausos de surpresas e admiração. “O lápis estava quebrado, só que consegui restituir encaixando uma metade na outra sem ninguém perceber. Então eu fingi que tinha o poder da mente, fiz que estava me concentrando, balancei e uma parte caiu. Todo mundo ficou impressionado”, relembra.

Foto: Divulgação |
Assim nasceu o primeiro truque do mágico Tio André, como é artisticamente conhecido. Naquele momento, sua primeira plateia estava formada e, mesmo sem ter idade para entender, ele revelava o seu talento para entreter e encantar as pessoas por meio de brincadeiras e mágicas. Com o tempo, essas características foram aperfeiçoadas, transformando André Freire Naves em um dos mágicos mais requisitados do Distrito Federal.

Criar neve, fazer uma pessoa levitar, um objeto desaparecer. Aliados ao seu carisma, momentos engraçados, diferentes e surpreendentes como esses prendem a atenção e encantam pessoas de qualquer idade. Não é preciso fazer nenhum truque para entender o motivo de sua agenda profissional estar sempre lotada de compromissos e de possuir um currículo com mais de 7 mil festas realizadas.

O trabalho profissional começou aos 16 anos em festas de aniversários, a princípio familiares. No ano de 1986, um amigo o convidou para animar uma festa de criança. “Desde então não houve um só final de semana que eu não animasse pelo menos uma festa. No início, os únicos instrumentos de trabalho eram uma corda, minha garganta, boa vontade e principalmente muito amor”, relembra.

Até que o Tio André vestisse pela primeira vez a roupa de mágico, foi animador, palhaço e personagem de histórias infantis. Buscando novas alternativas para enriquecer seu trabalho, passou a realizar brincadeiras, fantoches, maquiagem. Na década de 1990, em uma viagem a São Paulo, ficou deslumbrado quando viu um mágico na rua e decidiu que gostaria de aprender sobre esse universo. Primeiro, foi incorporando a magia no show de palhaço para, depois, se tornar apenas mágico.
Com a carreira começando a dar certo, decidiu investir todo o seu tempo para aprimorar ainda mais o seu negócio. Abandonou o emprego que tinha em um banco, voltou a morar com os pais, cursou uma faculdade de marketing e uma pós-graduação em recursos humanos. Tudo visando à consolidação de sua carreira.

 

Formalização
Como qualquer negócio, nem tudo era fácil. Sua principal dificuldade estava na falta de formalização do negócio, principalmente quando fazia shows direcionados a empresas. “Elas necessitavam de nota fiscal e eu, não tendo, ia perdendo grandes oportunidades de trabalho”, conta. O valor do seu pagamento também era bastante reduzido. Na época, ele trabalhava emitindo Recibos de Pagamento Autônomos (RPAs), mas eles incidiam sobre a emissão do documento taxas do Imposto de Renda e da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Quando descontavam também o ISS (Imposto sobre Serviços), o mágico chegava a ficar onerado em 27%.
Foi então que, por meio da televisão e de revistas, ficou sabendo do programa Microempreendedor Individual (MEI). “Procurei o Sebrae e fui muito bem recebido pelos atendentes que, além de atender minha necessidade, procuraram me ajudar em outros aspectos, como me indicar para alguns cursos, e até me deram um Passaporte do Empreendedor, onde pude fazer vários cursos maravilhosos e gratuitamente”, destaca.

Esses cursos são um dos diferenciais da carreira do Tio André. Buscando sempre se aprimorar e atender às mais diversas necessidades que a carreira requer, já fez cursos que vão muito além dos de truque de mágicas, como contador de histórias infantis, atendimento aos clientes, vendas, maquiagem facial, oratória, origami e esculturas em balão.

O registro formal no programa Microempreendedor Individual também ofereceu outras vantagens, como obter uma conta como pessoa jurídica em um banco, com aplicação e crédito disponível, além da contribuição para a Previdência Social visando à sua aposentadoria. Entre os aspectos que poderiam ser melhorados, ele cita o baixo limite de lucro e burocracia para entrar no programa. “No restante, é só alegria”, confirma. Assim como seus espetáculos.

André Freire Naves
Idade: 43 anos
Data de formalização: 18 de agosto de 2010
Ramo: Mágico
Conta com funcionário? Não, mas está em processo de formalização da assistente
Pretende virar microempresa? Sim

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