O Coronavírus e os empreendimentos de impacto socioambiental

Você deve estar pensando: mais um texto sobre o Coronavírus?

Pois é, esta pandemia está nos trazendo muitos aspectos transversais da nossa vida para pensar e repensar.

Estamos reconsiderando o modo de trabalho, de ficar em casa, de home office, de estudar, de nos relacionar, de utilizar as tecnologias da informação, de como lidar com a ansiedade e de como ficar ao lado da família tanto tempo. Enfim, muitas novidades neste estilo de vida que nos foi imposto e não tem data e nem hora para acabar.

Sabemos que ainda é o começo da parte mais difícil que está por vir e temos que seguir todas as orientações oficiais para não termos tantas perdas.

Ao mesmo tempo, temos visto algumas curiosidades interessantes nas questões de impactos sociais e ambientais. Exemplo disso são as notícias sobre a diminuição da poluição do ar na China, apresentada pelos satélites da NASA. Essa mudança está atrelada ao “novo” estilo de vida desacelerado adotado pelos chineses nos tempos de COVID-19. E se por um lado isso ameaça a economia do país, por outro, o meio ambiente agradece.

Na Itália, os impactos ambientais também foram sentidos. Moradores mostraram por meio de fotos, a mudança da coloração da água de turva para transparente e a aparição de pequenos peixes e até mesmo golfinhos, nos canais de Veneza, após a diminuição drástica de turistas e visitantes. Além disso, no norte do país, houve uma diminuição de dióxido de nitrogênio (NO2) que foi acompanhada pela Agência Espacial Europeia (ESA).

No Brasil, já é perceptível ver nas grandes cidades a escassez de automóveis, principalmente, nos centros comerciais e empresariais. Boa parte das pessoas está trabalhando de casa, alunos e alunas estão tendo aulas on-line ou férias adiantadas.

Esse processo será sentido ao longo dos meses. Lógico que o impacto de gestão de energia também será. Algumas redes de internet já estão entrando em colapso. Mas, além do impacto ambiental, haverá o social. Já estamos acompanhando as transformações via redes sociais e televisão. Muitas medidas estão sendo tomadas pelas empresas, bem como pelo Governo para a prevenção do Coronavírus, isto é, procedimentos de higienização e os novos modelos de trabalho e relações humanas, que muitos especialistas, psicólogos e terapeutas estão discutindo e trabalhando via redes sociais.

Para os empreendimentos de impacto socioambiental esta pandemia pode ser uma oportunidade para, cada dia mais, realizar sua missão. Não querendo se “aproveitar” e virar um mercenário do impacto, mas sim, talvez, focar numa escala de crescimento e ajudar mais pessoas.

Neste movimento, a Quintessa, uma aceleradora de negócios de impacto, selecionou algumas startups de impacto que podem ajudar o cidadão e as empresas nesta crise. Na área de saúde destaco a Universaúde com a ferramenta Telesaúde, aberta online 24 horas via Chat; a Caren.App, que faz uma auto avaliação para os sintomas do COVID-19; o Labi Exames, que está fazendo 10 testes gratuitos todos os dias para pacientes acima de 80 anos; e a Dandelin, oferecendo consultas com especialistas e exames que podem ser marcadas via aplicativo.

Na área de educação, selecionei a Reconectta com materiais de educação e sustentabilidade on-line para pais, filhos e educadores; ChatClas que liberou o curso Prêmium de inglês gratuitamente até 17 de abril; e o ForEducation Edtech que tem um guia de boas práticas online para escolas e educadores que estão mantendo aulas via internet.

Para o bem-estar tem o Pé de Feijão para ajudar as pessoas se organizarem em home-office com uma alimentação mais saudável; e o Mais Vívida que recruta jovens para apoiar pessoas mais velhas nas mais diferentes tarefas possíveis.

Veja a lista completa em: https://blog.quintessa.org.br/startups-de-impacto-coronavirus/

Temos que aprender com esta nova forma de nos relacionarmos, empreender e realizar menos impactos ambientais e sociais. Quem sabe começarmos a fazer a tal da regeneração, como está acontecendo em Veneza por exemplo. E entender que este processo por qual passamos num planeta globalizado tem que ser aprendido, analisado e principalmente transformar o nosso modelo mental e estilo de vida atual. Tudo que estamos vivenciando e vamos presenciar ainda, tem que ser entendido como um aviso que estamos num ecossistema único e que – independente da sua classe social, país, raça, gênero, empresa, governo, entre outros pontos – uma ação em qualquer lugar do mundo pode afetar todo o restante. Este é o pensamento sistêmico que precisamos cada dia mais ter e basear nossas pequenas decisões do dia a dia. Viver pelo desenvolvimento sustentável para todos.

*Marcus Nakagawa é professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: Marketing para Ambientes Disruptivos e 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (Prêmio Jabuti 2019).

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