O lado bom e o lado ruim de entrar na fila para tomar a vacina

Helo Eneida Menezes Paes Pinto Pinheiro pegou o caminho, que não era o do mar, e foi até o posto de saúde, em São Paulo, no meio de uma manhã de sol e tomou a segunda dose da vacina contra o coronavírus.

Muitos preferem ir bem cedo, já as 7 horas da manhã, uma hora antes de  começar a vacinação, com a certeza que tem menos gente por perto. Outros vão no horário do almoço, em geral também tem menos fila. E tem quem chega uns minutos antes de terminar a vacinação. O objetivo de cada um em geral é o mesmo: não passar de público o atestado da idade.

Em cada cidade, pelos jornais, pelas rádios e sites, é divulgado e anunciado os locais e a faixa de idade dos idosos que podem naquele dia entrar na fila de carro ou de pedestre para tomar a primeira ou a segunda dose da vacina. Assim, se alguém está na fila, o conhecido que aparece por perto  já economiza uma série de perguntas. Sabe que aquele ou aquela ali na fila tem, que nem ele, uma idade avançada. Às vezes, de consolação,  se pode ouvir um elogio. “O que,  você já tem 70 anos…. Está tão bem….”

O presidente da República, Jair Bolsonaro, não esconde a idade que tem, 66 anos. Já podia ter recibo a vacina, mas diz que já teve a Covid e, segundo ele, está imunizado. Vai esperar.  Será o último da fila. Se sobrar vacina, ele toma.

No entanto, dois reis, com décadas de reinado no Brasil, já tomaram a vacina e não esconderam de ninguém essa data e a idade deles. Primeiro foi o rei Pelé que aos 80 anos recebeu a primeira dose, no dia 2 de março, na sua casa, no Guarujá,  litoral paulista. No mesmo dia, postou: “ Hoje foi um dia inesquecível. Eu recebi a primeira vacina. Nós precisamos manter a disciplina para preservar vidas, enquanto muitas pessoas ainda não foram vacinadas”.

O outro rei,  Roberto Carlos, no dia 2 abril recebeu a primeira dose,  ainda com 79 anos (completou 80 anos no dia 19 de abril). De camisa azul e calça branca, chegou sozinho no posto de saúde na zona sul do Rio, num carro todo azul, que ele mesmo dirigia. Quando chegou a sua vez, baixou o vidro e ergueu a manga da camisa. No curto tempo que teve, comentou a um jornalista que apontou o microfone para a sua direção: “Todo mundo tem que vacinar, deve vacinar, é importante”. Se tivesse mais tempo, talvez teria dito: “São tantas emoções”.

Ao unir a primeira e última palavra do extenso nome que abre essa crônica surge a divina Helo Pinheiro.  Aos 75 anos, ainda esbelta e linda, a ex-modelo e hoje empresária ficou na fila para  receber a vacina. Ainda jovem, quando tinha 17 anos, ao sol de Ipanema, a caminho do mar, inspirou o poeta Vinicius de Moraes e o compositor Tom Jobim que fizeram a eterna música, cantada em todo o mundo,  “A garota de Ipanema”.

“Olha que coisa mais linda

mais cheia de graça.

É ela menina que vem e que passa

num doce balanço a caminho do mar.

Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema,

o seu balançado é mais que um poema

é a coisa mais linda que eu vi  passar”…..

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