O que me move é mudar o mundo

Eu comecei a empreender em 2001, quando eu e alguns colegas de trabalho decidimos fazer do setor em que trabalhávamos um negócio. Nós éramos responsáveis pela inovação técnica da empresa e o nosso negócio era consultoria e desenvolvimento de softwares. A partir disso, começamos a assumir projetos de clientes pequenos mas chegou um momento em que a demanda tornou-se tão grande que tivemos que sair da empresa em que éramos funcionários para tocar 100% do nosso negócio.

Eu saí para ganhar um terço do que eu recebia como funcionário e mesmo assim não medi esforços. Precisei trabalhar de madrugada, sábados, domingos e feriados sempre correndo atrás deste sonho. Foram momentos muito críticos porque os clientes eram das áreas de mercado financeiro, banco, telecomunicações, etc. De 10 corretoras do Brasil, 9 eram clientes da minha empresa, ou seja, usavam algum produto que a nós desenvolvíamos. Com o primeiro projeto, eu comprei um notebook, no segundo, um servidor que ficava no meu quarto, e quem me ajudava quando ele dava problema era a Lúcia, que trabalhava na casa dos meus pais.

Eu contratei um funcionário de cada vez, consegui alugar uma sala na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, comprei uns móveis melhores, até que, quando percebi, já haviam se passado 10 anos. Nesta altura, a minha empresa tinha mais de 100 funcionários e faturava 10 milhões de reais por ano.  Em 2012, me desliguei dessa empresa e estava ansioso para me envolver em algum outro projeto. Um mês após a minha saída, conheci o Gabriel Gaspar, meu sócio até hoje no Nibo. Temos um amigo em comum, que também é empreendedor, que foi quem nos apresentou. Gabriel já tinha a ideia do Nibo. Ele me apresentou o projeto e eu achei muito legal, conversamos e no dia seguinte o Nibo estava com a cara que tem hoje. Nosso primeiro contato foi para uma prestação de serviços e eu acabei virando sócio três meses depois. O Nibo é um sistema de integração contábil e gestão financeira que contribui para o aumento da produtividade de milhares de contadores e, pequenas e médias empresas no Brasil.

Empreender tem muita ralação, privação, falta de grana. Quando eu comecei, tinha um cliente que demorou nove meses pra me pagar e eu já tinha a responsabilidade de 25 funcionários, vivia de uma pequena reserva e morava com os meus pais. As pessoas não têm ideia de como é complicado empreender no Brasil. São inúmeros encargos, leis, taxas, etc. É preciso ter muita  perseverança e certeza do que se quer. Nem sempre as coisas funcionam do nosso jeito.

Uma das maiores dificuldades é fazer com que as pessoas se sintam donos da empresa, e estarem dispostas a tudo. Quando se empreende, tem que estar disposto a qualquer coisa, inclusive limpar o banheiro se for necessário. Depois que você entra no negócio, tem que estar disposto a jogar em todas as posições possíveis da empresa. O maior suporte que tive foi o da minha família. Sem ela eu acho que eu não conseguiria. Meus pais não tinham muita grana. A minha esposa, que era minha namorada na época, me apoiou o tempo todo e hoje é empreendedora também, entende o que eu passo diariamente.

Eu não empreendo pelo dinheiro, até porque na minha primeira empresa, em sete anos, eu não faturava o que eu ganhava de salário quando era funcionário. O que me motiva é incentivar a produtividade dos funcionários, participar da evolução da minha equipe, estimular suas competências.  Eu quero melhorar sempre a vida dessas pessoas. O que me move é mudar o mundo!

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