O surfista e o business man

O cineasta – Recebi uma demanda de um cliente com atitude categórica: precisava de indicações de empresas que pudessem contratar seus serviços de produção de vídeo, mas não queria abrir uma empresa legalmente, pois ele não se enxergava como um business man (homem de negócios). Ele era um artista, um cineasta.

O business man – Conheci uma empresa de 60 anos, cujo fundador era um business man. A partir do zero ergueu uma empresa processadora de arroz. Grande negociador, aproveitou a onda de crescimento econômico de sua região, fez investimentos importantes, montou uma logística de distribuição e vendas mirando especialmente o mercado periférico de minimercados. Seu produto hoje tem demanda espontânea da rede varejista e não precisa mais do esforço de venda para ser colocado no mercado. Seu patrimônio é estimado em torno de R$ 20 milhões.

O surfista – É o caso do Salomão. Ele foi surfista e se enveredou pelo ramo de negócios. Tem uma cafeteria, e, para dar conta do recado, seu filho recém-nascido fica no andar de cima do café enquanto sua mulher o ajuda na chapa e ele faz o atendimento aos clientes. Tem uma dívida de R$ 3 mil.

Quem entre milhões de empresários brasileiros se considera um homem de negócios? E quem entre os leitores pratica o surfe? Quem faz surfe, mesmo por hobby, sabe que ninguém entra na água de paletó, sapatos, gravata e uma caneta na mão. O surfista sabe que seria loucura entrar no mar de olhos vendados. Ou entrar numa praia desconhecida sem antes observá-la, ver para onde puxa a maré, o tamanho de suas ondas, a tendência dos ventos, o tipo de ondulação e experimentá-la aos poucos.

O surfista profissional – Por outro lado, se o surfista começa a participar de campeonatos e se torna um profissional, o buraco é mais embaixo. Além de fazer o que gosta, como treinar várias horas por dia, todo o santo dia, é necessário dedicar-se àquilo que não gosta, como às atividades fora d’água: a prática de corridas, restrição da alimentação, não se permitir outras distrações e focar a mente no título estadual, nacional e mundial. Só se torna campeão o surfista que ama o que faz e faz o que é necessário para tal.

Ao tocar um empreendimento empresarial é a mesmíssima coisa: preparação intensa e dedicação total. Além de fazer o que se ama (dirigir vídeos) é fundamental dedicar-se àquilo que é necessário (pesquisas, especulação, prospecção, precificação, negociação, vendas, registros, controles…) para o empreendimento prosperar. A pessoa que abre um empreendimento torna-se um homem de negócios, quer sua empresa seja formal ou não, como no caso do cineasta. E não se pode entrar no mar corporativo de calção de banho e uma prancha na mão, esperando que tudo vai dar certo, como no caso do surfista Salomão: sem capital adequado, sem saber montar e manter uma operação lucrativa, sem saber identificar uma real oportunidade de negócio, como faria um business man, que tem tino empresarial, é frio, racional e calculista, isto é, sabe calcular o lucro e o retorno do investimento.

O surfista e o business man – Nem todo mundo tem o tino de um homem de negócios, assim como a prática do surfe não é para qualquer um, mesmo que esteja disponível para todos. Mas, assim como alguém ao decidir surfar vai ter que pensar e agir como um surfista, de preferência inspirado num campeão, aquele que faz a opção de colocar um empreendimento, para evitar remar e não morrer na praia, também tem que pensar e agir como um homem de negócios e o primeiro passo é aceitar ser um business man.

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