A recuperação do nível de emprego deve seguir em ritmo lento em 2011, especialmente nos países desenvolvidos, apesar de indicadores apontarem melhoras na economia. É o que indica um relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho), divulgado hoje em Genebra, na Suíça.
A OIT prevê que o desemprego atinja 203 milhões de pessoas este ano, o que significa uma taxa de 6,1%, ligeiramente mais baixa que os 6,2% registrados em 2010 e os 6,3% de 2009. Antes da crise, em 2007, o índice de desemprego estava em 5,6%.
"Apesar da recuperação do mercado de trabalho no mundo, o enorme custo humano causado pela recessão permanece", diz o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
Ele aponta um desafio para o Fórum Econômico Mundial de Davos, que será realizado esta semana. "Nós precisamos fazer da criação de emprego um objetivo macroeconômico, assim como o são as altas taxas de crescimento, a baixa inflação e os orçamentos equilibrados."
"Não se esqueça que, para o povo, a qualidade do trabalho define a qualidade da sociedade", afirma Somavia.
De acordo com o relatório, 55% do aumento do desemprego no mundo entre 2007 e 2010 foi registrado em países desenvolvidos e na União Europeia, enquanto algumas economias em desenvolvimento, como Brasil, Sri Lanka, Tailândia e Uruguai, as taxas de desemprego chegaram a níveis mais baixos que antes da crise.
US$ 1,25 POR DIA
A pesquisa da OIT também observa que, em 2009, 630 milhões de trabalhadores (20,7% de todos os trabalhadores no mundo) viviam com rendimento de até US$ 1,25 (R$ 2,08) por dia.
O estudo aponta para possíveis consequências econômicas da demora na abertura de novos postos de trabalho e dos pouco frequentes aumentos de salários.
"Isso poderia ameaçar as perspectivas de recuperação, pois há uma forte ligação entre o aumento dos salários reais, o consumo e o investimento no futuro", diz a pesquisa.
Para o diretor-geral da OIT, é preciso investir no mercado de trabalho. "Reequilibrar a economia mundial para que o crescimento seja forte e sustentável exige mais do que ajustes dos sistemas monetário e financeiro", afirma Somavia.
JOVENS
Ainda segundo o relatório, o desemprego entre os jovens é quase três vezes maior do que entre os adultos e a situação deve melhorar pouco em 2011.
De acordo com o relatório, 78 milhões de jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados em 2010, frente aos 73,5 milhões que não tinham trabalho em 2007, antes da crise.
"Isso acontece por uma combinação de fatores. Primeiro, os empregadores preferem contratar os mais experientes para não ter que investir em treinamento", diz Steven Kapsos, um dos autores do estudo Tendências Mundiais de Emprego 2011.
"Depois, os jovens têm uma rede de contatos muito limitada. E, em terceiro lugar, em geral eles contam com o apoio da família, então podem aguentar mais tempo desempregados em busca de uma oportunidade melhor", afirma Kapsos.
Enquanto o desemprego entre os adultos permaneceu estável em 4,8% de 2009 para 2010, a taxa entre os jovens caiu levemente de 12,8% para 12,6%. Segundo o estudo, esse índice deve baixar para 12,3% em 2011, o que ainda preocupa a OIT.
"O emprego dos jovens é uma prioridade global", afirma Juan Somavia. "A frágil recuperação do trabalho reforça o fracasso contínuo da economia global para garantir um futuro para a juventude. Isso enfraquece as famílias, a coesão social e a credibilidade das políticas públicas", acrescenta.
Em países desenvolvidos, o desafio para os milhares de jovens que entram no mercado de trabalho a cada ano é encontrar emprego. Já em países em desenvolvimento, a questão é arrumar um bom emprego, já que, em grande parte dos casos, os jovens só têm acesso à economia informal.