Onde fica o empreendedorismo nas propostas eleitorais? Um papo com Marcelo Freixo

Planejamento e participação: confira o que pensa o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro sobre o empreendedorismo na cidade

Não falta muito para os cariocas elegerem seu novo prefeito. Dois “Marcelos” –Freixo e Crivella– estão na disputa do segundo turno, que será decidida dia 30 de outubro. Em meio às propostas dos candidatos por todo o país, a Endeavor Brasil vem questionando: onde está o empreendedorismo nisso tudo?

Por isso foi lançado o movimento +Empreendedores +Empregos, uma iniciativa de diversas organizações do ecossistema empreendedor brasileiro para promover discussões durante as eleições municipais sobre as visões da gestão pública sobre o ambiente de negócios. Já foram realizados encontros com candidatos em Fortaleza, Recife, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte e São Paulo, que contou com o prefeito eleito, João Doria, além de Fernando Haddad e Ricardo Young.

No Rio de Janeiro, a primeira sabatina com empreendedores teve participação de Marcelo Freixo, do PSOL. Marcelo Crivella, do PRB, também foi convidado e está conversando com a equipe da Endeavor sobre um eventual encontro.

A sabatina com Freixo aconteceu no Nex Coworking, em parceria com a Rede Global do Empreendedorismo, a ABStartups, a Dínamo e o Nosso Rio 2020. Os principais pontos discutidos você confere abaixo:

(Falta de) Planejamento

“A loucura maior é não pensar [o Rio de Janeiro] para daqui a 4 anos, mas ter a ousadia de se preparar para o que ele será daqui 50 anos”. Perguntado sobre seu sonho grande para o empreendedorismo carioca, Marcelo Freixo reforça constantemente que sua visão para a cidade é de médio e longo prazo, e compara taxas de emprego da economia colaborativa no Rio à de outras cidades: 2% contra 15%-20%.

Para diminuir a defasagem, ele fala em abordar o tema desde o ensino básico, aproximando as escolas das discussões sobre problemas enfrentados em seu entorno e resignificando-as como espaço de preparo e participação para soluções de cada região: “Vai fazer muito mais sentido para o aluno essa formação como empreendedor local e ele ser capacitado desde criança se ele entender que aquilo vai ajudar a resolver problemas do bairro.”

Para tanto, Freixo acrescenta, é necessário dar autonomia pedagógica ao professor, para que adeque o conteúdo a cada realidade, tempo para planejamento de aula e capacitação.

Por falar em planejamento, o candidato critica que não haja, na cidade, nenhum órgão responsável por essa atividade. Uma de suas propostas de governo é a fusão da Casa Civil e da Secretaria de Governo para que se transformem em uma Secretaria de Planejamento.

Simplificar e aproximar

Para incentivar a participação de empreendedores nas decisões do poder público, Freixo também propõe um conselho de empresários que dialogue com a prefeitura.

“Quando a gente fala do estado ser mais presente, isso não quer dizer a inibição da iniciativa privada. Muito pelo contrário. Essas decisões de planejamento precisam acontecer permanentemente com os empreendedores.”

É algo que tem feito desde a construção do programa de governo, segundo ele, e diz preocupar-se com o excesso de burocracia da cidade: “Imagina alguém ficar 4 meses para conseguir abrir um negócio, isso é insano. E se você abre, você não tem qualquer incentivo. Vai ser cobrado ISS e IPTU como se não fosse um gerador de emprego, como se não fosse alguém que vai desenvolver a economia local.”

Quanto a esse tópico, aliás, Freixo defende que a arrecadação pode aumentar com a diminuição dos impostos, usando mais inteligência. “O Brasil vive uma crise brutal, mas eu tenho um entendimento diferente do que o governo federal tem. Não é cortando despesa que você resolve a crise. A despesa vem caindo, o problema é a receita.”

Já para simplificar a abertura de empresas, o candidato também sugere que seja criado um portal para centralizar, esclarecer e facilitar a jornada de novos empreendedores, eliminando a confusão gerada por órgãos que não se comunicam.

acesso a crédito também é afetado pela burocracia em bancos federais, segundo Freixo, distanciando possibilidades de financiamento dos micro e pequenos empreendedores. Portanto, ele propõe a criação de um banco municipal, para que “o investimento social chegue aonde deve chegar”.

“A ideia é justamente fugir da lógica do banco privado, da lógica de ter uma política de juros para ganhar em cima disso”, comenta, “O que a prefeitura investe no pequeno empreendedor gera receita, traz retorno.” Segundo ele, a ideia é que o banco municipal busque ser parceiro da Caixa Econômica, do Banco do Brasil e do BNDES, para fomentar negócios locais.

Tecnologia e Inovação

O candidato destaca ainda o potencial do Rio de Janeiro como um centro de inovação. “Dependendo de como você organiza a relação do poder público com o setor econômico, a tecnologia pode se tornar uma ameaça, pode ser um fator que as pessoas entendam como um gerador do desemprego, o que é um grande equívoco”, explica Freixo.

“Acho que esse é o desafio do empreendedorismo, é pensar num modelo econômico e de desenvolvimento que pode tornar a cidade muito mais democrática.”

Outro ponto muito defendido por Freixo na sabatina foi o olhar para áreas da cidade onde a atividade econômica ainda não é tão desenvolvida: “Eu quero pensar polos tecnológicos na zona portuária, mas quero pensar isso em Campo Grande, no Méier. Isso que temos que pensar para daqui a 50 anos: o Rio não termina no Túnel Rebouças.”

Ao final, Freixo foi convidado a completar a frase “Empreender é”… Sua resposta: “possível”.

Conteúdo originalmente postado em Endeavor.

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