O garoto que carrega a mala e os tacos do jogador de golfe é conhecido por “caddie” nos Estados Unidos.  No dia 7 de novembro, quando o presidente Donald Trump já sabia que tinha perdido a eleição, resolveu ir jogar golfe no seu campo particular. Assim que viu o presidente, o caddie foi em sua direção entregar os tacos.

–  Senhor presidente Trump, aqui estão os tacos.

Ainda não havia chegado aos ouvidos do garoto as notícias que naquela manhã as rádios anunciavam a vitória de Joe Biden. Trump, por sua vez, não deu ouvidos a essas notícias e iniciou uma partida, contra ele mesmo. Se não tinha mais nenhum valor essa partida, pelo menos serviria para uma avaliação dos diferentes buracos abertos na sua frente, nos últimos quatro anos, como presidente da maior nação do mundo.

Sem dúvida, ele acertou a bola num buraco:  conseguiu ativar a economia e manter estável o nível de emprego em todo o país. Mas, mais à frente, ao invés da bola, o próprio Trump caiu em diferentes buracos.

Buraco da pandemia. Talvez esse seja o maior buraco onde ele caiu. Desde o início, negou a pandemia. Não era da sua conta o número recorde de mortes em todo país que já ultrapassou 300 mil. Para ele, o número de mortes sempre pareceu mais que um simples número. Culpou a China. Não usava máscara. Se contaminou e mesmo assim, antes e depois de internado no hospital, circulou e se aproximou de pessoas.

Buraco do racismo.  Mesmo na atual pandemia, a taxa de mortalidade entre pessoas brancas nos Estados Unidos não supera o índice de pessoas negras mortas anualmente no país.  Um estudo da Universidade de Minesota aponta que mais de 400 mil de pessoas brancas teriam que morrer para se equiparar a menor taxa de mortalidade já registrada entre pessoas negras, que é de 1.061 a cada 100 mil pessoas, que ocorreu em 2014.  Em toda sua gestão, o presidente Trump não fez nada para alterar o racismo estrutural no país. O voto de pessoas negras foi decisivo para a sua derrota.

Buraco dos imigrantes.  Em números absolutos, os Estados Unidos têm a maior população de imigrantes entre todos os países do mundo. Já em 2015, essa população somava 48 milhões de pessoas. Trump sempre enfrentou os imigrantes. Ficou marcado por levantar muro para impedir a entrada de mexicanos.

Buraco da antidemocracia. Por último, caiu no buraco de não aceitar um princípio básico da democracia, o de reconhecer a derrota numa eleição. Antes de deixar o governo, tem lançado novas medidas e talvez fique mais conhecido pelo legado de aumentar o volume de água no banho de cada americano. Deixa a dúvida se isso não é mais para atender um capricho particular, para ter mais água e assim cuidar melhor do seu conhecido topete branco e amarelado.

O caddie já sabe que o presidente da Rússia Vladimir Putin reconheceu a vitória de Biden. Logo também vai chegar no seu ouvido que o presidente Jair Bolssonaro também reconheceu a derrota de Trump.

Na próxima ida ao seu campo particular de golfe, Trump dará um novo rumo na sua vida. O caddie vai se dirigir a ele com palavras determinantes.

– Senhor Trump. Esse taco já tem um novo dono. É do senhor presidente Joe Biden.