A pandemia do coronavirus abriu e deixou bem visíveis em todo o Brasil diferentes abismos sociais. Um deles é o número de acessos de brasileiros ao sistema financeiro nacional. Antes da pandemia, nada menos de 46 milhões de brasileiros não tinham nenhum acesso a banco público ou privado, seja para receber algum dinheiro ou para realizar algum pagamento. Só para ter direito e o acesso ao auxílio emergencial do atual governo pela pandemia, 10 milhões de brasileiros passaram a ter uma conta física ou digital numa instituição financeira.
Nas últimas décadas nenhum governo avançou mais na democratização do acesso ao sistema financeiro nacional do que o atual comandado pelo presidente Jair Bolsonaro. Se pode direcionar diferentes críticas ao governo Bolsonaro, mas é preciso reconhecer e dar méritos a equipe econômica que atua firme para abrir e democratizar o sistema financeiro do país.
É bom lembrar que o maior assalto dos banqueiros aos bolsos dos brasileiros ocorreu em 1993. Nesta época o presidente da República era Itamar Franco e o seu ministro da Economia Fernando Henrique Cardoso que foi eleito presidente da Republica um ano depois, assumiu em janeiro de 1995 e ficou até janeiro de 2003. O ano de 1993 representou o ápice para os bancos públicos e privados. Apenas com a inflação, neste ano, os bancos alcançaram um lucro de 2,4% do PIB, ou seja, sobre tudo o que era produzido no país. O valor em reais hoje seria de R$ 50 bilhões. Repito: resultado de R$ 50 bilhões dos bancos só com a inflação.
Ao assumir a presidência em 1995, Fernando Henrique Cardoso lançou o Plano Real e derrubou a inflação. Mas desde o fim da inflação, dezenas de grandes bancos brasileiros faliram, outros tantos foram comprados ou se fundiram, levando a um dos mais altos graus de concentração em toda a economia brasileira. Hoje ainda, depois de diferentes governos, mesmo do PT, cerca de 84% do crédito no país passa por apenas 5 bancos, 2 dos quais estatais ( Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil).
A equipe econômica de Bolsonaro está mexendo nesse abelheiro. Resolver este problema é fundamental. Já tivemos avanços importantes nos últimos anos graças com o trabalho das chamadas Fintechs, em geral startups inovadoras. Cada uma delas ataca um nicho específico, como crédito, contas sem tarifas ou investimentos. Vale jogar um foco de luz sobre o Nubank que tem hoje a maior visibilidade entre as Fintechs e já soma 25 milhões de usuários. Entre 1917 e 1919, os correntistas do Nubank economizaram R$ 2 bilhões em taxas e tarifas bancárias.
A mão mais visível hoje do governo Bolsonaro no sistema financeiro é o PIX, lançado em novembro do ano passado com o principal objetivo de reduzir os gastos com tarifas bancárias, que consomem R$ 29 bilhões por ano apenas nos 5 maiores bancos do país. Mas o PIX também dá um fim na dependência do dinheiro físico, beneficia regiões mais afastadas, amplia a internet para mais pessoas e ativa o comércio local.
Outro ponto relevante aprovado no ano passado foi o uso de um mesmo imóvel para cobrir inúmeros empréstimos. Antes se alguém que possuía um imóvel de R$ 250 mil quisesse utilizar este imóvel para um empréstimo de R$100 mil, ficava impedido de fazer um outro empréstimo de R$ 100 mil, dado que o imóvel já estava empenhado no primeiro empréstimo. Agora é possível utilizar o mesmo imóvel em garantia de quantos empréstimos forem necessários até o limite do valor do imóvel.
Se ainda existe um abismo financeiro entre os brasileiros, hoje é bem menor do que já foi. Hoje já se tem certeza também que cada empresa, independente do seu tamanho e atuação, pode ser um banco independente. Uma nova tecnologia, chamada de Blockchain, a cada dia ganha mais espaço em todo o mundo. É uma espécie de “livro-razão”, com softwares na “nuvem”, que registra todas as transações financeiras entre pessoas e empresas, independente de bancos e governos. Hoje mesmo cada pessoa, com um celular na mão pode começar a operar, escolher a moeda que quer trabalhar e ter o seu próprio banco para chamar de seu.
