Os impasses para a criação do Ministério da Micro e Pequenas Empresas

Incluir ou não as cooperativas e puxar ou não o controle do Sebrae Nacional geram as dúvidas para oficializar o novo ministério do governo Lula

A criação do novo ministério, o de número 38, para atender as micro e pequenas empresas, está cercado de impasses. O próprio presidente Lula, ao sugerir a criação desse novo ministério, incluiu além das micro e pequenas empresas, mais o empreendedorismo e as cooperativas.

As cooperativas, se não existisse a barreira para a criação de mais um ministério, teria que ter um próprio, nunca estar junto das micro e pequenas empresas. Na verdade, o maior peso das cooperativas brasileiras é formado por grandes organizações, entre elas a Coopersucar, Aurora, Coamo, Sicoob, Unimed. Só este ano o faturamento de todas as cooperativas do Brasil vai bater na casa de R$ 1 trilhão. As cooperativas de produção rural hoje são o maior pilar do pujante agronegócio brasileiro. Em Santa Catarina, mais da metade da população, cerca de 4 milhões, pertence a uma cooperativa.

Já as micro e pequenas empresas merecem um ministério exclusivo para atender esse grande universo na economia brasileira. Afinal elas são responsáveis por 55% de todos os empregos gerados no país e respondem por 30% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, de tudo o que é produzido nas diferentes regiões brasileiras.

Ao aceitar o convite para comandar o Ministério da Micro e Pequena Empresa, Márcio Franca (foto em destaque) pediu o controle do SEBRAE, que tem uma receita anual superior a R$ 5 bilhões, proveniente de recursos do chamado Sistema S (9 instituições, entre elas o Sesi, Senai e o próprio Sebrae, que recebem verba federal para treinamento profissional e assistência social).

Quem é Márcio França
Márcio França, já indicado pelo presidente Lula para ser o novo ministro das Micro e Pequenas Empresas, foi governador de São Paulo quando Geraldo Alckmin (PSB) deixou o posto para concorrer à Presidência nas eleições de 2018. Ao tentar se eleger para continuar no Palácio dos Bandeirantes, foi derrotado no segundo turno por João Doria (PSDB).

Nas eleições do último ano, Márcio França havia sido o candidato de Lula para o Senado em São Paulo. Ao longo da campanha, as pesquisas de intenção de voto, ainda com alto nível de indecisos, indicavam a liderança dele. Na votação, ele acabou perdendo a vaga para Marcos Pontes (PL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Como governador de São Paulo, enfrentou uma paralisação de caminhoneiros em rodovias que gerou uma crise de desabastecimento em grande parte do país, em maio de 2018. Márcio França agiu antes do governo federal e firmou acordo com um grupo de lideranças dos protestos da categoria. Isso contribuiu para o fim das manifestações, o que foi frequentemente citado por ele como uma vitória durante sua campanha ao governo estadual.

Antes de ser vice-governador em São Paulo, Márcio França havia sido secretário de Esporte, Lazer e Turismo de Alckmin, entre 2011 e 2015, e de Desenvolvimento, de 2015 a 2018. Também foi deputado federal entre 2006 e 2011.
Márcio França é filiado ao PSB desde a década de 1980. Em um dos seus primeiros cargos eletivos, foi prefeito de São Vicente por dois mandatos, a partir de 1996.

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