Mais de 10 mil startups em todo Brasil. Esse é o número oficial, segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), entidade que representa a classe no país. Desse total, 4.692 estão concentradas na região Sudeste, 1.448 no Sul, 629 no Nordeste, 498 no Centro-Oeste e 268 no Norte. Esses índices nos mostram que, apesar de uma maior incidência de iniciativas inovadoras no Sul e Sudeste, há um forte crescimento de startups em outros polos e isso nos deixa mais animados porque aumentando a quantidade de startups a serem analisadas e investidas, qualificamos também as nossas rodadas.
Quando falamos sobre quais são os setores em evidência, temos como destaques os de Educação (7.48%), Finanças (3.52%), Negócios (3.33%), Varejo Atacado (3.07%) e Outros (5.44%). As Agtechs, também estão no radar de muitos investidores brasileiros e, segundo levantamento realizado pela SP Ventures, fundo de venture capital focado em agronegócio, em parceria com Centro Universitário FEI e com as startups Agtech Garage, Usina, Esalqtec e Agrihub, temos no Brasil 338 startups trabalhando para resolver os problemas do campo, e muitas oportunidades ainda pela frente.
Essa diversidade de startups no país é ótima, pois fortalece o mercado, mas se torna um desafio para quem é investidor. Diante desses dados, como saber em qual segmento ou startup investir? Quem devemos apoiar? Onde apostar nossas fichas?
A resposta para isso não é nada simples, visto que o ecossistema de startups é um organismo vivo e que sofre transformações constantes (e velozes). Além disso, as ondas de notícias sobre startups com números no vermelho não animam ninguém a colocar valores altos em algo que pode ser fechado a qualquer momento.
Como algumas dicas básicas, posso dizer que é importante o investidor ficar de olho, e entender minuciosamente, o ponto de equilíbrio da empresa no mercado. Não são poucos os casos em que a startup tem um bom número de clientes, escritórios em diversos pontos do país (e até mesmo no exterior), mas ainda não sabe muito bem como ganhar dinheiro. É nesse momento que o investidor deve repensar se vale a pena aportar valores e ‘torcer’ para dar certo, ou esperar a empresa conseguir se manter com a próprias pernas.
Outra dica importante é buscar startups num segmento em que você como investidor e mentor possa contribuir. Experiência e networking são moedas, muitas vezes mais valiosas que o dinheiro.
Entenda a fundo, se a percepção de valor de mercado que ela passa condiz com sua realidade. Existem muitos empreendedores que acabam por ‘florear’ um pouco o potencial e valor agregado de sua empresa, gerando uma expectativa fora da realidade. Isso pode até atrair o olhar de um investidor mais entusiasta, mas afastará os profissionais que procuram por iniciativas mais sólidas.
Por fim, sabemos que atuar no ecossistema de startups é arriscado e, quanto maior o risco, maior a possibilidade de retorno. Os números podem ser muito atraentes e sedutores, mas nunca comprometa grande parte do seu capital investindo em startups. Elas devem sim, fazer parte do seu portfólio de investimentos, mas se informe e faça uso do levantamento de dados minuciosos sobre as startups que você deseja apostar, assim, contribuiremos todos, para um mercado mais maduro e sustentável.
* Chris Taveira é ex-aluna de escolas como ESPM e Harvard Business School, Chris foi sócia do maior Grupo Franqueado da Rede Burger King no Brasil, por 12 anos, com 70 restaurantes e mais de dois mil colaboradores, realizando exit com o IPO, na Bovespa. Já atuou como consultora em Gestão e Estratégia, atendendo empresas, governos e organizações do terceiro setor. Atualmente é fundadora da Northon Invest, uma gestora de investimento para startups e empresas de tecnologia. O fundo realiza compra de ações de participação em empresas com alto potencial de crescimento e rendimento.