Elevaram de 32,3% (em 99) para 36,1% (em 2009) a sua participação no orçamento
Na última década, as mulheres elevaram sua participação na renda familiar. As brancas contribuem com mais de um terço do total, enquanto as negras estão quase lá, de acordo com estudo divulgado ontem, quinta-feira (12) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Ainda assim, as mulheres continuam desempenhando tarefas de dona de casa por muito mais horas que os homens.
Feito com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1999 e de 2009, o documento indica que as mulheres brancas elevaram de 32,3% (em 99) para 36,1% (em 2009) a sua participação no orçamento doméstico familiar.
As negras viram sua fatia avançar de 24,3% para 28,5%. “Isso significa que a mulher tem aumentado seu papel de provedora. Mas mantém seu papel de cuidadora dos membros dependentes da família”, disse Ana Amélia Camarano, uma das autoras do estudo.
O texto também aponta uma alta taxa de famílias compostas apenas por mães e seus filhos. Entre as brancas, são 14,3% do total, enquanto as negras compõem 17,7% dos arranjos desse tipo. “Esses fatores provocaram algumas mudanças nas características dos domicílios brasileiros, alterando as relações tradicionais de gênero: mulher cuidadora e homem provedor”, diz o documento do Ipea.
A diferença de gênero entre homens e mulheres fica evidente, diz a pesquisadora, na proporção da população de 10 anos ou mais que cuida de afazeres domésticos.
Entre as negras, 91% cuidam de casa. As brancas somam 88,1% nessa parcela. Entre os homens, os brancos que têm tarefas domésticas são 50,6%, enquanto os negros nessa situação são 48,5%.
“Há mais mulheres negras em atividades domésticas do que homens negros fazendo isso. Isso significa que há uma relação de gênero aí”, afirmou Camarano.