Com CNPJ, costureira conquistou financiamento para comprar máquinas e atender a demanda crescente de pedidos
Jinelândia Silva precisou vender doces e lavar roupa para fora em Juazeiro (BA) para conseguir comprar sua primeira máquina de costura usada. Durante sete anos ela costurou calças, blusas e até vestidos de noiva nessa máquina. Com o tempo, ela foi ganhando experiência e clientela. Mas com uma máquina não conseguia dar conta de atender a todos os pedidos. Tanto é que em um determinado momento precisou dizer não para as encomendas que chegavam. Ela tinha interesse em comprar mais máquinas, mas faltava dinheiro.
Um financiamento era uma alternativa, porém como pessoa física Jinelândia não conseguia o valor necessário. Um dia ela escutou no rádio uma propaganda sobre o microempreendedor individual e ficou bastante interessada. Foi ao Sebrae, se informou e aderiu à categoria. “No começo eu estava receosa, mas os funcionários do Sebrae me explicaram como funcionava e me orientaram. Isso me ajudou muito. Meu medo era que eu não fosse dar conta.”
Ao se formalizar, a costureira conseguiu aumentar sua produção. Com CNPJ ela abriu uma conta no banco como pessoa jurídica e obteve financiamento de R$ 6 mil – dinheiro que foi investido em equipamentos. Ela comprou quatro máquinas de costura industriais, uma semi-industrial e uma máquina de uso doméstico. “Eu não teria condições de comprar mais máquinas se continuasse na informalidade. Eu não conseguia crédito, não tinha como comprovar a minha renda. Meu marido também não tinha como. Ele é moto-taxista e trabalha como autônomo. Hoje consigo pagar as minhas máquinas em pequenas prestações por mês. Ao me formalizar é como se eu tivesse conseguido um sócio, um parceiro para me ajudar.”
Tarefas conciliadas
A “Miri Modas”, empresa que Jinelândia criou, funciona em sua própria casa. Ela separou um cômodo para colocar as máquinas e para receber seus clientes. Sozinha, ela produz cerca de 10 peças por dia entre uniformes, calças, vestidos, blusas e roupas íntimas. “Tenho dois filhos e queria estar perto deles para que não ficassem sozinhos. Se eu trabalhasse fora de casa isso não teria como. Com a empresa na minha casa eu consigo trabalhar, cuidar dos filhos e da casa.”
A renda de Jinelândia também mudou quando ela resolveu aderir ao Microempreendedor Individual. Hoje, com as seis máquinas ela produz mais e chega a receber cerca de R$ 3 mil por mês. Um valor muito mais alto do que Jinelândia ganhava quando trabalhava como informal ou mesmo quando lavava roupa para fora. “Eu cobrava R$ 15 por trouxa de roupa que lavava e passava, o que me rendia por mês cerca de R$ 70. Hoje eu ganho bem e sei que poderia ganhar ainda mais.”
A costureira conta que sua casa já está pequena para tanta máquina e trabalho. Sua ideia é construir nos fundos do terreno um espaço só para costurar. Para isso, Jinelândia está procurando outro financiamento. “Quero aumentar a empresa, mas hoje do jeito que está não dá. Se eu construir um espaço próprio para a minha produção, posso até contratar uma ajudante e virar uma microempresa.”
Jinelândia conta que aprendeu a costurar sozinha e que era um sonho de criança ter sua própria empresa. Quando começou, ela só fazia roupas para conhecidos porque tinha medo de errar e estragar o tecido, mas na medida em que foi ganhando experiência ficou conhecida na cidade. Hoje ela faz de tudo, inclusive vestidos de noiva. “Eu não trabalho para lojas. Todos os meus clientes vêm até aqui, eu faço os desenhos, tiro a medida e costuro sozinha.”
Até os 29 anos Jinelândia nunca tinha tido sua carteira de trabalho assinada e não contribuía para a Previdência Social. Há um ano como microempreendedora individual ela aumentou sua renda, melhorou suas condições de vida e garantiu direitos como o da aposentadoria e o da licença maternidade. “Hoje eu já posso pensar em um futuro muito mais tranquilo para mim e para a minha família.”
Jinelândia Santos Silva
Idade: 30 anos
Data da formalização: 2010
Ramo: Costura
Conta com funcionário? Não
Pretende virar microempresa? Sim