Vamos, filosoficamente, começar fazendo a pergunta própria da filosofia: “O que é?”. “O que é a pequena empresa, que não se torna rica, no Brasil?”. Como resposta, buscamos compreender a essência dessa empresa. Queremos separar a sua verdadeira natureza daquilo que aparenta ser. A aparência poderia nos induzir a pensar que todo aquele que abre um pequeno negócio, ou aquele que já o tem, desejaria progredir. Que inicia ou iniciou por ter identificado uma oportunidade de negócio com base em algo diferente. Que ambiciona crescer continuamente. Que visa o lucro. Quem tem atitudes empreendedoras. Que especulou e planejou antes de investir seu dinheiro num negócio até então totalmente desconhecido para ele. Que abriu para satisfazer um profundo desejo de expressar o seu dom, o seu talento ao mundo e, com isso, tornar-se rico. E assim por diante. A investigação à pergunta aparentemente simples “O que é?” pode nos revelar verdades inesperadas e impactantes.
Para avançar, vamos dividir a pergunta original em duas outras questões.
“O que é empresa?” De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “empresa” é: “(1) aquilo que se empreende; empreendimento. (2) associação de pessoas (ou pessoa) para a exploração de um negócio; companhia, organização, sociedade. (3) organização particular, governamental ou de economia mista, que produz e/ou oferece bens e serviços, com vistas, em geral, à obtenção de lucros”.
“O que é pequena?” Definiremos agora o que vem a ser “pequena” sob o ponto de vista legal. Segundo o “Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte”, aprovado pela Lei nº 9.841/99, e pelas leis complementares 123/06 e 128/08 temos: (1) “microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00; (2) “empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, não enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00”.
Das definições vistas, podemos concluir que “pequena empresa é um empreendimento com vistas ao lucro, com faturamento igual ou inferior a R$ 3.600.000,00”. Vamos deter-nos na expressão “com vistas ao lucro”. Percebemos que tal qual a média ou a grande empresa, a pequena deve dar lucro. Isso aparentemente parece óbvio, mas não é uma verdade neste universo. Se assim fosse, as pequenas, feito as grandes, deveriam ter no seu cotidiano estratégias e planos para auferir lucros e instrumentos para medi-los. A esmagadora maioria delas não procede assim. Independente disso, o fato é que “empresa é um empreendimento com vistas ao lucro”. Ou seja, não importa se é grande, média, pequena ou micro; não importa se o mercado está recessivo, ou não; não importa se a tributação é alta, ou não; não importa se o crédito é caro e escasso, ou não; o que importa é que, dentro do estabelecido pelo jogo do mercado, no momento em que alguém se propõe a entrar nesse jogo, com todas as dificuldades que nele há, com os riscos e ganhos envolvidos, a empresa, segundo sua própria definição, tem de dar lucro. Isto é da essência de “um empreendimento com vistas ao lucro”. No entanto, essa essência não se mostra ao empresário da pequena empresa. Ele não a percebe como tal. Ele vê tão somente a aparência que se mostra através da sobra de caixa, que aparece no final do dia ou do mês, ou do saldo da conta bancária. Ou ainda, essa aparência se mostra de maneira mais contundente e definitiva quando ela é expressa pelo próprio empresário num comentário que não é incomum escutarmos: “nós vendemos o café da manhã para jantarmos à noite”. Tamanha é a força dessa visão que, segundo nossa experiência, ampla parcela dos pequenos negócios de fato não tem instrumentos formais para calcular o lucro de seus produtos ou serviços e tampouco sabe estabelecer preço de venda.
Tal fato não acontece por acaso nem à toa; é justamente o reflexo, no espírito de seu dono, da ausência do apelo de uma visão de mundo compatível com a criação de riqueza. A falta desse apelo, como pano de fundo, faz com que o empresário da pequena empresa não a veja como instrumento de criação e acumulação substancial e duradoura de riqueza.
Ao contrário dessa visão, aqui se revela uma verdade para aquelas empresas que estão há anos no mercado e não conseguem progredir: seus proprietários as veem como um instrumento de sobrevivência pessoal e familiar.
Essas empresas só na aparência ambicionam prosperar. Como vimos, são vários os sinais que deixam transparecer outra realidade.
Respondendo a questão colocada “O que é a pequena empresa, que não prospera continuamente, no Brasil?” cabe a seguinte resposta: “pequena empresa, em sua maioria, é um empreendimento com vistas à sobrevivência”.
Para acontecer um ponto de virada e tornar-se uma empresa continuamente próspera, é necessário o empresário ter uma percepção radical: pensar grande e ter a intenção prévia de vir a ser um empresário rico e feliz!
Lembre-se: não há ação (diferente), sem percepção (nova).