Primos Mateus e Pedro contam trajetória de sucesso no setor da alimentação saudável

Rede goiana Flow prevê fechar 2024 com receita de R$ 90 milhões e 100 unidades em todo o país

Segundo um estudo da GFK, empresa global de pesquisas, 70% dos brasileiros têm interesse por alimentos saudáveis. O percentual é 9% maior que a média global, de 61%. Não à toa, um dos segmentos que o Sebrae aponta como tendência para esse ano de 2024 é o de alimentação saudável e sustentável. Nicho que os primos goianos Mateus Suassuna (37) e Pedro Suassuna (39) enxergaram ainda em 2017, quando abriram a Flow, rede de franquias especializada em alimentação saudável.

O motivo era simples: Mateus esteve à frente de um negócio familiar no nicho por mais de 15 anos, enquanto Pedro participou 10 vezes do Ironman, maior competição de Triathlon da América Latina. A combinação rendeu à Flow o foco em clientes esportistas e brasileiros que buscam bem-estar à mesa, direcionamento que deu certo. Isso porque, o negócio, que é natural e feito na hora, e que começou com uma loja modéstia em Goiás, hoje se tornou uma rede robusta com 73 unidades espalhadas por 24 estados e receita de R$ 45 milhões, em 2023. E os planos para 2024 são ainda mais audaciosos, com previsão de faturar R$ 90 milhões até o final do ano, com 100 lojas em operação.

Onde tudo começou
A história de empreendedorismo por trás da Flow começa ainda em 2015, quando Mateus Martins fez uma viagem à Alemanha com a família. Por estar anos à frente do Brasil quando o assunto é alimentação saudável e orgânica, esse gap no mercado brasileiro despertou o interesse do jovem goiano. “A Europa tem uma certa densidade geográfica estão eles estão há muitos anos estudando alternativas para diminuir a emissão de CO². Na época, eu tinha 21 anos de idade e sugeri ao meu pai o investimento em um empório de alimentos saudáveis com mix de restaurante natural. Foi assim que nasceu a República da Saúde, em Goiás.

O negócio foi um dos pioneiros do nicho na região e até hoje é um dos mais emblemáticos. Apesar de oferecer um cardápio bem mais restritivo do que o praticado pela Flow, foi na cozinha desse negócio familiar que ganhei toda a bagagem necessária para conseguir tocar hoje o meu negócio próprio. Quando decidi fundar a Flow, eu tinha três objetivos: oferecer um cardápio mais flexível e inclusivo, com uma operação mais simplificada para ingressar no sistema de franchising e que focasse em um público nichado. Essa é a receita que tem feito da rede de franquias um sucesso”, explica o sócio fundador.

Enquanto Mateus passou anos tocando a operação da República da Saúde ao lado do pai, seu primo Pedro Suassuna, que na época atuava como engenheiro no setor de construção civil, avançava como atleta amador. O goiano chegou a participar 12 vezes do Ironman, a maior competição de Triathlon da América Latina.

Na época, o negócio da família, inclusive, chegou a patrociná-lo em algumas competições. Com sonho de empreender com um nicho que tivesse sinergia com o seu hobby, Pedro já estudava possíveis investimentos no setor de franquias com sua esposa, Bruna. “Eu cheguei a sugerir para o Mateus a ideia de uma República Express, com um conceito mais enxuto e replicável do empório/restaurante do meu tio, mas naquela época, Mateus não quis misturar o negócio tradicional do pai com a nossa ideia de avançarmos no franchising”, lembra Pedro.

Momento de franquia
Foi em 2017, contudo, que os planos de empreendedorismo dos primos se cruzaram. Ambos queriam investir no universo de franquias com um negócio saudável e voltado para o público fitness.

Foi assim que, com investimento inicial de R$ 55 mil em um container de 12m², nasceu a 1ª operação da Flow, no bairro Setor Marista Goiânia, em Goiás. Na época, a unidade, batizada de Flow Fresh to Go, era uma lanchonete saudável no conceito de grab and go (pegar e levar), oferecendo omeletes de clara, tapiocas, saladas e sucos.

“Nossa loja virou um ponto de encontro para os marombas e a turma saudável no pós atividade física. O sucesso foi tão grande que, seis meses depois, vendemos a 1ª franquia da região de Alphaville e Goiânia. Na sequência, ainda em 2019, comercializamos outras duas unidades no formato de Container por Goiás. Essas três primeiras franquias foram todas operadas por amigos que apostaram na nossa ideia de negócio”, lembra Mateus.

Mas a virada de chave da dupla veio mesmo quando comercializaram a 7ª franquia em Minas Gerais (MG), quando adaptaram o conceito do food truck de lanchonete saudável para uma operação de restaurante. “Esse franqueado tinha uma loja de 55m², bem maior do que todos os outros espaços que já tivemos franquias, naquele início. Com mais espaço, essa unidade poderia ter serviço de mesas, além de um cardápio mais completo com pratos grelhados. Importei algumas criações da República da Saúde para essa loja e remodelamos o projeto e o menu. Foi assim que, com investimento de R$ 180 mil, nasceu a 1ª Flow Grelhados, que funcionou mais no formato de restaurante saudável”, conta Pedro.

“Esse, inclusive, é um dos modelos mais procurados, atualmente. Temos restaurantes que vão de 26m² até 800m², como é o caso da franquia de Jundiaí. À procura por mega restaurantes cresceu tanto que tivemos que criar uma categoria para eles, que batizamos de Flow Concept”, diz. Além dos formatos de container (Flow Fresh To Go) e restaurante (Flow Grelhados), o grupo ainda conta com uma versão de cafeteria (Flow Coffee), voltada para o público de cafés gelados e esportivos.

Incêndio e pandemia
Como nem tudo são flores no mundo dos negócios, a história de empreendedorismo da Flow também é recheada de altos e baixos. Em 2020, com o avanço da pandemia causada pelo coronavírus, a rede goiana precisou reduzir todos os custos, inclusive abdicar d pagamento da taxa de incêndio da sua 1ª unidade. “E como toda Lei de Murphy, foi exatamente no período que não estávamos pagando o seguro que a nossa operação sofreu um incêndio. Perdemos tudo e tivemos um prejuízo de R$ 400mil, em meio à uma crise sanitária mundial”, lembra Mateus, com pesar.

Com seis unidades em 2020, o Mateus, que ainda comandava a “República da Saúde”, precisou mergulhar de cabeça no universo do delivery para manter seus negócios. “Precisei aprender a usar do IFood, mas foi a melhor coisa que nos aconteceu. A gente vendia uns R$ 8 mil reais de entregas e passamos a faturar R$ 300 mil só com esse serviço”, lembra o empresário.

Hoje, rumo ao quinto ano de operação e com mais robustez no sistema de franchising, a Flow se preparar para alcançar a marca de R$ 90 milhões em receita até o final do ano, com a abertura de 100 unidades. Em 2023, a rede goiana fechou o ano com 73 unidades e faturamento de R$ 45 milhões.

RAIO X FLOW
Investimento inicial: R$ 180 mil
Faturamento médio mensal: R$ 65 mil
Lucro médio mensal: R$ 9.750,00
Taxa de franquia Flow: R$ 65 mil
Taxa de franquia Flow Coffee: R$ 45 mil
Prazo de retorno: 19 meses
Prazo de contrato: 5 anos