Como deve ser o sócio ideal?

Vamos começar pelo começo. A maioria das pessoas que abre um negócio é como a costureira de mão cheia que abre uma empresa de confecção, um engenheiro competente que abre uma empresa de TI, ou ainda, alguém que tem muito tino comercial que abre um supermercado.

Abrir um empreendimento é como construir uma ponte. Se a gente domina a linguagem da engenharia e tem experiência em construir pontes a possibilidade de êxito é bastante alta.

Se a gente tem experiência em construir pontes, mas não conhece a linguagem da engenharia a possibilidade diminui bem. Neste caso a ponte pode até parecer robusta, sustentável, mas pode cair a qualquer momento.

Se a gente não tem experiência em construir pontes, nem domina a linguagem de engenharia a possibilidade de a ponte cair é bastante alta.

A maioria dos empresários só sabe olhar para um lado da rua, para o empreendimento em si, para aquilo que sabem fazer, mas não sabem olhar para o outro lado, para a linguagem empresarial.

Deixe-me lhe dar um exemplo bem dentro de nossa cultura: foi publicado na mídia que um presidente de um país se encontrou com o presidente da FIFA para discutir um assunto muito importante de futebol: bebidas alcoólicas serão vendidas nos jogos da Copa do Mundo? E quem terá o direito de explorar as vendas? Este é um assunto de futebol ou é “extracampo”? Este envolvimento do presidente de um país nesse assunto mostra que o jogo de futebol ganhou um grau de complexidade jamais visto. No entanto, no seu nascedouro ele é uma simples “pelada”. E na sua simplicidade é que conseguimos enxergar os seus fundamentos como negócio.

Para um jogo de várzea atrair uma boa torcida tem que ter um craque que leve o time às vitórias e se torne um campeão. E tem que ter um presidente de clube que trate de assuntos “extracampo”, que planeje e organize os eventos, economize tostões e faça reinvestimentos para a organização alcançar a próxima divisão.

No mundo empresarial é a mesma coisa.  Em sua estrutura societária tem que ter um craque e um contador de centavos. Por exemplo, Paulo era um engenheiro eletricista irrequieto que trabalhava numa grande empresa estatal. Seu sonho era poder assistir a filmes até tarde da noite sem ter que acordar cedo na manhã seguinte e ter que dar explicações ao chefe por que chegara atrasado.

Decidiu, pois, abrir um negócio por conta própria. Primeiro montou uma empresa de construção civil construindo e vendendo casas. Não deu certo. Tentou uma empresa de mármores e granitos. Não deu certo.

Paulo era um típico presidente de empresa, contador de centavos: sabia como montar e manter uma operação lucrativa, mas não entendia das áreas em que se metia.

Até que um dia Paulo encontrou o Paulinho, um criativo e perfeccionista fabricante de móveis. Um craque. Firmaram sociedade e deu certo. Paulo se concentrou nas vendas e na administração do negócio.

Paulinho criava e produzia os móveis. Tornaram-se uma das maiores empresas de móveis do país, chegando a ter 300 funcionários.

Uma empresa não prospera tendo somente um craque (ou empreendedor que tem um talento excepcional naquilo que faz) como sócio, mas tampouco se torna rica tendo somente um contador de centavos como presidente que entende de negócios, mas não entende do negócio.

Toda empresa, quer seja a Apple ou um carrinho que vende pipocas, tem três macrofunções: alguém tem que produzir, alguém tem que vender e alguém tem que administrar.

A composição de sócios para abrir e comandar uma empresa não pode ser arbitrária. Os sócios têm que ter afinidades pessoais, complementaridades funcionais (produção, administração e vendas) e complementaridades emocionais (paixão e razão).

Você: é o craque ou o presidente? Se não é nenhum dos dois, provavelmente você é um empreendedor com espírito trabalhador e possivelmente terá dificuldades de prosperar.

Se você pensa que é os dois simultaneamente, não se iluda – sua empresa provavelmente jamais será campeã da série “A” e muito menos da copa do mundo dos negócios.

Se você pensa que é o craque e seu sócio o contador de centavos ou vice-versa é grande a possibilidade de se tornarem empresários ricos e felizes.

Pense grande. Aja como Presidente. Se ainda não tem, contrate um craque para o seu time.

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