Existe algo mais irritante do que um chamado sem resposta? Isso ocorre com a mãe que convoca o filho para o jantar, com o cliente que procura um prestador de serviços e com o líder corporativo que busca o socorro de um colaborador.
No caso do empreendedor, ele é frequentemente chamado a responder às demandas de seu próprio negócio. Se ele se cala, retrocede. Se ele alça a voz, ganha uma oportunidade. Há quem chame essa atitude de “reação”. Prefiro a palavra “resposta”. A reação é sempre um movimento que vem depois. Parece atrasado, a reboque dos acontecimentos. A “reação”, aliás, figura na raiz da palavra “reacionário”, aquele que reage negativamente à mudança e à inovação.
A “resposta”, ao contrário, é uma atitude positiva e consciente que tem por objetivo gerar continuidade em qualquer processo criativo.
Se um concorrente lança um produto melhor, por exemplo, é preciso que o empreendedor ofereça ao mercado uma resposta de aprimoramento. Se existe uma guerra de preços, ele deve se decidir por uma ação que o mantenha competitivo. Negocia com os fornecedores de matérias-primas? Tenta baratear o transporte e a estocagem? Reduz a margem de lucro?
O bom empreendedor aprende, desde sempre, a oferecer respostas rápidas aos chamados do seu negócio. No entanto, a atitude proativa depende de conhecimento técnico, equilíbrio e sensatez. A rapidez jamais pode ser confundida com a pressa. Um gesto irrefletido pode pôr fim a um sonho. Durante muitos anos vivi na ponta da faca, como se cada dia fosse o último. Se eu respondesse inteligentemente ao desafio, sobreviveria. Em caso contrário, teria de baixar as portas.
Esses chamados à ação ocorrem na vida de todos os empreendedores. Quando negligenciados, é certo que se fecha o acesso ao êxito futuro. Na verdade, quando amadurece, o empreendedor é capaz de planejar, de traçar estratégias, de antever cenários e projetar suas respostas.
Costumo efetuar exercícios sobre crescimento e redução, imaginando situações de avanço e de refluxo nos negócios. Jamais fui um pessimista, mas sei que depois de vários dias de céu azul pode ocorrer uma queda brusca na temperatura ou uma tempestade. Por isso, tento ser precavido, ter meu casaco forrado e um bom colete salva-vidas.
Entre as virtudes do empreendedor deve se incluir, portanto, a prudência. Se há recursos, é preciso que ele se esforce por constituir uma reserva. Também é necessário que tenha um plano de contingência, não importa o tamanho do seu negócio.
A vida de quem empreende se assemelha a um bailado, em que depois de dois passos para frente é possível que seja necessário dar um para trás. Respondemos e ganhamos. Respondemos e perdemos. Este é o grande desafio, que se assemelha às tradicionais gincanas de conhecimento na TV. O importante, no entanto, é estudar, adquirir conhecimento e ter alguma preparação para a sabatina.
Vejo muitas empresas incapazes de antecipar o risco, condição inerente ao capitalismo. Se os ventos mudam, aborrecem-se, culpam a sorte e, inertes, assistem ao declínio do negócio. Particularmente, adoro aquele pensamento do grego Heráclito: “Nenhum homem se banha duas vezes no mesmo rio”. Segundo ele, tudo está em contínua mutação. Não é diferente no mundo empreendedor. É preciso responder quantas vezes for necessário. Afoga-se neste rio quem não conhece o bom movimento, quem não sabe nadar, quem desconhece a margem mais próxima e segura.
O verdadeiro empreendedor, aliás, tem prazer em participar dos eventos que impulsionam a mudança. Ele fica entediado quando o trancam numa sala, quando pedem que ele reproduza procedimentos. Ele odeia carimbos e nem sempre se dá bem com atividades de controle. Ele aspira ao todo, quer ver tudo de cima. O bom empreendedor prefere ainda a cadeira giratória para investigar o mundo em 360 graus. É um obstinado. Quer ser apresentado aos enigmas e tentar desvendá-los.