“Reflexões da minha jornada na criação de uma startup”

Pipo Saúde Manoela Mitchell startup

Sou Manoela Mitchell, CEO da Pipo Saúde, uma startup de gestão de benefícios que nasceu com o objetivo de otimizar e facilitar a relação do RH de empresas com planos e serviços de saúde.

É difícil escrever sobre empreendedorismo, Pipo Saúde, e sobre ser uma CEO mulher sem soar clichê ou prepotente, mas vou tentar dividir os principais aprendizados até aqui dessa jornada, que tem me moldado como pessoa e profissional.

Começando pelo empreendedorismo: diferente do que vemos em países mais desenvolvidos, onde empreender é criar produtos revolucionários que mudam nossos hábitos. Empreender no Brasil é um jogo de ‘combate à ineficiência’. Procuramos criar soluções melhores do que as já existentes nos setores mais tradicionais da economia. Essa dinâmica cria a maior oportunidade de se empreender no Brasil, mas também o maior desafio.

Quando digo desafio, digo pois não é fácil ‘convencer’ as pessoas de que existe algo melhor do que ao que elas estão acostumadas há anos. No caso da Pipo em especial, somos uma corretora de benefícios de saúde tecnológica dentro de um setor que foi regulamentado há quase 60 anos. Não bastasse a tradição de décadas, hoje nós vendemos para empresas (as principais compradoras do setor de saúde privada do país), o que cria desafios ainda maiores de adoção e convencimento.

Ninguém te prepara sobre o que vem pela frente – nem mesmo a leitura dos mais diferentes livros, artigos ou podcasts, ainda que eu super recomende a imersão em todos eles. Por mais que não sejam a receita do bolo, são relatos poderosos que servem como referência e inspiração para os desafios do caminho.

É ainda mais difícil se sentir preparado quando você sente que tem menos experiência do que deveria ou então quando é uma das únicas mulheres na sala, se não a única…

Como tudo que requer ‘começar’ na vida, a parte mais desafiadora é quebrar a inércia:

  • Foi difícil encontrar os primeiros clientes para Pipo? Sem dúvidas. Demoramos quase 6 meses para fechar nossa primeira venda. Mas 6 meses depois da primeira, já tínhamos quase 50 clientes na empresa. A estrela guia da nossa jornada foi: clientes felizes trazem mais clientes.

  • Foi desafiador se sentir apta a liderar uma empresa pela primeira vez e vencer aquela ‘síndrome da impostora’ que atormentava os pensamentos? Com certeza. Mas foi a mesma certeza de que ninguém tinha mais contexto ou paixão sobre a direção que queríamos seguir, que me deu conforto. 2 anos depois, seguimos firmes e fortes com quase 100 clientes e mais de 100 Pimpolhos focados em mudar o setor da saúde no Brasil.

  • É difícil ser a única mulher da sala e toda a bagagem que isso traz? Obviamente. Mas é a convicção de que o ‘exemplo arrasta’ que me faz seguir em frente, são as primeiras mulheres empreendedoras que levarão as próximas, e assim em um futuro próximo, não precisaremos mais de artigos falando sobre isso 🙂

Empreender não é nada fácil – tampouco é replicável. Mas as mulheres que sonham em empreender, mas não sabem se ‘têm aquilo que precisam’, eu vou contar um segredo: ninguém tem.

O ingrediente necessário para quebrar a inércia é: começar. Vai precisar de uma pitada de coragem, muita vontade de fazer acontecer, paixão em ver coisas tomando forma, e muita obstinação, pois o que não vai faltar são pessoas te dizendo que não dará certo. Durante o processo você vai ver clientes apaixonados por soluções que nem acreditavam serem possíveis e a construção de uma cultura forte e colaborativa que servirá de combustível para todo o resto.

Por isso, para as mulheres que querem ‘se jogar de cabeça’? Venham que a piscina ‘tá quentinha’! E contem comigo durante o processo 😉

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