Renato Costa

Novembro chega com um desafio a mais para o paulista Renato Costa, de 40 anos. No primeiro domingo do mês, dia dois, ele e mais nove colegas correm a maratona de 42 quilô­metros de Nova Iorque. O treino, diário, co­meçou no início do ano. “Corremos todas as manhãs e, no sábado, ainda nos encontramos às cinco horas para correr na universidade. Preciso melhorar o desempenho da minha primeira maratona, de 2011, em Nova Iorque, que foi péssimo. Na metade, eu já estava com câimbras pelo corpo e segui cambaleando até o fim”, conta o empresário, pai de Lara, de quatro anos, e Marcelo, de um ano.

A equipe que se prepara para as corridas trabalha junto na Forma Turismo, criada e dirigida por Costa há 17 anos. Com roteiros direcionados a adolescentes formandos do ensino médio, a empresa atende todo Brasil, e já embarcou mais de 320 mil passageiros, com média atual de 200 aviões fretados por ano, transportando jovens especialmente para Porto Seguro e Disney. Fundada em São Paulo, cresce 30% em média, possui 17 lojas próprias e 120 representantes e está presen­te em mais de 100 cidades de 21 estados.

Filho de vendedor – o pai comercializava material esportivo – Costa chegou a ser cam­peão de vendas de um consórcio aos 15 anos e, aos 17, recém-formado no ensino médio, vislumbrou um promissor mercado de ven­das: viagens de formatura. A viagem de ônibus entre São Paulo e Recife – 24 horas de estra­da – ao lado dos colegas adolescentes, com quem cursou todo o ensino médio no colégio São Judas, de São Paulo, foi tão marcante que ele logo começou a trabalhar na empresa de turismo ecológico contratada pela turma do ensino médio. “Foi uma viagem inesquecível, pelas coisas boas e descobertas que vivemos ao final dos estudos. Conhecer a Bahia, se apaixonar pelo lugar, ser bem recebido na cidade, fazer farra, na época, dançar lambada. Era uma turma de 40 meninas e 10 meninos, e o guia desta viagem hoje é meu sócio”, conta.

Costa vendeu pacotes para estudantes na Pisa, operadora de aventura e ecoturismo, durante três anos. A ideia constante de ter uma agência própria se concretizou em 1997, quando trabalhava como gerente de marke­ting em uma rádio paulista. Costa uniu-se ao guia e fotógrafo Maurício Calasan e ao profes­sor de educação física Rogério Drummond para criar a Forma Turismo. “Dividíamos o tempo e salários de nossos empregos com a agência, que levou três anos para se tornar sustentável. Neste período, sustentamos a empresa com recursos próprios, aproximada­mente R$ 3 mil por mês. Eu e o Maurício che­gamos a vender nossos carros para custear a empresa”, conta. Mesmo assim, as boas vindas começaram cedo. Em 1998, já embarcavam 550 passageiros para Porto Seguro e, desde então, não pararam de crescer.

No início, o maior problema era conquistar credibilidade sem tempo de mercado. “Não foi fácil conquistar os primeiros clientes. Investimos na sede e um material gráfico de divulgação bem preparado, que dava uma impressão mais robusta do que a empresa realmente era. Até hoje, estes primeiros clien­tes estão conosco.” Outro desafio, conforme Costa foi quebrar o costume social de muitas cidades em realizar baile de formatura. “Nossa campanha era: troque a beca pelo biquíni.”

A proposta foi aceita, especialmente pelos alunos, e hoje a diversão da rapaziada é a meta da Forma Turismo. “No início, chegamos a ponderar se seguiríamos indicações de rotei­ros e atividades propostas pela escola ou pe­los alunos, e decidimos ouvir os estudantes. A escola pode sugerir que o cunho educativo ou cultural tem mais valor, mas eles estudaram o ano todo juntos e, nesta viagem, o desejo de­les é se divertir”, lembra o diretor.

Assim, proporcionar momentos de lazer para a meninada é a meta dos cinco sócios atuais – Rogério Drumond saiu da empresa há três anos e entraram Sidney Costa, irmão de Renato, além de Maurício Libere e Fábio De­pret. “Viajamos juntos com a galera, sempre tem um dos sócios acompanhando as viagens, que ocorrem especialmente no segundo se­mestre. Na primeira metade do ano, estamos fazendo os roteiros, contatos e imaginando to­das as atividades diurnas e noturnas. Quando vemos eles curtindo, a satisfação dos pais no aeroporto, a choradeira no final e as emoções despertadas, saímos com o dever cumprido. Nosso combustível são os sorrisos e lágrimas dessas turmas”. Neste cenário, garantir a segu­rança é fundamental, diz Costa. A Forma orga­niza pulseira com código de barras e contrata enfermeiros, ambulância e seguranças para garantir a diversão sem problemas.

Nos primeiros anos, a empresa funcionou como agência, vendendo pacotes de outras operadoras, mas desde 2002, com a falência de grandes operadoras com as quais trabalha­va, a Forma passou a fretar aviões, negociar hotéis e revender pacotes para outras agên­cias. Hoje é a empresa de turismo que mais freta aviões da Gol, conforme Costa, e está entre as que mais fretam aviões no Brasil, per­dendo apenas para a CVC, aponta o diretor.

Para o próximo ano, o foco é aumentar o número de vendas para a Disney a meno­res de idade e expandir no Nordeste com a inauguração da filial no Recife. “Quando começamos, não imaginei que chegaríamos onde estamos, mas acho que ainda há muito mercado para conquistarmos. Estamos há 17 anos no mercado, com mais tranquilidade avançaremos mais”, prospecta Costa.

Toda a experiência e sucesso de Costa inspiram hoje o diretor a fazer investimen­tos em startups, mas ele não revela detalhes. Procura por oportunidades criativas com re­torno a médio e longo prazo, especialmente ideias inovadoras de pessoas sem recursos, como foi seu início.

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