O ano de 2015 começou com a palavra crise em destaque. Muitos receios e preocupações com o desenvolvimento econômico do País vieram à tona. Diante desse panorama de desassossego, muitas empresas precisam diminuir o ritmo e, em muitos casos, reduzir equipes implicando na demissão de funcionários. Porém, a ação de demitir funcionários não pode mais ser encarada como um simples processo burocrático que se encerra com assinaturas de papéis. Apesar de muitas empresas ainda realizarem o processo desta maneira, existem outras possibilidades mais responsáveis e humanas para conduzir um processo de demissão nas organizações.
O Outplacement coletivo é uma dessas opções. A solução auxilia a empresa não somente a desligar o profissional de maneira menos problemática, mas também para ajudá-lo a buscar uma recolocação no mercado de trabalho de forma segura e imediata. A condução da demissão por esse caminho permite que a empresa tenha uma imagem mais positiva e mostra que a organização também se preocupa com a carreira e com o bem-estar de seus funcionários desde a contratação até o desligamento.
A Thomas Case & Associados, consultoria em RH, que tem quase 40 anos de mercado, realiza os processos de Outplacement Coletivo e Outplacement Individual há cerca de 10 anos no Brasil. À frente da área de projetos em RH da Thomas Case & Associados está a psicóloga Rosemary Corretori, que há 14 anos atua na empresa. Rosemary também acumula 15 anos de experiência nas companhias Catho Online, Vetor Editora e Case Consultores. Na entrevista abaixo, ela explica como funciona o Outplacement Coletivo e Individual e quais benefícios traz para as empresas e seus colaboradores.
De acordo com as vivências da Thomas Case & Associados, os processos de demissão em massa costumam ser traumáticos para as empresas? Relate um pouco mais.
Rosemary Corretori – Um processo de demissão em massa envolve muitos aspectos que precisam ser cuidadosamente tratados pela empresa e um deles é exatamente o capital humano. Não se trata apenas de um trâmite burocrático de assinatura de papéis, mas sim de carreiras, vidas e famílias envolvidas neste contexto. Por isso, é importante ter um programa que envolva todas as fases da demissão, desde a comunicação do fato até o suporte após a saída da empresa. Pode ser traumático para as empresas quando não acontece de maneira planejada. É importante entender que o trabalho é um dos principais alicerces na vida de uma pessoa e no momento em que perdem essa segurança é como se perdessem suas referências. Nossa experiência mostra que as empresas que demonstram essa preocupação com seus ex-funcionários conseguem passar pelo processo com mais segurança e tranquilidade, uma vez que em 100% dos casos notamos que o sentimento inicial de perda e insegurança se transforma durante o processo em uma visão mais ampla, viabilizando a continuidade da carreira.
Como a maioria das empresas costuma enfrentar esse período?
Rosemary – As empresas e pessoas vivem um clima de instabilidade, de processos e estruturas em mudança, ambientes de trabalho tensos e ausência de garantia de emprego. Desta forma, o fantasma do desemprego está muito presente e esse aspecto precisa ser tratado nas empresas, ocorrendo ou não as demissões. Boa parte das empresas declara reconhecer a relevância do capital humano e vem buscando realizar o processo de demissão de forma mais profissionalizada e humana. Entretanto, a maioria dos responsáveis pela gestão de pessoas não dispõe ainda da conscientização compatível com essa visão e nestas situações o processo de demissão pode se reverter contra a empresa, gerando mais custos e desgaste tanto para os profissionais demitidos quanto para os remanescentes.
Como o Outplacement Coletivo funciona na prática?
Rosemary – O projeto inicia mediante reuniões com a gestão da empresa para alinhamento de todos os passos do processo de demissão, desde a orientação para a comunicação do fato aos funcionários até o suporte após a demissão. No dia da demissão, e logo após o momento da comunicação, os ex-funcionários já recebem suporte emocional e motivacional de forma que possam absorver o impacto e começar a vislumbrar quais serão as possibilidades para darem sequência em suas vidas e carreiras dali para frente. Nos dias subsequentes ao comunicado ocorrem os workshops para prepará-los para passar por esse momento de transição, envolvendo temas como: orientação sobre o mercado de trabalho, participação em processos seletivos (currículo, entrevistas, dinâmicas), rede de relacionamentos (networking), planejamento financeiro, negócio próprio, entre outros assuntos. Na sequência inicia-se o processo de divulgação destes profissionais no mercado de trabalho, visando gerar entrevistas e contratações. Acompanhamos esses profissionais durante seis meses e reportamos as informações atualizadas para a empresa por meio de relatórios mensais. O objetivo desta orientação nessas circunstâncias é capacitar os profissionais desligados a dominar a transitoriedade das adversidades em suas carreiras, envolvendo-os num processo analítico e reflexivo que contribua para o crescimento pessoal e profissional, preparando-os para uma nova etapa em suas vidas.
Quando o Outplacement Coletivo começou a ser aplicado nas empresas no Brasil? A consultoria tem dados de quantas empresas já utilizaram a solução?
Rosemary – Há muito tempo as empresas começaram a se preocupar com a imagem que passam para seus funcionários, para o mercado e consumidores. Por isso, as iniciativas de responsabilidade social já fazem parte da rotina de grande parte das organizações, tornando-se cada vez mais comum e necessária a atenção que se dá aos funcionários que acabam sendo despedidos em momentos de reestruturações. A prática tem sido mais frequente no Brasil nos últimos 15 anos, sendo que as empresas variam de porte, segmento e regiões do País. Nos últimos 10 anos, atendemos mais de 60 empresas. Temos um exemplo de um projeto bastante amplo e significativo envolvendo nove estados e mais de 1 mil funcionários demitidos simultaneamente.
De que maneira essa solução beneficia as empresas? E os empregados?
Rosemary – O Outplacement bem conduzido é a forma mais correta e econômica de implantar, com sucesso, projetos de reestruturação sem perdas de motivação e competência nas empresas, contribuindo muito para a formação de sua imagem. É por meio do Outplacement que o profissional dispensado terá a oportunidade de continuar empregável em um momento difícil da sua carreira. Na verdade, o Outplacement beneficia as três partes: a empresa, o profissional demitido e os remanescentes, pois os profissionais que são mantidos na empresa também prezam pelo respeito aos colegas e sentem-se mais seguros diante do seu empregador. Entre os benefícios para a empresa, destacam-se a redução da carga emocional negativa nos indivíduos responsáveis pela demissão; a promoção, interna e externamente, da imagem da organização que valoriza e ampara seus funcionários, oferecendo uma assistência pós-demissão; manutenção de um relacionamento mais saudável entre os funcionários demitidos e a empresa, e inibição do número de demandas judiciais ou qualquer outro tipo de atitude contra a empresa. Para o profissional demitido, a solução orienta sobre como agir positivamente nessa nova fase de sua vida profissional, revertendo os sentimentos negativos da demissão em novas possibilidades de carreira; ajuda-os a reconquistar a autoestima, geralmente abalada nos momentos pós-demissão; orienta sobre as habilidades atualmente indispensáveis na busca de um novo emprego; possibilita a identificação de seus pontos fortes, limitações, potencial, necessidades de treinamento e autodesenvolvimento, e promove a divulgação do perfil no mercado de trabalho de forma assertiva, viabilizando resultados mais rápidos.
A solução de Outplacement Individual atende às necessidades de micro e pequenas empresas? E qual é o custo? É possível para uma micro ou pequena empresa fazer uso de Outplacement Individual?
Rosemary – Sim, o Outplacement Individual atende qualquer porte de empresa e normalmente é direcionado aos profissionais de nível executivo. O investimento é definido de acordo com o perfil/cargo do profissional.
Quais orientações a Thomas Case & Associados poderia dar às empresas que precisam demitir sem ter que passar por processos traumáticos?
Rosemary – Neste momento, muitas empresas estão passando por reestruturações, sendo que, em alguns casos, é inevitável ocorrerem as demissões. No entanto, é importante que verifiquem sempre a melhor maneira de planejar este processo atentando-se às necessidades que o mercado exige, valorizando os indivíduos que contribuíram com a organização e passam por esse momento profissional delicado. Vale a pena pesquisar todas as alternativas de suporte, tanto para a empresa (gestores e áreas que conduzirão o processo demissional) quanto para os funcionários que serão desligados. O processo de Outplacement vem atendendo essa demanda do mercado de forma eficaz, contribuindo para a condução do processo de forma mais humana e profissional, gerando resultados que vêm refletindo no melhor direcionamento de carreiras e vidas.