“Sai da área de energia renovável para atuar o segmento de semijoias e hoje lidero uma das principais fabricantes e distribuidoras”

Átila Coelho Cabral, diretor executivo da Jalde Semijoias

Empreender do zero em um setor completamente desconhecido é um desafio formidável, que exige coragem, determinação e uma mentalidade aberta para aprender e se adaptar. Nessa jornada, potenciais empreendedores enfrentam inúmeras incertezas e obstáculos, desde a falta de conhecimento técnico até a compreensão das nuances do mercado e das demandas dos clientes.

No entanto, é justamente nessas situações desafiadoras que surgem as maiores oportunidades de sucesso. Ao abraçar essa curva de aprendizado, é possível trazer uma perspectiva inovadora para o setor. O caminho para alcançar o sucesso é pavimentado pela constante busca por conhecimento, networking estratégico, além de disposição para experimentar e corrigir rumos equivocados.

A Jalde Semijoias, por exemplo, surgiu e se expandiu em um contexto semelhante. No ano de 2018, Átila Coelho Cabral (foto em destaque), diretor executivo da empresa, morava no estado do Ceará e trabalhava na área de energia renovável. “Na época, eu sequer sabia o que eram semijoias. Com escassez em minha área de atuação, passei meses pensando em um novo negócio ou empreendimento. Em dado momento, meu cunhado, que trabalhava com semijoias vendendo o material bruto de sua confecção, me chamou para uma viagem até o Rio de Janeiro para buscar essa matéria prima”, revela.

A percepção de uma possível oportunidade surgiu durante a viagem. “No caminho, paramos em uma lanchonete e, em dado momento, meu cunhado perguntou à atendente do estabelecimento se ela usava semijoias. Ela respondeu que sim, afirmando que comprava novas peças mensalmente. Além do comércio do material bruto, ele tinha uma pequena loja em que vendia peças já finalizadas, mas ainda estava com dificuldade em entender os indicadores financeiros de seu negócio, e minha ajuda foi solicitada para organizar os números e entender quais eram os melhores caminhos a serem seguidos”, pontua.

Ao analisar e entender toda a situação financeira, Átila se lembrou do que a atendente da lanchonete havia falado. “Embora meu cunhado mantivesse um foco maior na produção de acessórios no bruto, apontei que a loja seria sua futura prioridade. No início, ele não acreditou e ficou reticente. Mas, ao explicar que o mercado não tinha barreiras de entrada e nem grandes players em evidência, ele começou a entender o conceito que eu estava sugerindo. São 100 milhões de mulheres no Brasil e praticamente todas elas utilizam semijoias. As crianças nascem e já recebem brincos e outros itens, enquanto as mulheres mais velhas, independentemente da idade, também consomem esse tipo de produto”, declara.

No início ele não tinha condições de fazer as mudanças sugeridas e, então, decidiu chamar Átila para fazer uma sociedade. “Foi nesse momento que eu comecei a me aprofundar no assunto e entender tudo sobre esse mercado que era tão pouco explorado no Brasil. Percebi que era preciso apresentar um produto de melhores características, pois as marcas de semijoias que estavam disponíveis no país, majoritariamente, ofereciam produtos de baixíssima qualidade, próximas às bijuterias”, relata.

O início da Jalde se deu em um cenário repleto de incertezas em todo o mundo. “Começamos a produzir nossos produtos em 2019 e, logo no primeiro ano de operação, tivemos que lidar com uma pandemia de escala global. No entanto, com uma gestão de caixa controlada e otimizada para as pequenas vendas que tivemos em nosso primeiro ano, conseguimos ter uma operação financeira estável. Quando a pandemia estourou, percebi que muitas pessoas perderam suas rendas pelos mais diversos motivos. Notando isso, vi que a Jalde poderia suprir essa carência, já que contamos com diversas revendedoras que atendem diretamente o público final. Enquanto nós realizamos as operações B2B, elas comandavam as operações B2C”, relata o diretor.

Para angariar novas revendedoras e expandir os negócios, Átila se viu obrigado a aprender a lidar com pessoas, motivando-as e mostrando o caminho em busca da estabilidade financeira. “Em 2020, na contramão do cenário nacional, a Jalde cresceu e começou a se tornar uma marca reconhecida pelo grande público. Em 2021, nós abrimos diversas lojas em todo o território nacional, seguindo o crescimento do ano anterior. O ano de 2022, por sua vez, começou mais devagar. Mas após participar de alguns eventos voltados ao empreendedorismo, tive diversos insights que colocaram a Jalde de volta ao caminho do pleno crescimento”, declara.

Controle de qualidade rígido
Ao contrário das bijuterias, as semijoias apresentam características extremamente próximas às de joias verdadeiras. “Semijoias devem ser uma réplica perfeita de peças originais, com um material bruto de qualidade e banhadas a ouro com propriedades antialérgicas, que não danificam a pele ao longo do tempo. As bijuterias, por sua vez, contam com um material bruto de baixa qualidade e, majoritariamente, não são banhadas em um metal valioso. A título de comparação com joias genuínas, as semijoias apresentam um desgaste maior com o tempo, mas possuem um custo-benefício superior. Enquanto um item completamente confeccionado em ouro pode custar 20 mil reais, uma peça exatamente igual, porém com características de uma semijoia de alta qualidade, pode ser comprada por um valor entre R$ 200 e R$ 300”, diz.

Nesse cenário, a qualidade dos itens que seriam disponibilizados se tornou uma prioridade. No mercado de produtos e artigos de luxo, ter controle da mão de obra é fundamental para oferecer peças de qualidade. Quando se terceiriza, existe uma grande volatilidade. Afinal, esses agentes terceirizados atendem a produção de diversas empresas, algumas que usam produtos de alta qualidade, outras nem tanto. Mas ao derreter o ouro, por exemplo, tudo acontece no mesmo tanque. Ou seja, produzir todos os produtos de forma proprietária garante que os materiais utilizados sempre terão a qualidade desejada.

“Na Jalde, inicialmente, tentamos essa abordagem terceirizada. Mas logo notamos que os produtos não eram exatamente o que queríamos. Hoje, produzimos todas as nossas peças e o controle de qualidade é tão grande que aproximadamente 40% dos materiais brutos utilizados na confecção de semijoias retornam à fábrica por pequenos problemas, seja um micro risco ou uma solda não tão bem estruturada”, pontua.

Atualmente, a Jalde é um exemplo de sucesso e está engajada em projetos e parcerias que promovem a igualdade, capacitando mulheres para que elas possam se tornar donas de seus próprios negócios com os produtos da marca. “Frequentemente organizamos treinamentos de capacitação para nossas revendedoras, possibilitando que elas, assim como a nossa marca, cresçam de forma exponencial. Quando temos um propósito, os problemas podem se transformar em uma grande oportunidade de crescimento e é exatamente assim que nos fortalecemos e nos estabelecemos no mercado de semijoias”, finaliza.

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