Terra do sol a pino

A máxima de que a fonte solar é a energia do futuro parece estar mais próxima da realidade no Brasil. Os projetos de energia solar fotovoltaica com escala comercial começam a deixar as pranchetas, mesmo que ainda pequenos se comparados à capacidade de geração de usinas eólicas e hidráulicas. E sol não nos falta. A radiação solar na região menos ensolarada do Brasil é 40% maior do que na região mais ensolarada da Alemanha, o país que mais usa o sol para gerar energia elétrica no mundo. A expectativa é pela redução do preço, que ainda é três vezes maior do que a energia eólica ou de hidrelétricas.

“Acreditamos que a fonte solar seguirá o mesmo caminho da eólica, que nos últimos anos teve grandes avanços tecnológicos e uma queda significativa nos preços. Mas isso só vai acontecer quando começarmos a ganhar escala”, afirma Mauro Passos, presidente do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal). Na mesa de trabalho de Passos, uma pilha de cartões de visitas dá uma ideia do crescente interesse pelo mercado brasileiro de energia solar. “Ainda é uma fase de namoro, mas avançamos muito nos últimos anos”, diz Passos.

Prova disso são os investimentos feitos por grandes grupos em projetos fotovoltaicos. Entre eles a MPX Energia, empresa do Grupo EBX, de Eike Batista, que investiu R$ 10 milhões na construção do primeiro empreendimento solar em escala comercial do Brasil. Segundo a MPX, a Usina Solar Tauá, em operação há um ano no Ceará, tem batido recordes de produção. “Estamos muito satisfeitos com o resultado de Tauá. O Brasil tem espaço e alta incidência solar, dois fatores que nos tornam privilegiados para desenvolver a geração a partir do sol”, afirma Eduardo Karrer, presidente da MPX.

A MPX Tauá tem capacidade de 1 megawatt-pico (MWp), energia suficiente para abastecer 1,5 mil residências, mas a proposta é expandi-la. Desde abril, a empresa tem autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semace) para ampliar a usina para 5 MWp. O projeto, desenvolvido pela área de pesquisa e desenvolvimento da MPX, prevê expansão até 50 MW. A MPX Tauá demandou 4.680 painéis fotovoltaicos para converter a energia solar em elétrica, numa área de aproximadamente 12 mil metros quadrados.

Em breve, o Brasil vai contar com uma nova usina solar. A Bioenergy, uma das empresas pioneiras em energia limpa no País, anunciou no final de setembro a compra de uma planta de energia solar fotovoltaica a ser implantada no município de Oliveira dos Brejinhos, na Bahia. O empreendimento terá 1 MWp de potência e deve entrar em operação no primeiro semestre de 2013. A planta, fornecida pela empresa Solyes, já é um dos investimentos mais eficientes do segmento. Seu orçamento é de R$ 7 milhões, contra R$ 10 milhões de Tauá.

De acordo com Sérgio Marques, presidente da Bioenergy, os investimentos da empresa em energia solar estão só começando. A previsão é investir R$ 20 milhões em empreendimentos que vão somar ao todo 3 MWp. A empresa foi a primeira geradora a comercializar energia solar em um leilão de energia no Ambiente de Contratação Livre (ACL), realizado em agosto passado. Para Marques, as perspectivas para a geração solar são muito boas. “Estamos muito atrasados no desenvolvimento dessa fonte”, avalia o executivo.

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