A minha história pode ser confundida com as histórias de outras milhares de mulheres. Ex-moradora da comunidade do Fubá, na zona norte do Rio de Janeiro, perdi minha mãe muito cedo, e como meu pai não tinha boas condições financeiras, tive que começar a trabalhar bem jovem, logo após a perda da mãe, aos 8 anos:
Meu pai criou sozinho eu, minha irmã e dois irmãos. Morávamos em uma comunidade em Madureira, na Zona norte do Rio de Janeiro, com uma vida pobre e simples. E em volta da gente, mais pobreza e violência. Tanto que meu irmão mais velho se perdeu no tráfico. Foi terrível, mas me ensinou a importância das escolhas que eu faço na vida. Eu não queria ter o mesmo fim que ele. Por isso, desde nova, eu me virava para conseguir ter o meu dinheiro de jeito honesto. Aos 9 anos, carregava água para os vizinhos por uns trocados; aos 10, lavava louça e roupa. Com 13, consegui meu primeiro emprego vendendo bijuteria. Depois não parei mais.
Trabalhei como atendente, secretária e vendedora de diversas lojas, e tive o meu primeiro contato com o mundo da beleza em uma perfumaria, quando passei a entender melhor como funcionava o uso dos cosméticos. Antes, eu lavava os cabelos com sabão de coco e mal sabia o que era um condicionador. Inspirada por um salão que existia dentro dessa loja, ela comecei minha aventura no empreendedorismo.
Fiz um curso de cabeleireiro juntamente com o meu então namorado, Marko Porto, que hoje é marido e sócio, e com apenas 19 anos e um investimento de 8 mil reais, abri meu primeiro salão e me tornei empresária. O novo negócio fez muito sucesso, fomos conquistando cada vez mais e mais clientes. Isso tudo, em questão de meses. Então, recebemos uma proposta para comprar mais um salão, expandir. Estava prontinho, era só abrir. Decidimos tentar e foi nosso maior erro. Dividindo nossa energia entre as duas unidades, não conseguimos cuidar tão bem dos dois e a clientela foi começando a cair, mas os custos agora eram o dobro. Resultado: quebramos.
Devendo o aluguel, telefone, salários e pagamentos de fornecedores, fechamos o salão, com uma mão na frente e outra atrás. Estávamos destruídos, uma sensação de fracasso. Os planos de expansão acabaram causando a falência.
Mas não me dei por vencida, liguei para todo mundo e avisei que ia começar de novo e pagaria como pudesse. A grande lição que tirei disso é que a sinceridade ajuda nessas ocasiões. Sem telefone, peguei alguns panfletos e fiquei na porta convidando as pessoas a entrarem. A estratégia funcionou, e em poucos meses eu já tinha conquistado uma clientela fiel.
Como o estabelecimento já dava um atendimento especial às clientes que queriam tratar as sobrancelhas, eu e meu marido percebemos que a grande busca pelo serviço, que tem baixo custo, poderia trazer frutos.
A partir daí, tive a ideia de criar um estabelecimento dedicado a valorizar o olhar. E assim vendi meu salão e em 2007 criei a primeira franquia de sobrancelhas do Brasil, o Spa das Sobrancelhas. Nós percebemos que segmentar os serviços do salão em design de sobrancelhas poderia ser um bom negócio. Em vez de uma loja, eu e meu marido nos mudamos para duas salas comerciais. Depois de um ano, surgiu a primeira filial.
Em 2011 entramos para o mercado de franchising, e a marca teve um salto de 11 para 160 unidades em apenas um ano. Hoje, tornou-se a maior rede especializada em design de sobrancelhas do mundo, presente em 24 Estados brasileiros, com quase 400 franquias e realizando mais de 200 mil atendimentos por mês, e em 2018 faturou mais de R$ 80 milhões.
Recentemente, lancei meu livro “Problema ou Oportunidade? Seu Olhar Para os Negócios Define Seu Sucesso”, pela Editora Gente, onde conto a minha história e digo como transformei os problemas da minha vida em oportunidades.
O que me moveu até aqui foi justamente me recusar a ficar vivendo os problemas.
https://www.youtube.com/user/