Vacina no cofre

Do homem que tem a chave do cofre do Brasil, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, saiu a declaração mais lúcida, urgente e vital para enfrentar os atuais tempos da pandemia do coronavírus no Brasil.  Ele simplesmente constatou que é mais econômico gastar com vacinas do que programar auxílios emergenciais ou cruzar os braços e olhar o painel, como se fosse cotações da bolsa de valores, do aumento das cifras de mortes por todo o pais pelo vírus.

Roberto Campos Neto sabe no mínimo calcular. Afinal foi executivo financeiro por mais de 20 anos e é neto do economista Roberto Campos, ministro do Planejamento no governo Castelo Branco ( 1964 a 1967), idealizador do BNDES, autor de diferentes livros e um dos mais profundos pensadores da economia mundial na sua época.

O presidente do Banco Central tem reservado R$ 20 bilhões no seu cofre para a compra de vacinas. Ele sabe que além dos gastos com auxílios de emergência, empresas fechadas, o desemprego elevado e a falta de perspectivas de retomada sustentável da economia, geram um rombo financeiro ainda maior no cofre público do que garantir a compra de vacinas.

As pequenas empresas, justamente as que geram mais empregos no país ( nada menos do que 98 por cento) foram as mais afetadas desde o início da pandemia. A Associação Brasileiras dos Bares e Restaurante aponta que de cada 10 estabelecimentos, na maioria de pequeno porte, 4 fecharam suas portas. Só de março até novembro do primeiro ano da pandemia, 300 mil bares e restaurantes fecharam as portas no país. Na virada do ano a Associação calcula que serão fechados mais 35 mil bares e restaurantes.

O turismo, também impulsionado na maioria por pequenas empresas, teve um impacto de 98% pelo coronavírus.  As empresas de eventos, praticamente todas de pequeno porte, receberam um impacto de mais de 75% e muitas delas tentam se reinventar até os dias de hoje, mas com muitas dificuldades.

Roberto Campos Neto sabe que todos esses empreendedores e o público em geral  só voltarão  a normalidade a partir de uma vacina, segura e eficiente, que até pode ser opcional, mas que seja gratuita e que esteja disponível para toda a população mais breve possível.

O presidente do Banco Central sabe também que o dinheiro pode diminuir muito no seu cofre. Sim ele sabe que terá  menos dinheiro disponível, mas com saúde,  com vida, a partir da vacina, acredita que cada brasileiro terá mais tranqüilidade  e  esperança para trabalhar e buscar dias melhores.

 

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