Valor da união

Reunir duas ou mais franquias consolidadas num mesmo espaço vem se mostrando uma excelente estratégia para aumentar a rentabilidade da operação e, principalmente, para viabilizar a expansão das redes em cidades menores. O exemplo mais marcante é da Love Brands, rede de franquias formada por três marcas que dispensam apresentação: Puket (meia, lingerie, pijama), Imaginarium (presentes) e Balonè (acessórios femininos). “A estratégia é inédita e inteligentíssima. Aumenta o poder do investimento dessas marcas e responde a um desafio enfrentado pelas grandes franquias brasileiras: como continuar crescendo no País?”, afirma Luis Henrique Stockler, sócio da consultoria de varejo ba}Stockler.

O Brasil tem mais de 5 mil cidades, mas as operações das principais marcas de franquia do País foram formatadas para atender apenas uma centena delas e não se viabilizam financeiramente em cidades menores. A proposta da Love Brands é justamente preencher essa lacuna. A rede foi pensada para municípios com mais de 50 mil habitantes e que não têm shopping center. “Nós enxergamos novas oportunidades no Brasil daqui para frente. E sozinhos não conseguiríamos chegar a essas cidades”, diz Carlos Zilli, diretor-geral da Imaginarium e idealizador da Love Brands com os executivos Jae Ho Lee, da Balonè, e Adolfo e Cláudio Bobrow, da Puket. As três marcas têm, juntas, 200 unidades no Brasil. A Love Brands deve superar esse número até 2016.

A expansão da Love Brands começou em maio com a inauguração da unidade de São José do Rio Pardo (SP). Em julho, a rede já contava com quatro lojas. O plano inicial inclui cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Segundo Zilli, a meta é abrir dez unidades em 2012, 40 em 2013, 60 em 2014, 70 em 2015 e 80 em 2016. O executivo conta que, durante a primeira participação da Love Brands na ABF Franchising Expo, em junho passado, a rede cadastrou 120 candidatos dispostos a investir no projeto. “Oferecemos um modelo de franquia com um custo baixo e com marcas já testadas”, destaca Zilli. O investimento inicial numa loja de 40 metros quadrados é estimado em R$ 170,5 mil, aproximadamente 40% do valor de uma franquia padrão. 

Preocupado em aumentar a rentabilidade de seus franqueados, o Grupo Trigo, detentor das marcas Spoleto (fast-food de massas), Domino’s (pizzaria) e Koni Store (culinária japonesa), também lançou um modelo de negócio que abriga duas marcas num mesmo lugar. Chamado de Store in Store, o projeto permite as combinações Spoleto+Domino’s ou Do­mino’s+Koni, ou ainda Spo­le­to+Koni. A proposta contempla tanto capitais quanto cidades menores, a partir de 120 mil habitantes. A ideia é que as marcas convivam de forma harmoniosa. “Essas duas operações se completam perfeitamente, porque o Spoleto é consumo imediato e tem pico no almoço, enquanto a Domino’s é mais delivery e tem pico no jantar”, explica Renata Rouchou, diretora de expansão do Grupo Trigo.

As primeiras lojas Store in Store Domino’s+Spoleto iniciaram operação no Rio de Janeiro há um ano. Em junho, havia sete unidades em funcionamento em três estados: cinco no Rio de Janeiro, uma em Belo Horizonte e uma em Belém. Segundo Renata, a performance das vendas já demonstra que o modelo Store in Store foi uma decisão acertada do Grupo Trigo. As lojas tiveram aumento de 50% nas vendas e de até 60% na rentabilidade. Entre as vantagens do projeto estão redução de custos com aluguel e administrativo, aumento do leque de clientes e fluxo contínuo. Segundo Renata, como o Store in Store foi desenvolvido para espaços com no mínimo 150 metros quadrados, há maior oferta de espaços comerciais: “É mais fácil encontrar lojas com 150 a 200 metros quadrados”, afirma a executiva.

Para o consultor Luis Henrique Sto­ckler, a estratégia do Grupo Trigo é reflexo da pressão que o varejo vem passando para seguir expandindo num cenário de fatores nada favoráveis: a mão de obra está mais cara e os espaços comerciais, especialmente em shopping centers, também. Segundo o consultor, a taxa de vacância, que costumava ser de 8% a 10%, nos últimos anos está em 1%. “A questão é que os preços dos produtos estão cada vez mais baixos e os custos da operação cada vez mais altos. É preciso simplificar e otimizar o negócio”, explica Stockler. Nesse contexto, tanto o modelo Store in Store do Grupo Trigo quanto a nova franquia Love Brands estão seguindo o velho e bom ditado: “É preciso dividir para somar”.

Mini-Onodera

As cidades de menor porte também estão nos planos de expansão da Onodera, rede de franquias de clínicas de estética corporal e facial. A empresa criou um novo formato com menos da metade do tamanho e 40% mais barata que o modelo tradicional. A rentabilidade do negócio para o franqueado é a mesma, entre 15% e 20%. A meta é abrir 120 unidades no novo formato até 2017. Hoje, a Onodera tem 54 unidades que juntas realizam mais de 60 mil tratamentos por mês.

O novo formato faz parte do projeto de expansão da rede. “Estamos em um momento de ampliação dos negócios: a cada dia, recebemos cerca de 20 pedidos de consultas para a compra de franquias de várias partes do Brasil e, por isso, acreditamos que este ano vamos intensificar nossa presença, principalmente nos estados do Nordeste, Minas Gerais e cidades do interior de São Paulo”, afirma Lucy Onodera, diretora da rede.

Segundo a franqueadora, existem muitas cidades de médio porte com grande potencial para abrigar uma unidade da Onodera. “Sentimos dificuldade em adaptar a franquia no formato convencional à demanda de clientes dessas cidades”, destaca Lucy. A Onodera quer aproveitar o excelente momento do segmento de estética no Brasil e aumentar sua presença no País. Na última década, o setor cresceu 20%. A expectativa é que até 2015 o Brasil se torne o maior mercado de estética do mundo.

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