Zora Viana impulsiona o ‘empreendedorismo de resultados’ na educação digital

Você realmente quer empreender ou não quer ter chefe? A pergunta é uma constante no contato diário da empresária Zora Viana com seus mentorados. Com mais de 750 cursos, mentorias e consultorias reconhecidos pelo MEC, além de 40 pós-graduações e MBAs customizados, e ainda, 50 mil alunos certificados oficialmente em 11 anos de atuação, os números mostram como funciona seu ‘empreendedorismo de resultados’ na prática.
Este, disseminado a partir do ideal de transformar vidas, em especial de mulheres e mães, para que alcancem independência financeira no mercado de educação digital.

Psicóloga de formação, mentora por vocação, a empresária de 35 anos, sócia da Faculdade Brasília e fundadora e CEO da Faculdade FEX Educação, hoje se destaca por sua abordagem inovadora neste mercado, em que combina marketing digital, vendas e neuropsicologia para capacitar potenciais empreendedoras. Além disso, leva seus conhecimentos pelo mundo, participando de eventos como o Forbes Women’s Summit, em Portugal, mostrando o diferencial na area da educação.

Mas a trajetória empreendedora de Zora começou antes, quando era bem jovem, observando e acompanhando seus pais que viviam mudando de cidade por conta do trabalho. Natural de Araguaína (TO), mas ‘quando ainda era Goiás’, conforme conta, ela herdou o tino comercial e a habilidade de vendas de ambos, que rodaram o país captando doações para uma instituição filantrópica bastante conhecida, a LBV.
“Eles eram bons para organizar o trabalho aonde chegavam, mas era só ‘baterem a meta’ que a gente mudava de cidade”, conta ela, que diz que a família morou em Belém (PA), que seu irmão quase nasceu no Acre, também passou por Cuiabá (MT), Anápolis (GO) e Uberlândia (MG), entre outras, até finalmente parar – e se fixar – em São Paulo.

A sede da LBV ficava na Capital paulista, e seu pai, que já tinha trabalhado com rádio, com comunicação, foi convidado para a equipe do programa de TV da entidade, na Barra Funda. E uma oportunidade apareceu para a precoce Zora: dos 11 aos 15 anos, fez parte do elenco de um programa infantil sobre voluntariado da LBV, onde aprendeu de tudo, de apresentar, dublar fantoches e usar o teleprompter, até a fazer pesquisas e roteiros. “Tudo o que muita gente aprende na faculdade eu aprendi na prática”, conta. “E acabei me apaixonando por trabalhar, por me sentir útil.” Tamanha desenvoltura fez Zora ser convidada para a equipe de Eliane Maria, a responsável por cuidar dos eventos da LBV no Brasil inteiro, com quem ficou dos 15 aos 18. E ganhou mais aprendizado: de produzir uma grade e organizar eventos para 20 mil pessoas, a conduzir fornecedores e até a escrever e-mails. “Ela foi minha primeira referência, minha primeira mentora”, lembra.

Na sequência, foi para o departamento de telemarketing da entidade captar doações, pois viu que a renda era melhor. Entrou em Psicologia da FMU e, no primeiro mês de trabalho, se candidatou – e conseguiu – uma vaga determinante para o seu futuro: treinadora de integração. “Desde o primeiro semestre da faculdade eu treinava pessoas, implementava na prática o que aprendia no curso, e tinha autonomia para criar e inovar. Recebi o desafio de renovar o treinamento, e cheguei a treinar 300 operadores de telemarketing em um mês. E fui crescendo: treinei supervisores, gerentes…Até criamos um departamento de Psicologia.”

Inquieta, no último ano de faculdade sentiu que perdia tempo e podia ganhar mais. Pensou em terminar o curso em Portugal, mas teria que estudar o dia todo e não queria depender financeiramente dos pais. Então, ainda na LBV, se transferiu para fazer o último ano na Universidade Mackenzie, onde se especializou em psicodrama.
Um mundo se abriu em sua mente, conforme conta, e uma professora apresentou uma nova oportunidade: atuar como treinadora comportamental na Embracon, companhia especializada em consórcios. Se deslocando todo dia do Bom Retiro a Alphaville, Zora passou dois anos na empresa criando e implementando treinamentos para as áreas.
Até que ouviu um conselho do especialista em carreiras Max Gehringer em seu programa de rádio que, segundo ela, mudou sua vida. “A empresa é uma grande máquina e você é uma peça. Se essa peça não está funcionando ela vai te substituir, e não te deve nada porque faz o pagamento no quinto dia útil. Então o erro é seu de não ter planejamento.’
Nunca mais esqueceu daquilo. “Na hora pensei: eu preciso criar meu próprio negócio.”

ENFIM EMPRESÁRIA
Zora, que já tinha empreendido enquanto trabalhava e fazia faculdade vendendo trufas, fez intercâmbio no Canadá e trocou de carro só com essa terceira atividade (‘Cheguei a mandar 300 trufas de ônibus em uma bolsa térmica para uma amiga no Rio de Janeiro’, conta), decidiu focar em uma coisa. “Me dei uma chance de empreender com Psicologia.”
Em agosto de 2013, começou a atender clientes, fazendo pacotes de 10 sessões por R$ 300, e acabou criando um método próprio de orientação vocacional e de carreira com base nas aulas de uma professora da faculdade. “Foi quando eu quebrei a barreira: de sair da CLT e parar de receber salário para ganhar por hora. E depois por pacote, depois por produto, e depois começar a vender em grupo, e a escalar. E até chegar ao momento de delegar para outra pessoa vender em seu lugar. Até pensei: ‘tô rica!’”, diverte-se.

Mas precisava que seu método fosse validado, e encontrou outra mentora importante: Suzy Fleury e seu método de Coaching de Excelência para aplicar em diversas áreas. “Tive o privilégio de estudar com uma pessoa que ensinava a técnica, ensinava a vender, mas o curso era R$ 4,5 mil. Meu pai falou: ‘parcela em 12 vezes e vai vender curso ué’”.
Foi o que ela fez: após pedir orientação à professora sobre quanto vender seu E logo após a primeira aula, após perguntar para a professora por quanto podia vender o curso de coaching (R$ 3 mil), seguiu o conselho e fez sua primeira venda. “’Sua primeira venda sempre será seu networking’, ela me disse”. E assim a carreira empreendedora de Zora deslanchou: ganhou em uma venda o que ganhava em um mês como CLT.

Por nove meses, conciliou o emprego na Embracon com a nova atividade até pedir demissão para tocar os negócios. E criou um plano de ação, que não focava só em coach de carreira, que já tinha experiência, mas em tudo: vida, saúde e outras áreas.
Já casada, no primeiro ano ela faturou cerca de R$ 100 mil, no segundo mais de R$ 200 mil, em 2015 colocou a meta de faturar pelo menos R$ 390 mil, e conseguiu. Tanto que sua mãe passou a cuidar do administrativo, e foi preciso até contratar uma secretária.

Fez parceria com algumas pessoas para escalar vendas, recebendo participação nos resultados, mas não deu muito certo. “Além do lucro pequeno, deu muita dor de cabeça: só vinha gente que tinha que ser formada, não quem já era forte pra somar comigo.”
Engravidou em 2017, quando estava morando na Itália, e aí, segundo ela, caiu a ficha: mesmo fazendo R$ 600 mil por ano vendendo coaching, percebeu que não tinha um negócio, era só autônoma. “Fazia conteúdo de coaching ‘fundo de funil’ na internet, e tudo o que vinha era orgânico. Não tinha inteligência de mercado para gerar audiência.”
Começou a ‘namorar’ a ideia de ter um produto digital, e lançou um e-book que, mesmo amador, vendeu cerca de 100 unidades. Ao voltar para o Brasil, criou o método Atitude Emocional, que os alunos diziam que “já saiam dos treinamentos com plano de ação.”

“As pessoas me pediam muito para aprender meu jeito de fazer coaching, aí eu fui organizar meu método para poder ensinar outras pessoas a fazerem o mesmo. Usei as etapas que eu ensino como treinadora, e tudo o que eu criasse daria para vender – até para honrar o que eu aprendi com a Suzy (Fleury)”, conta. “Para mim foi muito simples ensinar as pessoas a fazerem o que eu fazia com um pé nas costas. E eu até brinco que eu ‘pari gêmeos’, já que o Atitude Emocional e o (filho) Ícaro nasceram meio juntos.”

TRANSFORMANDO O ÓBVIO
Focada em seus produtos, em 2019 Zora recebeu um convite que se encaixava com seus projetos: ser sócia da Faculdade Brasília, tocada em sociedade pelo tio e o padrinho. Pegou suas economias, pensando que essa seria uma forma de ‘brotar’ mais dinheiro na sua conta. Até que pediram para que ela usasse sua experiência para criar um curso de pós-graduação: Psicologia e Coaching de Atitude.

O lançamento, que a princípio era um teste, atraiu a atenção de sua ex-diretora de RH da Embracon. Ela buscava pós-graduação personalizada para a Universidade Corporativa da empresa e, como já conhecia o trabalho de Zora, perguntou se a Faculdade faria isso. “Tinha carta branca dos outros sócios, e fui conversar com elas pois comecei a entender que era um projeto de milhares. Montei a proposta, apresentei, e e fechamos um projeto de R$ 700 mil, e a Embracon passou a contar com um MBA de Liderança e Futuro do Trabalho. A empresa tinha mais de mil funcionários e queria treinar o time de líderes.”

Em paralelo, tentava também vender cursos para o público final. Até virar pra a faculdade e sugerir uma titulação para cursos livres, como Extensão Universitária. Ao mesmo tempo, entrou em uma mentoria de marketing digital para finalmente aprender a divulgar do jeito certo, conforme diz. Os alunos da mentoria começaram a perguntar da novidade, vendeu o novo curso por R$ 10 mil, e pensou: “acho que descobri outro produto. Vendo a chancela, e quando o aluno termina, ele paga pelo certificado de acordo com a titulação’.”

Após comercializar a nova modalidade pela primeira vez, dez alunos procuraram Zora, e ela passou a vender as mentorias. Uma consultoria precisava analisar, e a faculdade só certificava. O volume foi aumentando, até o modelo entrar em um platô. Até que em 2022 participou da palestra de Marcos Marques, que ensinava a formar um time de consultores.

“E minha vida mudou de novo, pois foi a primeira vez que estudei empreendedorismo. Passei oito anos empreendendo de forma amadora, pela minha intuição, tirando coisas da cabeça. Esse ano foi importante pois aprendi o que era um acelerador empresarial.’
Também fez um curso como mentor Flávio Augusto para profissionalizar o processo de vendas, contratando vendedores e investindo mais forte em tráfego pago. Foi quando tudo começou a ganhar velocidade, lançando menos cursos e foco maior em consultoria.

“Vendi bastante consultoria querendo fazer R$ 10 milhões. Mas tinha algo errado, pois o público que a gente atraía era muito iniciante. Até que o Eros (marido) disse: ‘Zora, as pessoas não querem estudar, elas querem resultado’. E eu falei: então vamos lançar uma mentoria ‘pegando pela mão’ e ensinar o básico para elas conseguirem o que querem.”
Foi daí que surgiu também o Diamonds, mentoria específica para mulheres e mães conquistarem independência financeira, que ‘precisavam disso. “Hoje é uma ’potência’, pois já formou mais de 200 mulheres. No radar, segundo ela, e a pedidos, a faculdade deve criar um modelo de mentorias voltado para homens, o Diamonds Men.

Em 2023, recebeu uma outra oferta para comprar uma Faculdade “em 24 vezes”, conforme frisa, que estava em processo de credenciamento de diversos cursos pelo MEC. O processo levou nove meses para ser concluído, e acabou impactando no faturamento de uma forma não muito positiva. E assim surgiu a FEX Educação, com o intuito de ser uma faculdade que credenciaria pessoas mais maduras, acima dos 35 anos, para serem reconhecidas e valorizadas pelo seu conhecimento, além de ampliá-los.
“Eu tenho que formar a pessoa e ela já sair com curso ou consultoria reconhecidos pelo MEC. Mas a essência da FEX é capacitar esses profissionais, que já têm relevância no off-line, com expertise digital, para se destacarem também no on-line.”

Zora, que se considera uma empresária serial, inspirada por Cris Arcangeli, a shark fundadora da Phytoervas, também criou junto com a Faculdade Brasília um modelo de graduação corporativa, assim como fez com a da empresa de Consórcio Embracon. Para a companhia, acabaram de criar um curso de Gestão Comercial com especialização no ramo reconhecido pelo MEC. Hoje, as duas faculdades têm mais de 750 cursos com essa certificação, mas as novidades não param: a ideia é formar tecnólogos de marketing, ou graduar em estética com especialização em nano-pigmentação, gestão de RH especializado em mentoria empresarial, gestão comercial para corretor de imóveis.”

“Queremos fazer as empresas entenderem o benefício de ter uma pós, um MBA, um curso de extensão customizado dentro da Universidade Corporativa delas. Uma empresa com 300 líderes que implementa um MBA que treina cultura, treina empreendedorismo, treina visão de negócio e coloca inteligência artificial como disciplina, torna essa empresa uma marca empregadora. E com cultura de treinamento e desenvolvimento”, afirma.

Com o objetivo de atingir 30 milhões de pessoas e a meta de certificar 100 mil alunos, a expectativa de Zora e seus negócios educacionais é transformar o ‘óbvio’ das pessoas em um ‘milagre’: a faculdade pega o profissional que tem repertório e não só oferece um curso reconhecido, mas ensina a vender este curso e a transformá-lo em um negócio
“A empresa tem o dever de ‘salvar a vida’ do colaborador pelo aprendizado, mas ele também tem o dever de ensinar o que sabe, para também fazê-las enriquecer. É o que aprendi nesses anos todos: não adianta só salvar as pessoas e não receber nada.”

Facebook
Twitter
LinkedIn