Bia Kawasaki

Já faz tempo que as questões relativas à imagem pessoal deixaram de ser consideradas como vaidade ou futilidade para se transformarem em pré-requisito obrigatório para ser bem-sucedido. E também não importa a profissão ou o cargo exercido: a necessidade de ter uma boa aparência é fundamental a qualquer pessoa que almeje o sucesso profissional nos dias de hoje. “Não basta só gerir negócios e pessoas, é preciso ainda saber administrar o próprio guarda-roupa”, afirma Bia Kawasaki, consultora de moda, palestrante e personal stylist.

Com 15 anos de experiência no assunto, Bia já prestou consultoria para companhias como Philips Walita, Petrobras, McDonald’s, P&G, L’oréal, BMW, MWM International e Rede Globo, entre outras. Prestes a lançar um livro intitulado Dress code: o impacto da imagem pessoal nos negócios, ela ressalta a importância de criar uma identidade visual corporativa seguindo os mesmos padrões de excelência perseguidos pela organização. “Acredito que a linguagem de uma empresa é constituída por pessoas; já os colaboradores são os representantes visuais das marcas”, completa.

Na entrevista a seguir, Bia explica qual o papel e a contribuição dos funcionários de uma empresa na construção da identidade visual corporativa, apontando maneiras de implantá-la e aprimorá-la. Além disso, a consultora de moda ensina a gerir um guarda-roupa de forma eficiente, conciliando elegância e modernidade com os objetivos profissionais dos empreendedores. “Vestir-se bem e se portar de forma adequada são fundamentais para o sucesso de qualquer plano de negócios.”

Qual a importância da imagem pessoal para o sucesso nos negócios?

Bia Kawasaki – Ninguém mais pode se dar ao luxo de descuidar da aparência hoje em dia. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos em 2009 mostrou que a boa imagem pessoal representa 70% do sucesso na carreira profissional. A lógica é simples: da mesma forma que os executivos investem pesado na carreira quando o assunto é currículo, cursos e especializações, eles precisam também saber exteriorizar essas qualidades e virtudes através do visual.

O que determina uma boa imagem pessoal nos dias de hoje?

Bia Kawasaki – A boa imagem pessoal envolve um conjunto de componentes que vão desde a aparência física propriamente dita (incluindo aí corte de cabelo e cuidados com as unhas até roupas, sapatos e acessórios) até aspectos mais subjetivos e emocionais, como postura, etiqueta social e comportamento.

Se a boa imagem é fundamental, pessoas bonitas têm mais chances de sucesso? Até que ponto a beleza ajuda a impulsionar o sucesso na carreira profissional?

Bia Kawasaki – A beleza não influencia absolutamente em nada quando se fala em construir uma boa imagem pessoal. Basta lembrar que existem inúmeras pessoas belas do ponto de vista estético, mas nem por isso donas de uma boa imagem pessoal. Padrão de beleza não existe quando se trata de ter uma aparência adequada ao seu estilo de vida e profissão.

De nada adianta uma aparência se as atitudes não condizem com ela. Sendo assim, como é possível conciliar imagem e atitude no ambiente corporativo?

Bia Kawasaki – Embora alguns pontos relativos ao comportamento possam ser mais específicos, de modo geral vale o ditado popular “não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”. Ou seja: não faça no ambiente de trabalho aquilo que você não faria em casa. Isso significa manter distância de fofoca, ter atenção à higiene, ao toque insistente do celular, ao tom de voz e organização durante o expediente. Vale também atentar para a etiqueta nas redes sociais, evitando comentários polêmicos e antiéticos nesses ambientes.

Qual a importância do trabalho de consultoria de moda no contexto atual das organizações?

Bia Kawasaki – A ajuda de um consultor de moda é fundamental na hora de elaborar um dress code alinhado à cultura e proposta de cada organização. É comum iniciarmos os trabalhos em contato com as equipes de recursos humanos e marketing, mas quando o projeto está em andamento, departamentos como o jurídico entram em ação, pois essa questão da imagem acaba envolvendo toda a organização. Muitas vezes os empresários não sabem como aplicar esses conceitos, daí a importância de um personal stylist para ajudar no processo de abordagem do lado psicológico dos colaboradores, construindo uma identidade visual de acordo com cada situação.

Qual o segredo para “gerir um guarda-roupa” de forma eficiente?

Bia Kawasaki – Um guarda-roupa inteligente deve ser pequeno e funcional. Não gosto de fazer aquelas listas de peças básicas que todo mundo tem que ter, porque acho que isso depende de muitos fatores, como biótipo, estilo, profissão, etc. É muito comum eu me deparar, por exemplo, com clientes que possuem 15 calças jeans, mas só usam de fato duas ou três. Para que ter tanta peça do mesmo tipo? Outra coisa que percebo é que os brasileiros vendem uma imagem no exterior de serem livres, leves, soltos, criativos e independentes. Porém, na hora de nos vestirmos, caímos na monotonia dos tons cinza e sóbrios. É preciso, portanto, aprender a combinar cores, inserindo no guarda-roupa toda essa alegria e ousadia, pois também é possível ter um dress code moderno e estiloso no ambiente profissional. Outro mito que precisamos derrubar é que uma boa aparência requer grandes investimentos em roupas e acessórios de grife. Atualmente, com a abundância de lojas e centros de compras, é possível se vestir bem sem gastar muito – basta saber o que e onde comprar.

Quais itens de vestuário estão proibidos durante o expediente?

Bia Kawasaki – No caso das mulheres, de forma geral convém evitar trajes com qualquer tipo de conotação sensual no ambiente de trabalho, seja um decote mais ousado, transparências, roupas muito justas, alças muito finas, blusas de um ombro só, estampas chamativas demais, esmaltes coloridos, maquiagem carregada, etc. Já os homens devem estar atentos ao desleixo, evitando camisas muito chamativas, peças desgastadas ou puídas, calças e sapatos gastos.

Em entrevistas de emprego e na hora de pedir um financiamento no banco, por exemplo, como o candidato a executivo/empreendedor deve se vestir?

Bia Kawasaki – O segredo é não inventar e apostar sempre num traje mais formal. Homens priorizando o uso de terno e gravata, sempre com camisa em cores claras. Independente do tipo físico, qualquer mulher fica mais elegante de saia do que de calça, então pode usar um vestido tubinho ou saia com comprimento até dois dedos acima do joelho e sapatos fechados, além de maquiagem natural.

Como definir o “dress code” dos colaboradores?

Bia Kawasaki – Não existe uma fórmula para isso. Cada empresa e cargo impõe suas próprias condições e necessidades. O que se deve fazer sempre é buscar a adequação da identidade visual corporativa em cada traje. Há empresas essencialmente formais, como instituições financeiras e jurídicas, que exigem trajes igualmente formais. Em outras, o conceito é mais descompromissado, permitindo a inserção de itens como jeans, sarja, calçados variados, etc.

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