Canadá é oásis para negócios de tecnologia e inovação

Especialista em desenvolver oportunidades comerciais entre os mercados canadense e brasileiro, Regina Noppe aponta os atrativos e potenciais para empresas de tecnologia e startups brasileiras.

Regina Noppe criou em 2015 a Dream2B, com sede em Vancouver, no Canadá, e presença no Brasil em São Paulo e Florianópolis. É uma venture builder especializada  em desenvolver oportunidades comerciais para empresas de tecnologia e startups entre os mercados do Canadá e do Brasil.

A Dream2B organiza desde programas de aceleração internacional de startups e levantamento de capital até a organização de missões internacionais de investimentos e desenvolvimento de oportunidades de negócios entre empresas dos dois países. Nos últimos cinco anos, a  empresa de Regina Noppe realiza a cada ano o Dream2B Global Aceleration Program.

Para este ano estão sendo selecionadas 10 startups brasileiras de green tech, focadas em resolver problemas de impactos ambientais.  O evento deste ano, marcado entre os dias 1 a 26 de novembro, será on-line. Mais de 45 startups brasileiras já participaram de programas de aceleração, validação de negócios e mentoria  da Dream2B,  em parceria com a incubadora canadense Spark Centre,com o apoio da Softex e da Câmara do Comércio Brasil –Canadá..

Nesta entrevista, Regina Noppe cita os atrativos do mercado canadense e aponta as empresas de tecnologia e startups que têm mais chances de crescer no país e buscar outros mercados internacionais.

 

Quais as possibilidades de uma startup brasileira no Canadá?

O ecossistema do Canadá é muito receptivo ao empreendedor estrangeiro por uma série de incentivos governamentais e do próprio mercado. Eu diria também que o Canadá tem um certo tipo de vantagem. É um país de estilo go-better,  de fazer acontecer, sem nenhum entrave. O mercado canadense é um oásis para startups, para os empreendedores, para os negócios. Para se ter uma ideia, se consegue abrir uma nova empresa em 24 horas, em um dia, sem nenhuma burocracia. As oportunidades são inúmeras.

 

Quais os segmentos empresariais neste momento têm mais potencial de crescimento no país?

O Canadá é hoje a meca da Inteligência Artificial no mundo. O Blockchain, games (VR/AR), cyber security e green tech são áreas muito desenvolvidas no país. De acordo com o Global Cleantech Innovation Index 2021, o Canadá é líder global em tecnologia limpas e inovação,o que reafirma a capacidade do ecossistema canadense de tecnologias que beneficiam o meio ambiente e a infraestrutura verde para atender a crescente demanda global.

Quais as startups brasileiras você cita entre os cases de sucesso a partir da ida para o Canadá?

Um dos cases que podemos citar seria a Synkar, startup do grupo Data H que após participar do nosso programa e se instalar no Canadá conseguiu avançar com o desenvolvimento do robô autônomo Ada.  Hoje tem parceria com o iFood que acabou comprando uma fatia dessa empresa. Cito também a Safetest, startup mineira que desenvolveu o teste de Covid 19 de resultado rápido e de baixo valor.  Cito ainda a plataforma de multistreaming Ciclano e a Wedy, chamada de “Me casei” que participaram dos nossos programas.

 

Sendo a meca da Inteligência Artificial que tipos de empresas brasileiras podem ser atraídas para essa área no Canadá? 

Hoje em dia praticamente todas as áreas que aplicam Inteligência Artificial. Já levamos fintech e health tech,  que são mais comum em utilizar essa tecnologia. Mas já levamos também uma startup que oferece aos profissionais de futebol um produto que utiliza Inteligência Artificial para captar informações visuais e coletivas do desempenho físico e tático dos atletas.

 

No Brasil, o Blockchain ainda é pouco explorado. O que o Canadá pode abrir de novas perspectivas nesta área?

O Canadá é um dos grandes líderes quando se fala em blockchain, em função de estar a frente em inovação, possuir energia barata, internet rápida e um regime regulamentário favorável. O país é um dos pioneiros com excelentes líderes no segmento, o que possibilitou invenções como o Ethereum blockchain. Hoje já existem mais de 300 empresas nesse setor no país.

 

Em termos de segurança na internet e em particular no mundo dos negócios, o Brasil avançou muito. Mas o que o Canadá pode apresentar de possibilidades para novas empresas brasileiras?

O país tem levado muito a sério essa área e tem investido pesado em vários programas de incentivo ao desenvolvimento de tecnologias no setor. As empresas brasileiras podem se beneficiar dessas iniciativas fazendo parcerias estratégicas na área de P&D.

 

A Dream2b tem um programa especial para atrair startups brasileiras focadas em resolver os impactos no meio ambiente. Nesta área, o Brasil por ser um país com grande diversidade ambiental e muitos problemas para resolver, tem um grande potencial para as startups, tanto no Canadá como aqui?

Certamente, os dois países podem colaborar em muito nesta área.  Um com grande diversidade e desafios, precisando de soluções, e o outro se destacando como um dos grandes líderes mundiais em tecnologias que beneficiam o meio ambiente e a infraestrutura verde para atender à crescente demanda global.

 

Além de crescer no Canadá, a startup brasileira a partir desse país, tem mais condições de conquistar novos mercados mundiais do que estar sediada só no Brasil?

O Canadá pode ser utilizado como uma plataforma de acesso a outros mercados. O Canadá mantém livre comércio hoje com 51 países, o que possibilita acesso em torno de 1,5 bilhão de consumidores. Enfatizo também o acesso de forma estratégica ao mercado norte-americano, o qual em função da proximidade pode ser considerado o ‘quintal’ do Canadá. Uma empresa brasileira que tem seu negócio validado no Canadá pode ter uma receptividade muito mais sutil e certeira do que se tentasse uma entrada direta através do Brasil.

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