Como crescer 10 vezes em cinco anos

marcelo amorim empreendedor

Por Acari Amorim 

O experiente investidor Marcelo Amorim, da Invisto, empresa de Venture Capital, traça esse caminho para percorrer junto com os fundadores de startups

Maior grupo de Venture Capital do Sul do Brasil, a Invisto já tem uma trajetória de mais de 15 anos. Nesse tempo ajudou a criar e investiu em mais de 30 startups, gerando ativos num valor superior a R$ 1 bilhão.

Nesta entrevista, Marcelo Amorim garante que os investimentos em startups brasileiras vão continuar em ritmo acelerado, porque o país ainda precisa produzir de tudo e terá décadas pela frente de desenvolvimento econômico. Ele reforça a importância da qualidade dos fundadores das startups e aponta quais delas terão mais chances de crescer no pós pandemia

Quais os diferenciais de atuação da Invisto?

Marcelo Amorim – Como uma gestora de fundos de Venture Capital, a Invisto opera dentro do estabelecido pela CVM (Comissão de Valores Imobiliários). O que difere a Invisto é sua forma de atuar. Nós somos uma gestora formada por empreendedores e por isso nos posicionamos como uma gestora de “empreendedores para empreendedores”. Outro ponto importante é que trabalhamos com portfólios pequenos, de 8 a 10 empresas por fundo. Isso permite uma atuação bem perto dos investimentos, o que garante que estamos agregando valor e cuidando bem dos investimentos.

Nesses anos de atuação da Invisto quais os principais sucessos de apostas em startups que cresceram e conquistaram mercados?

Diversos investimentos que fizemos obtiveram uma performance muito boa e cresceram mais de 100% depois de nossa entrada. Em destaque podemos falar da Axado que foi vendida para o Mercado Livre por mais de 5 vezes o valor que nós investimos. Ainda em nosso portfólio podemos destacar também a Rede Vistorias com crescimento de mais de 300% em 03 anos, a Knewin com crescimento de 2019 a 2021 de mais de 400% e a Herospark que foi resultado da fusão da eadBox com Edools em 2019.

O ritmo de investimentos em startups tem crescido nos últimos anos. Essa tendência será mantida para os próximos anos?

Este é um caminho sem volta. O mercado de Venture Capital se profissionalizou muito nos últimos 10 anos e temos um movimento irreversível do ciclo virtuoso de inovação. Fundos e anjos investem em startups promissoras. Estas empresas crescem e geram mais investimentos em outras startups promissoras e assim o ritmo de investimento em inovação tende sempre a crescer.

Quais as razões que sustentam esse aumento dos investimentos em startups brasileiras?

Primeiro é preciso lembrar que as regiões onde o crescimento pode ser de dois dígitos são a América Latina (com destaque para o Brasil), Ásia e mais a frente África. Desta forma, o Brasil como maior país da América Latina vai continuar a ser um destino de investimentos muito relevante ainda que as instabilidades políticas e econômicas possam ser ofensores em curto prazo. Outro ponto relevante é que aqui tudo está por fazer e construir. Estamos na infância no que diz respeito à infraestrutura, sistema de saúde, educação, entre outros setores. O que existe para fazer nestas áreas na Suécia, Alemanha ou Japão? Praticamente tudo está já resolvido e as taxas de crescimento destes países são muito baixas. Aqui não. Temos ainda décadas de investimentos para o Brasil se tornar um país desenvolvido associado a uma população de mais de 210 milhões de habitantes gerando um grande mercado consumidor interno.

Quais as condições mais determinantes para uma decisão de investir numa determinada startup?

Depende do estágio que ela se encontra. Em nosso caso que fazemos investimentos em estágio seed e série A, vários fatores são importantes como mercado, problema identificado, solução disruptiva, equipe, entre outros.

 

Para a maioria dos investidores o que mais pesa na hora do aporte é conhecer o perfil dos fundadores e gestores da startups. Por que esse peso maior na hora de decidir investir numa startup?

Um dos mais determinantes é a qualidade do time fundador. Um time excepcional faz um projeto médio, um sucesso. Um time ruim faz um projeto de sucesso, um fracasso.

É possível definir num grupo de 10 startups, qual o percentual delas, terá sucesso num determinado prazo?

Depende muito da tese de investimento do Fundo em questão. Em geral nos USA, fundos de seed e Série A tem uma estatística de investir em 10, ter sucesso em 02, empatar em 04 a 06 e perder o investimento em 03 a 04 delas. No Brasil e em particular no nosso caso, estes números são diferentes. Pensamos sempre em nunca perder o capital principal em um investimento e tentar sempre estabelecer nossas condições de entrada para isso. A idéia é investir em empresas que tenham potencial de crescer 10 vezes em cinco anos.

No agronegócio está ocorrendo uma fusão de empresas para apresentar uma solução única ao produtor que não quer comprar 3, 5 ou 10 aplicativos diferentes. Essa será uma tendência?

Em toda empresa sempre esta é uma tendência. É só olhar o que aconteceu no mercado de soluções empresariais de gestão. Na década de 80 e 90, as empresas tinham várias soluções para várias aplicações com baixa integração entre elas. Depois disso ocorreu o grande “boom” dos ERPs no ano 2000.

Quais as startups no pós pandemia terão mais chances de crescer no mercado brasileiro e mundial?

A tendência de consolidar no pós pandemia, algumas práticas que cresceram muito durante a pandemia deverão gerar boas oportunidades para as startups na área de logística, educação, saúde e proptechs.

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