Com a revolução do Pix as empresas estão preparadas? A evolução da ferramenta exige a adaptação dos negócios na área tecnológica e financeira
O Pix registrou um novo recorde de transações em um único dia no Brasil. Segundo dados do Banco Central, 201,6 milhões de transferências foram realizadas apenas na sexta-feira, 5 de abril. No começo do ano, o País viveu o fim de uma era: a interrupção das transferências via Documento de Ordem de Crédito (DOC), para pessoas físicas e jurídicas, extinguindo o serviço no dia 15 de janeiro deste ano.
Criado em 1985, o volume de transações feitas com DOC registrou redução significativa desde a implementação do Pix, em novembro de 2020. No primeiro semestre de 2023, entre as 37 bilhões de transferências e pagamentos contabilizados, somente 18,3 milhões (0,05%) foram feitos via DOC, enquanto o Pix somou 17,6 bilhões (47,56%), de acordo com levantamento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Os números ascendentes devem aumentar ainda mais com as novas funcionalidades preparadas pelo Banco Central (BC).
Instantâneo, sem custos e hiper tecnológico são alguns dos atributos que fizeram o Pix se popularizar rapidamente e somar R$ 33,28 trilhões movimentados nos últimos três anos, sendo R$ 17,18 trilhões somente em 2023. Para 2024, o BC prepara atualizações para o sistema de pagamento que prometem tornar o Pix ainda mais atrativo para as transferências bancárias. Entre as inovações mais aguardadas do ano, o lançamento do Pix automático está previsto para outubro e a funcionalidade permitirá pagamentos recorrentes, de forma programada e mediante autorização do usuário pagador. A nova função terá mecânica parecida com os pagamentos em débito automático e será aplicável a contas de energia elétrica, água, condomínio e planos de saúde, por exemplo.
Para Homero Filho, CTO na GT7, Unidade de Negócios da TODOS Empreendimentos, da qual o Cartão de TODOS faz parte, focada em inovação e crescimento acelerado, a implantação do Pix automático deve impulsionar ainda mais a adesão a este meio de pagamento. “As principais vantagens do Pix são a segurança, a rapidez nas transferências, a disponibilidade 24/7 e a eliminação de intermediários. Quando tivermos o agendamento de pagamento via Pix, com certeza teremos um aumento da utilização”, afirma Filho.
A era do dinheiro virtual e ao que as empresas precisam estar atentas
A digitalização crescente com o uso do mobile banking e o acesso à internet são fatores que potencializam o Pix como preferido dos brasileiros, tornando as transferências monetárias cada vez mais virtuais e não físicas. Se em 1995 os cheques compensados somavam 3,3 bilhões de transações, em 2023 o número foi 95% menor (168,7 milhões). “Agora conseguimos realizar transferências e fazer pagamentos apenas com o smartphone, não existe mais a necessidade de andar com dinheiro físico ou cartões, uma facilidade para os consumidores, mas também um cenário que exige preparo das empresas”, avalia Homero.
Para os pequenos negócios que ainda não aceitam Pix, o cenário de atualizações previstas para implementar novas funcionalidades ao sistema de pagamento é um sinal de alerta. Segundo a pesquisa realizada pela Capterra, 43% dos clientes consideram desistir de uma compra se o estabelecimento não aceita o Pix como forma de pagamento.
“Por envolver processos de tecnologia como QR Code e integrações via API de pagamento, a experiência do consumidor acaba ficando mais desafiadora. Além disso, a base para iniciação desse formato de pagamento está na automação, algo que ainda é carente na maioria dos negócios”, aponta o CTO. Homero revela ainda que é preciso que as empresas trabalhem para expandir a diversidade nas formas de pagamentos para seus clientes. “No Cartão de TODOS, temos feito uma série de testes, com uma grande variedade de meios de pagamentos alternativos. Alguns deles, como o próprio caso do Pix, estão mais avançados”, ressalta o CTO.
Além do Pix automático, com previsão já anunciada, o Banco Central prepara inovações como o Pix Garantido — que possibilitará o parcelamento de compras e pagamentos por meio do sistema de pagamento instantâneo — e o Pix Internacional — com o objetivo de fazer as transferências para outros países serem mais eficientes e baratas. No fim do ano passado, o BC disponibilizou as funções de Pix Saque e Pix Troco — que permitem, respectivamente, que os clientes de qualquer participante do Pix realizem um saque em um dos pontos que ofertar o serviço e faça saques em espécie junto com a realização de uma compra no agente de saque.