Franchising virou segmento de oportunidade para mulheres

Com R$105 bilhões de faturamento no primeiro semestre de 2023, o setor de franquias tem se mostrado promissor para empreender

Aquecido, o mercado de franchising é uma excelente oportunidade para mulheres que desejam empreender e crescer no mercado com o apoio de um negócio já consolidado. O setor de franquias registrou um crescimento de 15% no 1º semestre de 2023, comparado ao mesmo período do ano passado. O faturamento subiu para R$105 bilhões, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). A entidade também estima que 49% de todas as unidades franqueadas são comandadas por mulheres.

Por trás dos números, existem histórias reais de mulheres que superaram barreiras em um ambiente social e empresarial desafiador. Neste Dia do Empreendedorismo Feminino vamos conhecer a história de duas empresárias com trajetórias marcantes de sucesso.

Andréa Jacoto
Franqueada Omie unidade Jardins, São Paulo

Andréa Jacoto possui uma franquia Omie nos Jardins, bairro na zona Oeste de São Paulo. Formada em Marketing, iniciou sua carreira com foco em estratégia de empresas e, com apenas 24 anos, se tornou gerente de marketing do grupo de concessionárias Volkswagen.

Em 1998, ingressou na área de tecnologia, onde se encontrou e decidiu seguir carreira, conhecendo também as áreas de RH, contabilidade e administrativo, após um MBA em Gestão Empresarial. “Aprendi muito na área e desenvolvi diversos projetos, como sistema de CRM, negócios estratégicos, com clientes como Microsoft, por exemplo”, conta.

O sonho de ser mãe sempre foi muito presente para Andréa. Em 2012, engravidou de sua primeira filha após oito fertilizações entre 2006 e 2011. No ano seguinte, a empreendedora, planejando seu segundo filho, teve uma surpresa: engravidou de trigêmeos.

Em 2017, decidiu voltar ao trabalho, no qual atuou na assessoria de um jornalista esportivo, onde ficou por oito meses. “Foi uma boa oportunidade de conciliar a vida profissional e a rotina com os filhos, pois era home office”, diz Andréa. Mas, o desejo de voltar ao segmento de tecnologia foi maior.

Em 2019, surgiu o convite de abrir uma franquia da Omie, que foi efetivada em 2020. Andreia compartilha que encontrou a oportunidade perfeita. Hoje, possui oito pessoas no time e atingiu o breakeven na unidade após mudanças estratégicas. “No último ano, me tornei mais empreendedora do que nunca. Estou entendendo melhor o negócio, redesenhando controles e realizando uma série de atividades com mais frequências”, conta.

Após o nascimento de seus filhos, começou um blog, o Mãe de Proveta, que virou livro e foi lançado na Bienal do Livro em 2016. Hoje, ela concilia a vida profissional de sucesso e a criação dos filhos, com 9 e 7 anos (trigêmeos), e ainda projeta crescimento de sua operação atual, além de considerar outra unidade em médio ou longo prazo.

Para Andrea, a mulher tem a particularidade de ser mãe, o que pode ser influenciada pela idade – muitas pessoas acham que aos 30 anos é uma idade propícia ou próxima para ser mãe. “Este fator pode gerar um preconceito no momento da contratação, por exemplo. Não são os filhos que impedem o crescimento, seja profissional ou pessoal, mas a própria pessoa. É possível conciliar as rotinas”, afirma.

A empresária também trouxe para a vida profissional um aprendizado com a maternidade. Ela compara o desenvolvimento de uma equipe de trabalho à criação dos filhos. “Precisamos cuidar do time para executarem tarefas mesmo quando não estamos presentes. Não ter medo de delegar e confiar no que está passando para o time”.

Com isso, Andrea deixa mensagens importantes. “Não deixe que nada te impeça de crescer. A mulher tem um potencial muito grande, capaz de administrar diversas questões ao mesmo tempo, tanto no âmbito profissional, quanto no pessoal, sem deixar nada a abalar”, diz.

Sunny Chaves Maia de Sousa Crisóstomo
Franqueada Omie unidade Natal Candelária, RN

Natural de Fortaleza (CE), Sunny Chaves (foto) já tinha exemplos de empreendedorismo na família – seus pais administravam uma confecção. Mas, apesar de estar sempre envolvida na empresa, só foi se interessar pelo empreendedorismo no início da vida adulta para aproveitar uma oportunidade. Começou a graduação de contabilidade e iniciou a vida profissional como estagiária na área comercial de uma empresa de tecnologia com um sistema de gestão contábil.

Neste meio tempo, conheceu o marido e teve seu primeiro filho, que hoje tem 20 anos. A conclusão da faculdade foi em outro estado. Sunny se mudou para Natal (RN), se formou como contadora e começou a empreender com o marido abrindo uma franquia da empresa onde começou a trabalhar aos 20 anos.

O início não foi fácil. “Nunca é. Foram momentos bem acalorados”, enfatiza Sunny. Além da mudança de estado, do nascimento do filho e de uma nova jornada profissional em parceria com o marido, ela ainda precisou aprender a entender o seu lugar no negócio. “Passei um tempo só trabalhando no operacional. Com o volume de demandas aumentando fui sentindo a necessidade de vencer isso e de buscar esse lugar de liderança.”

Em meio as adaptações, também vieram os aprendizados com as mudanças cada vez mais aceleradas do mercado e com a gestão de pessoas. O preconceito de gênero também entrou como uma adversidade na trajetória dela.

“Sentia que me colocava na retaguarda, que iriam acreditar mais no homem. Precisei atuar mais na linha de frente da empresa, ter mais contato com os clientes e fui ganhando mais confiança (minha e das pessoas) até conseguir lidar melhor com as situações”, lembra.

Ao longo dos anos, veio mais uma filha, hoje com 13 anos, e a sociedade em um escritório de contabilidade. Em eventos do setor, a empreendedora encontrava-se com Marcelo Lombardo, um dos fundadores da Omie, e começou a se interessar pela imagem atualizada da companhia e pela integração com contadores do ERP da Omie.

O interesse se concretizou em parceria em 2020 e, então, há dois, começou em uma nova jornada como franqueada. Dessa vez, como a principal responsável de uma franquia do modelo Padrão da Omie. Hoje, aos 41 anos, Sunny gerencia três funcionários e atua à frente da área comercial da franquia.

Para as mulheres que desejam empreender, a empresária indica nunca se colocar no papel de inferior que, às vezes, o mundo pode impor, e estar sempre preparada. “Estudar muito. Sobre o cliente, o negócio, o mercado, as práticas de negociação… O que vemos muito no mercado são pessoas que só querem vender. A postura precisa ser outra.”

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