No Brasil, 51% da população é composta por mulheres, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, somente cerca de um terço (29%) das empresas têm mulheres em cargos de direção, segundo o relatório “Mulheres nos negócios: além da política para o progresso”, da consultoria Grant Thornton. A média é superior à mundial, de 24%.
Mesmo as grandes empresas tendo conhecimento que ter mulheres na liderança fazem os resultados serem mais parrudos (Pesquisa feita pela McKinsey, com cerca de mil empresas, em 12 países, que aponta que os resultados das companhias melhoram em até 21% quando há mulheres na liderança), elas ainda não dominam o topo em quantidade.
Para Hargreaves, uma ex-jornalista veterana do “Financial Times” e do “Guardian”, que desenvolveu o manifesto Mulheres no trabalho: projetando uma empresa adequada para o futuro: “Há muita coisa que as mulheres podem fazer para efetuar mudanças, seja individualmente ou mobilizando grupos. Mudanças estruturais no local de trabalho são necessárias.”
Ela que possui 16 anos de experiência no CEBRAC, participou da implantação e reestruturação de unidades no Paraná, Mato Grosso e foi convidada a ser sócia acionista na unidade de Rio Verde, em Goiás.
A educação vem de casa
A paranaense nasceu em uma família de agricultores, os pais eram analfabetos mas sempre a incentivaram a estudar. Começou cedo em ONG’s, participando de oficinas e chegou a ser finalista nacional de um concurso de oratória. “Desde os 12 anos eu fazia teatro, caminhava 2 km para chegar à perua e chegar à escola. Meus irmãos mais velhos me acompanharam nesta trajetória e acreditavam que a educação poderia transformar a minha vida, e eu trago isso em tudo que faço”. Aos 16 anos já era instrutora de teatro na mesma ONG, que chegou como aluna. Para ajudar em casa, conseguiu um estágio no Sesc e nas horas vagas, distribuía os panfletos do CEBRAC.
Hoje a gestora tem 40 funcionários sob seu comando direto e destes, a maioria são mulheres. “Gosto de trabalhar a autoestima dos meus colaboradores, ver um sorriso no rosto, incentivar a fazer os cursos no próprio CEBRAC, a se graduarem e, vejo em todos os lugares que passei, seja no Paraná, no Mato Grosso ou aqui em São Paulo vidas que foram transformadas”, explica Cristiane Coelho, Gestora do Cebrac de Rio Verde.
A Pesquisa Panorama da Mulher aponta justamente o que a gestora aplica na prática: ter uma presidente ou gestora mulher aumenta cerca de 2,5 vezes a chance de ter mais mulheres dentro da rede. Outro dado, é que essa diversidade poderia aumentar cerca de 30% o PIB do Brasil e 12 trilhões ao PIB Global. “Muitas pessoas me disseram que meu perfil era pedagógico e que minha gestão na parte financeira não iria vingar. Eu fui uma das primeiras a ocupar o cargo na rede, e busco cada vez mais encorajar outras mulheres a estarem onde elas quiserem”, finaliza Cristiane Coelho.