Rede de ajustes de roupas ganhou novo fôlego com a crise

As constantes reclamações da esposa por estar ausente no casamento e no convívio com os filhos fizeram o executivo Paulo Alexandre criar a Arranjo Express, franquia especializada em costura, reparo e customização de roupas. Como filho de costureira, Paulo conhecia as necessidades e rotina deste trabalho. E quando decidiu sair de seu cargo de diretor comercial da L’Oréal Paris, que exerceu por dez anos, para abrir um negócio para administrar junto com a esposa e passar mais tempo com a família, optou pelo segmento da customização e transformação de roupas.

Então, em 2003, Paulo investiu 60 mil euros para a abertura da primeira Arranjos Express, no Shopping Forum Montijo, em Montijo, Portugal, país de origem e residência de Paulo. Em 2008, em meio à crise europeia, o empresário se encontrou em uma situação difícil, na qual não podia parar suas operações, mas não via mais jeito de crescer naquele país. Foi aí que decidiu apostar em mercados emergentes e o Brasil foi um dos países escolhidos. A escolha foi tão bem sucedida que, após três anos de atividades no País, a marca possui 38 lojas em atividade com a meta de chegar a 65 lojas até o final deste ano.

Antes de decidir internacionalizar a marca escolhendo o Brasil, Paulo analisou o mercado turco, russo e angolano. E optou pelo Brasil por acreditar ser um mercado de grande potencial. A primeira ideia dele foi viajar para cá em busca de um master franqueado. Porém, quando veio ao País em 2011 para sentir a aceitação que a marca poderia ter e avaliar a concorrência, resolveu que ele mesmo iria trabalhar para desenvolver a marca. E dessa forma aconteceu.

Paulo lançou a operação em abril de 2012, abrindo a primeira loja própria no shopping Vila Olímpia, em São Paulo, e até hoje esta é a unidade que mais fatura. Entretanto, nem sempre foi assim. Paulo conta que foi preciso muito trabalho e ainda é necessário seguir trabalhando para que o conceito da Arranjo Express, que é reaproveitar e transformar peças em desuso, seja incorporado aos hábitos brasileiros. “Com três anos de atuação, a marca hoje possui 38 unidades em operação no Brasil, porque atua também com o foco em mudar aos poucos a cultura do brasileiro”, comenta.

Ele relata que, neste período de crise, percebeu-se que o brasileiro tem optado por consertar em vez de comprar uma nova peça. Com isso, a marca conseguiu aumentar em 20% o número de atendimento, enquanto o varejo da moda apresenta tendência de queda.

Outra grande dificuldade relatada por Paulo no início foi fechar parcer ia com bons fornecedores, e isso somente aconteceu ao longo dos últimos três anos que as coisas foram se estabilizando. Fazer a marca ficar conhecida no mercado também é um dos grandes desafios vividos, já que a empresa não faz investimentos em grandes mídias. Mesmo assim, Paulo afirma que várias pessoas procuram a marca para tornarem-se franqueadas. Isso porque, a Arranjo Express tem um grande retorno daqueles que já investiram em uma das lojas. “Temos vários empreendedores com mais de uma unidade da marca, o que indica o bom negócio que oferecemos e sua capacidade de manter-se mesmo em períodos de crise”, destaca.

Falando em crise, Paulo comenta que a crise que está afetando vários setores, ainda está distante do segmento têxtil de ajuste e transformação de roupas, já que o consumidor economiza na compra de uma nova peça para transformar a usada que não serve ou não utilizava mais. Essa constatação pode ser percebida no aumento de pelo menos 20% nas demandas das lojas nos últimos meses. “É bem nítido que o consumidor brasileiro esteja mudando o seu hábito de consumo por conta disso, o que vem trazendo bons retornos para as lojas de costura”, avalia Paulo.

A rede, que está presente em nove estados do País, também tem uma estratégia diferenciada de atuação: as lojas da Arranjo Express são sempre instaladas nos espaços, onde estão as lojas e não na área de serviços e conveniência, para onde costumeiramente são direcionadas as lojas deste tipo de atividade. Além disso, outros fatores favorecem o crescimento da marca, entre eles o fato de ser uma empresa de fácil gestão, pois não possui estoque. A maior garantia que o investidor tem é por ser um serviço “pré-pago”: não precisa lidar com fornecedores. O negócio também exige poucos funcionários para funcionar. Além disso, o empreendedor quis trazer às lojas da Arranjo Express um estilo moderno para atingir aqueles clientes com perfil fashion.

O público-alvo da marca compreende as classes A e B, mas já está ganhando a atenção da classe C, que hoje enxerga o sucesso de ter um produto único e personalizado. Para o total êxito da marca, é necessário prestar atenção também na figura do franqueado que, nas palavras de Paulo, deve ser atencioso e acompanhar todos os processos, não só o desempenho da franquia. De acordo com Paulo, vários perfis de empreendedores podem ser indicados para um franqueado Arranjos Express.

Atualmente, na rede há médicos, advogados, engenheiros e outros tipos de profissionais. E antes de começarem o trabalho efetivamente, a franqueadora faz um treinamento de capacitação para os empreendedores e seus colaboradores, assim podem ficar aptos a tocar o negócio, obviamente, sempre com a supervisão e suporte da franqueadora.

Para 2016, Paulo planeja inaugurar mais 50 unidades. Com as Olimpíadas, ele acredita que ganharão mais visibilidade e isso aumentará o interesse pelo serviço e pelo negócio. Já para 2017, o objetivo é mais ambicioso: ultrapassar 200 unidades no Brasil. Paulo acredita que existe mercado para isso. “Apesar da crise, nossa análise é de que ela será passageira, afinal, nosso tipo de loja funciona muito bem em períodos de crise, quando as pessoas não compram tanta roupa nova e optam por ajustar e customizar o que já têm”, destaca.

Facebook
Twitter
LinkedIn