Por Adriana Isidio, Gerente de Marketing e Comunicação da Vetor Editora*
“Você não pensa em como seria não ter que se preocupar com prioridades o tempo todo?” Essa frase é dita pela personagem Kate, interpretada pela atriz Sarah Jessica Parker, no filme “Não Sei Como Ela Consegue”. Na trama, Kate é uma profissional bem-sucedida que tenta equilibrar sua vida familiar e sua carreira — uma realidade vivida pela maioria das mulheres inseridas no mercado de trabalho.
No entanto, essa realidade não deve ser romantizada. O acúmulo de responsabilidades profissionais e domésticas têm causado sérios danos à saúde mental de muitas mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sobrecarga decorrente da jornada dupla de trabalho torna as mulheres mais suscetíveis a problemas como ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
Os dados do estudo “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais por semana do que os homens devido à dupla jornada. A disparidade na divisão das responsabilidades domésticas permaneceu praticamente inalterada nas últimas duas décadas. Mais de 90% das mulheres declararam realizar tarefas domésticas, enquanto apenas metade dos homens entrevistados se envolve nesses cuidados.
A combinação da pressão profissional com a carga das tarefas do lar cria um ciclo de exaustão física e mental que não pode ser ignorado.
Pensando nisso, as empresas podem e devem ajudar a criar um ambiente mais justo e saudável oferecendo políticas que apoiem o bem-estar das mulheres, como acesso a creches, horários de trabalho mais flexíveis e programas de saúde mental. Principalmente agora que, a partir de 25 de maio de 2025, as empresas brasileiras serão obrigadas a se adaptar às novas diretrizes da Norma Regulamentadora nº 1 (NR 1), conforme estabelecido pela portaria MTE nº 1419, publicada em agosto de 2024.
As novas diretrizes reforçam a importância do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). Dessa forma, as empresas precisam implementar processos eficazes para identificar, avaliar e controlar riscos que possam impactar a saúde física e mental dos trabalhadores.
A seguir, confira algumas recomendações que podem ser adotadas pelas empresas para ajudar a promover a saúde mental de suas colaboradoras:
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Atente-se às diretrizes da NR-1 e desenvolva um programa de saúde mental que considere as necessidades específicas das mulheres;
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Capacite a liderança para manter uma escuta ativa e acolhedora, oferecendo suporte efetivo às colaboradoras de suas equipes;
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Promova rodas de conversa, incentivando a troca de ideias e permitindo que as colaboradoras expressem suas necessidades e sugestões, contribuindo para um ambiente organizacional mais acolhedor e saudável;
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Assegure representatividade e voz às mulheres nas tomadas de decisão e em cargos de gestão.
Além das ações corporativas, é importante lembrar que também existem responsabilidades individuais que podem ajudar a amenizar os impactos da dupla jornada de trabalho.
Confira algumas dicas:
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Faça atividades ou pratique hobbies que te ajudem a controlar o estresse;
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Não ignore suas necessidades e sentimentos;
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Dedique tempo ao autoconhecimento e/ou terapia;
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Tenha uma rede de apoio e cultive boas amizades;
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Pratique o autocuidado.
A busca pela saúde mental virá mais facilmente quando houver o exercício do equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
*Adriana Isidio é Gerente de Marketing e Comunicação na Vetor Editora. Graduada em Comunicação Social, pós-graduada em Gestão Empresarial pela ESPM e em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela USP, onde defendeu a tese “A importância da comunicação interna no apoio à prevenção e manutenção da saúde mental das pessoas nas organizações”.