Tatiana Pimenta (foto em destaque), fundadora e CEO da Vittude, afirma que é preciso investir em programas de saúde mental, mas também é essencial avaliar se estão gerando resultados
Segurança psicológica é a percepção que os colaboradores têm de que podem expressar suas ideias, opinar, cometer erros e assumir riscos sem receio de retaliação ou julgamento. No entanto, a maioria não se sente segura nos ambientes em que estão inseridos. Segundo um estudo realizado pela Betterfly, em parceria com a Criteria, seis em cada dez profissionais na América Latina acreditam que seus locais de trabalho não oferecem segurança e acolhimento. A pesquisa também revela que 60% dos entrevistados se queixam da falta de equilíbrio entre as horas dedicadas ao trabalho e à vida pessoal, enquanto 67% não se sentem reconhecidos pelo bom desempenho que conquistaram.
Os dados evidenciam que não basta apenas investir em saúde mental, é preciso monitorar o ambiente de trabalho para certificar-se de que este é um lugar seguro e focado em acolhimento para aqueles que lideram e são liderados. Diante desse cenário, Tatiana Pimenta, CEO da Vittude, empresa referência no desenvolvimento e gestão estratégica de programas de saúde mental para companhias, compartilha 3 dicas fundamentais para aprimorar a segurança psicológica nas empresas.
1 – Ponto de partida: comunicação aberta
No ambiente corporativo, é habitual ter diversidade de opiniões entre a equipe. Isso, por si só, não se torna um problema. Contudo, surge uma preocupação quando a liderança não apenas deixa de ouvir as contribuições do time, mas também as desestimula ao reprimir sugestões de melhorias.
“Ao fomentar um espaço propício para novas ideias, criamos um ambiente não só criativo, mas também altamente produtivo. Ouvir as perspectivas dos colaboradores sobre a empresa, o ambiente de trabalho e as dinâmicas da equipe é fundamental. Mesmo quando os feedbacks são desfavoráveis, eles se tornam pontos de partida para aprimoramentos. Resolver essas questões de forma ágil não apenas acelera a criação de um ambiente mais acolhedor, mas também contribui para a eficiência e produtividade no trabalho”, destaca Tatiana Pimenta.
2 – Monitore o engajamento e saúde mental da equipe
É essencial que as organizações realizem pesquisas de clima organizacional quinzenal ou mensalmente para avaliar o nível de satisfação, engajamento dos funcionários e até a saúde mental de cada um deles. Com base nos resultados obtidos, é fundamental implementar ações corretivas. “A avaliação regular é uma das maneiras de garantir de forma contínua a segurança psicológica no ambiente de trabalho. De forma anônima, cada colaborador pode expressar seus sentimentos, e cabe à liderança criar um espaço em que o time se sinta à vontade para discutir abertamente questões que incomodam na empresa. Não espere que o desânimo se instale e a produtividade diminua para prestar atenção à saúde emocional dos colaboradores. Afinal, sem saúde mental, não há futuro para o trabalho”, destaca Tatiana.
3 – Faça sua liderança compreender que os gestores têm um papel protagonista
A saúde mental deve ser uma prioridade em toda a empresa: CEOs, RH e lideranças. Todos precisam colaborar para assegurar que o ambiente corporativo permaneça saudável.
Porém, mesmo que seja uma responsabilidade compartilhada, é fundamental lembrar que os líderes ocupam uma posição privilegiada, que permite realizar ações práticas e tomar decisões estratégicas com impactos positivos para a equipe. Para a CEO da Vittude, é crucial lembrar diariamente deste papel dos gestores na vida profissional e no bem-estar do espaço de trabalho.
“As lideranças precisam ser treinadas para entender tudo o que envolve o contexto de saúde mental no trabalho. Muitas pessoas ainda acreditam em tabus e estigmas relacionados ao assunto, o que pode atrapalhar bastante o processo. É necessário que os gestores recebam treinamentos para lidar com os diferentes tipos de questões relacionadas ao assunto que possam surgir no dia a dia de trabalho. Para isso, desenvolver um olhar atento e humanizado para ser capaz de observar o comportamento dos liderados e conduzir cada caso individualmente é fundamental”, finaliza Tatiana.