CEOs compartilharam suas estratégias e experiências para um ambiente de trabalho saudável o ano todo
Com o crescente reconhecimento da importância da saúde mental no ambiente de trabalho, diversas empresas estão ampliando suas iniciativas além do tradicional Setembro Amarelo. Mais do que apenas práticas pontuais durante o mês da conscientização ao suicídio, líderes passam a enxergar a importância de integrá-las de forma contínua e estratégica em suas organizações. Esses esforços buscam criar uma cultura corporativa em que o cuidado com o bem–estar dos colaboradores é uma prioridade constante, refletindo um compromisso genuíno com a qualidade de vida no trabalho.
“É importante desenvolver um espaço verdadeiramente inclusivo, que valorize o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, e incentive as pessoas a reservarem tempo para atividades fora do trabalho e para o relaxamento. A liderança deve servir como exemplo, mostrando a importância de descansar e tirar férias. Essas práticas, se bem implementadas na organização, tendem a refletir nos times e a criar ambientes de trabalho mais saudáveis”, compartilha Carine Roos, fundadora e CEO da Newa, consultoria de impacto social.
Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com burnout, também conhecida como a síndrome do esgotamento profissional. Ela tem características como exaustão emocional, despersonalização e diminuição do desempenho. Em 2022, foi incluída na lista de doenças ocupacionais reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Diante dessa realidade, as lideranças são cada vez mais cobradas sobre suas estratégias para promover o bem–estar dos colaboradores, indo além de apenas de cumprir o calendário de campanhas como o Setembro Amarelo, mas adotando uma postura proativa e mantendo o ambiente de trabalho saudável e sustentável ao longo de todo o ano.
“A flexibilidade de horários, por exemplo, permite que nossa equipe gerencie melhor o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Além disso, subsidiamos integralmente até 4 sessões de terapia por mês para nossos colaboradores e parcialmente para os familiares, garantindo que tenham suporte de qualidade sempre que necessário. Essas sessões são complementadas por ações de psicoeducação sobre temas como gestão de estresse, conduzidos pelo nosso time técnico. E ao longo do ano, também avaliamos constantemente a eficácia das nossas práticas por meio de pesquisas de satisfação e feedbacks diretos, que é o que oferecemos normalmente aos nossos clientes. Queremos que o time também tenha isso dentro de casa”, comenta Tatiana Pimenta, CEO da Vittude, referência no desenvolvimento e gestão estratégica de programas de saúde mental para empresas.
Já Ana Júlia Kiss, fundadora e CEO da Humora, startup que combina produtos à base de cannabis e fitoterápicos para bem–estar, explica como esse processo deve estar presente desde o onboarding. “Todo colaborador que entra na Humora recebe uma consulta com o nosso médico e começa a fazer o uso dos nossos produtos, que são para o bem–estar e para o bom humor. Além desse tratamento, também temos em prática duas ferramentas chamadas Check-In e Check-Out, que são para entender como as pessoas chegam na segunda-feira para o trabalho e como elas saem na sexta-feira para o fim de semana. Às vezes alguém perdeu algum ente querido ou só está mais sensível, e com esse mecanismo podemos oferecer acolhimento”.
Assim, é evidente que a promoção do bem–estar no ambiente corporativo deve ser encarada como um compromisso contínuo e integrado à cultura das empresas, e não como uma ação pontual. As companhias que desejam se destacar e manter uma força de trabalho engajada e produtiva precisam ir além das ações pontuais, implementando políticas integradas e sustentáveis que criem um ambiente saudável ao longo de todo o ano. Isso inclui desde a oferta de suporte psicológico constante, até a promoção de um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, passando por iniciativas de conscientização e capacitação para todos os níveis da organização.