A localização de um ponto comercial é decisiva para o sucesso de um negócio. Você pode ter o melhor produto e a melhor equipe de atendimento, mas se abrir sua loja no local errado, todo o investimento será desperdiçado. Para Valéria Duarte, diretora das áreas de Desenvolvimento e Atendimento da Geofusion, há mais de 15 anos no segmento de Inteligência Geográfica de Mercado, muitos detalhes devem ser avaliados antes de bater o martelo. “Vale lembrar que o melhor local varia de acordo com o produto ou serviço oferecido e, principalmente, com o perfil do consumidor. Olhe para o seu negócio e entenda quem é o seu público-alvo e qual é o volume de clientes necessário para sustentá-lo. Depois disso, é hora de reunir dados do mercado”.
Valéria lembra ainda que é importante ter informações sobre as pessoas que vivem e frequentam a região. Qual é a idade, a renda e o potencial de consumo delas? Tais características são compatíveis com o seu negócio? Esses e diversos outros fatores devem ser analisados na busca pelo imóvel perfeito.
Confira as dicas da administradora de empresas com MBA pela EAESP FGV:
1. Consumidores na área de atuação
O melhor lugar será o que concentrar o maior número de pessoas com potencial para adquirir o produto ou serviço que você está sendo oferecido. Avalie se existe uma grande quantidade de compradores na área de influência do seu negócio. E não basta ter “muitas pessoas”, é preciso que sejam qualificadas para consumir. Esta deve ser a primeira preocupação. Senão, todo o investimento realizado será perdido.
2. Vizinho concorrente nem sempre é um mau negócio
Pondere se para a sua área de atuação é importante estar ao lado da concorrência ou não. Em muitos casos, é sim. No caso das lojas de móveis e praças de alimentação de shoppings centers as compras são feitas por comparação. Em outras situações, vale estar perto de comércios e serviços complementares. Uma sapataria pode se instalar ao lado de comércios de roupas e acessórios, por exemplo. A regra é: fuja de vizinhanças completamente opostas. Se você não está presente nas concentrações de concorrentes ou complementos, não participa do processo de compra.
3. Tenha um bom par de tênis
Coloque-se na posição do seu consumidor! Visite o imóvel de manhã, a tarde e à noite; durante a semana e aos fins de semana. É importante para entender como é a movimentação em todos os horários. Vá a pé, de ônibus, de metrô e de carro. Faça várias opções de caminho e em diferentes horários. Durante o dia, o local pode ser bom, mas à noite, mal frequentado. Evite surpresas desagradáveis. Isso pode fazer toda a diferença para o seu cliente.
4. Paciência na busca do imóvel
É difícil encontrar o local ideal, com o melhor preço e na hora em que se quer comprar. Existem casos de varejistas que levaram anos negociando. Além disso, há situações em que o ponto comercial é feito por mais de uma casa ou vários andares de um prédio, por exemplo. Neste cenário, ter calma é fundamental para acertar. Não dá para investir em qualquer lugar e depois ficar no prejuízo.
5. Acessibilidade
Como o seu cliente se locomove? Carro, ônibus, metrô, a pé? Se for de automóvel, é importante que haja estacionamento próximo. Já se for a pé, vale avaliar se há faixa de pedestre perto. Uma cafeteria abriu uma unidade em um local em que só se chegava por uma rua, pois não havia faixa de pedestre e nem semáforo. E isso dificultava o acesso, diminuindo o fluxo de clientes no estabelecimento. A solução foi entrar em contato com a prefeitura para incluir estes sinalizadores. Contudo, se puder analisar estes detalhes antes de investir no imóvel, melhor!
6. Tráfego de veículos e pedestres
Mais uma vez é importante pensar na forma como o seu consumidor se locomove. Se for a pé, pense em uma via com alto tráfego de pessoas. Mas se for de carro é preciso buscar locais com grande movimentação de automóveis. Atente-se!
7. Posicionamento na rua
A aquisição do seu produto ou serviço é realizada quando o cliente está indo para o trabalho ou voltando para casa? Isso pode fazer toda a diferença na escolha ideal do lado da rua para adquirir o imóvel. Bancos, lotéricas e os Correios, por exemplo, ganham vantagem competitiva se ficam no sentido centro. A direção bairro, ou seja, na volta para casa, costuma ser mais vantajosa para farmácias e padarias. Outro detalhe importante na escolha do lado da rua é a posição do sol. Se refletir na vitrine no período da tarde pode impedir que as pessoas vejam os produtos.
8. Visibilidade
lguns detalhes podem dificultar a visualização da fachada, como rede elétrica na rua, árvores ou banca de jornal em frente ao imóvel. Há feira livre na rua? Se sim, pode resultar um dia a menos de faturamento. Nem todos os tipos de comércio e serviço precisam estar na esquina das duas avenidas mais movimentadas da cidade. Mas é importante que esteja visível para o público-alvo.
9. Zoneamento
Há uma lei municipal que define o que pode ou não ser construído em cada quarteirão da cidade: comércios, residências, área mista, industrial etc. Todos os quesitos mencionados até aqui podem ser perfeitos, mas de nada adianta se o franqueado não conseguir o alvará por conta desta legislação.
10. Peculiaridades de cada negócio
A última e mais importante recomendação é que se avalie qual o peso de cada uma das dicas acima de acordo com a área de atuação. Uma cafeteria precisa de visibilidade e grande fluxo de pedestres. As pessoas sentem o cheirinho e param para tomar um cafezinho, por exemplo. Já a escolha de uma escola para os filhos segue outros critérios. Por isso, pode estar em uma rua menos movimentada, mas com fácil acesso e estacionamento. Analise cada quesito com cuidado e tome a decisão mais acertada.