A hora certa para vender sua empresa

Numa crise econômica como vive hoje o Brasil, mais empreendedores estudam vender ou comprar uma empresa, buscando uma boa oportunidade. Mas tanto uma venda como uma compra de uma empresa tem hora certa para acontecer, alerta Nelson Ambros, diretor da Pool Assessoria Empresarial , empresa especializada nessa modalidade de negócio.

Com uma experiência de 15 anos na direção da Pool, uma das empresas mais tradicionais do ramo, Nelson Abros aponta todos os passos necessários para um bom entendimento entre o comprador e o vendedor de uma empresa nesta entrevista à Empreendedor.

Quem pensa em vender, comprar e fazer uma fusão de empresa, o que precisa fazer, em primeiro lugar?

Nelson Ambros – O primeiro passo para a venda, compra ou fusão de uma empresa ou negócio é realizar a avaliação da mesma. Determinar quanto vale a empresa através de metodologia adequada ao tipo de negócio e à operação que pretende realizar. Antecipo que existem diversas metodologias para avaliar empresas, algumas bastante técnicas e outras empíricas (práxis de mercado), mas a mais utilizada e aceita é o FCD (Fluxo de Caixa Descontado). O processo de avaliação de uma empresa também é conhecido como valuation.

Qual a importância para o empresário, antes de fazer qualquer negócio. Avaliar a empresa?

Nelson – Sob a ótica do vendedor, determina o valor para negociação e estabelece margens e parâmetros que devem ser bem entendidos para que o empresário faça uma boa venda. Feita a avaliação, iniciam-se os processos de negociações respaldados tecnicamente o que permite a sustentação dos valores pretendidos pelo vendedor, fugindo das objeções naturais dos compradores que sempre buscam motivos para jogar o preço para baixo. Cumpre destacar que, independente do empresário decidir pela venda, a realização do valuation (muitas vezes atrelado ao Plano de Negócios da empresa) é uma ferramenta de estratégia empresarial e deve ser focada para geração de valor da empresa. No Brasil ainda não é muito comum, mas é importante para o empresário realizar o valuation e revisá-lo periodicamente.

Com uma avaliação, quais os parâmetros, valores e projeções que o empresário terá em mãos da sua empresa?

Nelson – Com a elaboração do valuation, o empresário terá o diagnóstico de valor da sua empresa; são apresentadas as informações econômicas e financeiras para o cálculo do valor (Valor Presente – VPL), os fundamentos da empresa (produtos, serviços, know-how, diferenciais competitivos), projetadas taxas de crescimento considerando o ambiente macroeconômico de negócios, a capacidade de geração de caixa futura, a relação risco e retorno do investimento e o payback (prazo de retorno do investimento) para o investidor. O empresário deve entender que para cada tipo de operação, modelo de negócios, mercado e perfil de investidor a avaliação assume características diferentes. Embora mantida a metodologia, o valuation de uma startup de TI é diferente de uma empresa consolidada num mercado estável (vaca leiteira).

Considerando a atual crise econômica, em quanto por cento cresceram os negócios de compra, venda e fusões de empresa?

Nelson – Sinceramente não tenho dados precisos para responder a esta pergunta, mesmo porque no Brasil não dispomos de pesquisas e fontes de informações, mas podemos dizer que o mercado está aquecido. Em relatório, pesquisa da Consultoria PwC projeta um crescimento em torno de 10% em 2015 comparativamente a 2014, isso no mercado de grandes corporações. No mercado em que a POOL Assessoria Empresarial atua: street business (pequenas empresas) e middlemarket (médias empresas), começamos 2015 com crescimento de 20% em operações realizadas e 30% em avaliações elaboradas. O indicador avaliação elaborada é importante, porque reflete a tendência de mercado para operações de fusões e aquisições.

No momento de crise econômica, os negócios ocorrem mais por necessidade de alguém que precisa de dinheiro no momento, está com dívidas e decide vender a própria empresa?

Nelson – Sim ocorre. Temos no Brasil uma questão cultural que é a falta de planejamento e a falta de controle financeiro nas empresas, e neste momento de crise, principalmente nas empresas alavancadas financeiramente, o resultado e mesmo a operação ficam comprometidos. Na última semana de julho, o Copom aumentou a taxa de juros da economia (Selic) para 14,25% ao ano; isso aliado ao mercado consumidor recessivo, leva muitos empresários a decidir pela venda da empresa. Preciso alertar que este é o pior cenário para a venda de uma empresa, a situação mais indicada é decidir por uma venda planejada na tentativa de maximizar o valor. Para quem vende uma empresa, o fato de existir algum endividamento não é impeditivo para a efetivação do negócio. Aqui fica uma dica para quem vende uma empresa com endividamento: É preciso apresentar de forma correta o perfil do endividamento (seja ele bancário, fiscal-tributário, fornecedores, etc.) para o investidor, visto que ele poderá avaliar a melhor forma de sanear as dívidas e tornar a operação rentável. Não deixe que o investidor descubra durante a negociação dívidas e outras situações que sejam objeto de atrito e possam ser motivos para desvalorizar a empresa.

Mesmo na crise econômica é possível fazer um bom negócio, comprar uma empresa endividada e tornar essa empresa rentável dentro de um determinado prazo?

Nelson – Sim certamente. Atualmente temos maior oferta de empresas à venda, o investidor que procurar com o cuidado necessário irá encontrar ativos baratos. Na POOL Assessoria Empresarial, somos procurados por empreendedores e investidores que sabem que esta crise é pontual e será superada com o tempo. Para quem tem visão de oportunidade, capacidade de gestão e investimento, existem boas oportunidades para compra de empresas e ativos neste momento de crise econômica.

Os negócios hoje de compra, venda e fusão giram na maior parte em que valores?

Nelson – Em termos de quantidade de negócios realizados, a maior parte se concentra nos pequenos negócios (street business), aqueles com valor de negociação até R$ 3 milhões em média. Todo o dia muitas cafeterias e restaurantes, lojas de rua ou shoppings, pequenas empresas de serviços e indústrias, postos de gasolina, etc. são vendidas em todos os lugares do Brasil. Aqui também se enquadra a maioria dos repasses de franquias.

O que é determinante para estabelecer um valor de venda da empresa?

Nelson – É a capacidade da empresa em gerar caixa. O valuation, através da metodologia de FCD (fluxo de caixa descontado) irá justamente representar a geração de caixa da operação através de projeções ao longo do tempo. O que é importante ficar claro para o empresário é que o valor de uma empresa é decorrente dos benefícios presentes e futuros de caixa que a operação pode gerar, por isso a importância das projeções ajustadas na avaliação. Significa dizer que o valor da empresa não está no patrimônio físico existente, mas sim na capacidade futura de gerar riqueza.

Quanto tempo em média leva uma empresa para ser vendida?

Nelson – Tecnicamente gosto de responder a esta pergunta baseando-me em pesquisa da fundação Dom Cabral, isto é, 9,2 meses. Claro, este dado é baseado em operações de F&A (fusões & aquisições) de companhias de capital aberto, mas no mercado de pequenas e médias empresas não é muito diferente, embora esta média possa cair para algo em torno de 6 meses. Na minha experiência, já vendi empresas em 15 dias, como também tenho mandato de venda de empresas há mais de dois anos sem perspectiva momentânea de venda. Fatores como valor de venda, forma de divulgação, indicadores e resultados da operação, tipo e modelo de negócio, mercado em que a empresa atua, fatores macroeconômicos e outros mais impactam diretamente nesta definição de prazo.

Qual o percentual sobre o valor de venda em média que cobram as empresas que assessoram esses tipos de negócios?

Nelson – Geralmente empresas de intermediação e brokers têm honorários de sucesso que variam entre 5% e 10%, dependendo do valor de venda. De acordo com o tipo de empresa e operação ou mesmo o mercado em que atuam, existem outros momentos de remuneração, como avaliações, diagnósticos, prospecção ativa, elaboração de documentos, acompanhamento de diligências, etc.

Qual o diferencial de atuação da Pool?

Nelson – Acredito que é justamente a nossa experiência neste mercado recente no Brasil. Tecnicamente, nosso modelo de negócios que abarca a POOL Consultoria e Assessoria Empresarial e a POOL Contabilidade, nos permite dar suporte em todo o processo de F&A no sentido de assessorar vendedores, compradores e stakeholders. No aspecto da prospecção e intermediação, temos uma plataforma web que nos permite excelente posicionamento da empresa e dos negócios à venda; e temos forte network e parcerias com brokers e empresas de intermediação o que alavanca a competitividade.

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