Aprenda a investir com as quatro regras simples de Benjamin Graham

por Vitor Senna de Faria, da Leme Investimentos

O precursor da abordagem no investimento em ações denominada buy and hold nos sugere quatro regras simples

Ao investir em ações, devemos pensar em como diminuir nossos riscos precificando cada ação, para podermos pagar um preço favorável e diversificar nossas empresas para evitar uma perda muito grande caso algo inesperado aconteça, além de manter a visão de longo prazo. Benjamin Graham é considerado o precursor dessa abordagem no investimento em ações, denominada buy and hold, e nos sugere quatro regras simples para serem seguidas ao montar uma carteira de ações. São elas:

1 – Deve haver uma diversificação adequada, porém sem ser excessiva. Isso significa um mínimo de dez ações e um máximo de aproximadamente 30.

Muitos são contra a diversificação, alegando que ela minimiza seu potencial de retornos altos, caso você consiga escolher uma ação promissora. Ninguém é infalível, e existe sempre a chance de você ter deixado escapar alguma informação importante que pode ser crucial para o futuro de uma companhia.

Como exemplo podemos tomar o caso da Enron, uma grande empresa norte-americana de energia. A empresa faliu em 2001, levando com isso a economia de muitos funcionários da companhia que acreditavam saber tudo sobre a empresa. Muitos deles guardavam grande parte de suas economias para a aposentadoria naquelas ações.

Acontece que a Enron tinha parcerias com bancos e empresas que lhe permitiam manipular seus balanços financeiros e esconder sua situação real, que era péssima, com uma dívida de mais de US$ 13 bilhões. Quando a bomba explodiu, deu no que deu.

2 – Cada companhia deve ser grande, conceituada e conservadoramente financiada.

A capacidade de uma empresa de honrar suas dívidas lhe deixa livre de se colocar em um ciclo de risco, precisando de financiamentos emergenciais que cobram taxas de juros cada vez mais altas. Para isso devemos atentar aos indicadores de liquidez das empresas, que indicam a capacidade de pagamento de dívidas que a empresa tem.

3 – Cada companhia deve ter um histórico longo e ininterrupto de pagamentos de dividendos, por pelo menos 20 anos.

As empresas hoje são obrigadas a distribuir cerca de 25% de seus lucros na forma de dividendos e juros sobre capital próprio. A adequação dessa regra para a situação atual, já que Graham definiu essas regras em 1972, seria um histórico longo e ininterrupto de lucros, mesmo que em alguns anos sejam pequenos, o que pode acontecer em tempos de crise. Cabe a nós adaptarmos também ao mercado brasileiro a longevidade do histórico de lucros, já que um histórico de 20 anos excluiria a maioria das empresas de capital aberto no nosso país.

4 – O investidor deve impor alguns limites sobre o preço que pagará por uma ação em relação a seus lucros médios nos últimos sete anos.

Aqui está a etapa de precificação de uma ação, pois é através da comparação do lucro com o preço atual que podemos saber se uma ação está sobrevalorizada ou não. Uma ação, por exemplo, com sua relação de preço por lucro igual a 30, levaria 30 anos, se tivesse os mesmos lucros por esse período, para reembolsar o investimento inicial. Existem títulos públicos disponíveis com Preço por Lucro próximo de 10. Vai de cada um acreditar no potencial de crescimento da empresa que escolherá, mas devemos ser conservadores ao fazer perspectivas de crescimento.

Existem outros grandes investidores que defendem outras maneiras de investimento, como Phillip Fisher, renomado investidor e autor do livro “Ações comuns, lucros extraordinários”, o qual defende que devemos investir em empresas com grandes perspectivas de lucros futuros, com uma visão menos conservadora. Acredito que podemos aprender com cada um deles, porém devemos ter como base a segurança dos métodos de Graham para depois pensarmos em arriscar um pouco mais.

 

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