O ano de 2014 tem sido bastante complicado para muitas empresas, com economia retraída, poucos investimentos e inflação em alta, empresários estão fazendo o que podem para manter suas atividades em ritmo satisfatório. A mesma dificuldade se dá na gestão dos funcionários. Apontado como o segundo meio de atração de profissionais segundo pesquisa do Grupo Catho, está cada vez mais difícil promover aumentos salariais, bonificações e outros benefícios.
Outra pesquisa do Hay Group com 214 empresas no Brasil mostrou que 72% delas não estudam segurar funcionários com reajustes salariais este ano. O levantamento aponta ainda que 51% das companhias tiveram dificuldades para manter seu pessoal no ano passado e que apenas 11% delas possuem programa de retenção, enquanto 42% realizam ações específicas quando necessário.
Neste cenário, o que fazer para manter os bons talentos? Segundo o consultor em gestão de pessoas, Eduardo Ferraz, o momento pede atenção e realmente está impossível de se fazer milagres. No entanto, é preciso estar atento a outras formas de motivação, como segurança, aprendizado e reconhecimento, hoje tão ou mais importantes, em alguns casos, que o dinheiro.
Qual o papel do líder nesta equação? “Quanto mais complicado for o contexto, mais desafiador será incentivar a equipe. Está difícil para todo mundo, um momento político e econômico preocupante, as pessoas, as empresas não sabem o que vai acontecer. De novo, é a mistura de bom senso com bom exemplo, é muito mais honesto o chefe dizer ‘pessoal, a situação é grave, não vou tapar o sol com a peneira, mas crises vão continuar indo e voltando, só que nesse momento, nos próximos dois/três meses eu vou precisar do máximo de empenho e dedicação, de esforço, de comprometimento, daquele algo a mais até passar essa tempestade’”.
“Sobre reter ou não a equipe, o jogo também deve ser limpo ‘o que eu posso dizer é que eu farei o máximo para não demitir, agora quando eu tiver que demitir ou cortar custos por motivos que eu não consiga controlar vocês serão os primeiros a ficarem sabendo’. Então quando o chefe, por exemplo, faz um discurso duro, mas mostra a realidade como ela é, ao invés de gerar pavor e medo, acaba gerando comprometimento das pessoas. É nessa hora de dificuldade que um líder, um bom líder, faz uma enorme diferença e, às vezes, esse discurso aliado à prática consegue três ou quatro meses de fôlego que a empresa não teria se não fosse esse líder dar o exemplo”, finaliza o consultor.