Competitividade depende da qualificação dos micro e pequenos

Painel reforça que negócios de pequeno porte precisam ser inseridos nas cadeias produtivas de todos os segmentos

A competitividade do Brasil está diretamente ligada ao aumento da participação dos pequenos negócios na cadeia de valor dos principais setores da economia brasileira. A avaliação é dos participantes do painel A Inserção Competitiva de Pequenos Negócios na Cadeia de Valor de Grandes Empresas, que encerrou o 5º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, realizado nessa terça-feira em São Paulo pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Sebrae.

O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, abriu o painel que teve a participação do diretor-técnico do instituição, Carlos Alberto dos Santos, e ainda de Cledorvino Brellini (Fiat), Adriana Machado (GE), Luiz Eugênio Pontes (Grupo M. Dias Branco), Luis Gabriel de Azevedo (Odebrecht) e Francisco Depperman Fortes (Gerdau).

Barretto destacou que o Sebrae vem desenvolvendo diversos projetos de encadeamento produtivo em parceira com grandes empresas como Petrobras, Vale, Odebrecht, Gerdau, além do setor automotivo. Mas ressaltou que esses programas são muito mais que simples capacitações de micro e pequenos negócios, tendo em vista que a instituição desenvolve projetos de customização para que cada empresa consiga trabalhar conforme suas necessidades. Ele lembrou que a parceria com a Petrobras já tem mais de uma década e desenvolveu fornecedores para uma cadeia produtiva, de óleo e gás, que possui alto índice tecnológico.

“O programa de encadeamento produtivo tem que melhorar a qualidade, certificar e criar uma rede de fornecedores locais. Para nós é fundamental, porque melhora a capacidade e qualifica mais a pequena empresa, que ganha  musculatura”, afirmou o presidente do Sebrae.    

Barretto ressaltou que o aumento da participação das pequenas empresas na cadeia de valor das grandes empresas pode gerar uma enorme quantidade de negócios para o país e melhorar a produtividade. “Este é um tema decisivo para o futuro do Brasil. Falar de inovação é, na prática, colocar essas empresas em diálogo permanente com as grandes empresas, capacitando-as para que possam inovar e não ficar de fora do processo de desenvolvimento”, disse ele.
 
O diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, destacou os desafios de levar a inovação para as pequenas empresas. “Precisamos pensar a questão da inovação de forma muito pragmática e instrumental”, destacou ele. Para o diretor, ao se falar de inovação para o pequeno empresário, a reação inicial é de desconfiança. “A tendência é achar que se trata de conversa de consultor, de algo caro, difícil e do qual ele não precisa”, disse Carlos Alberto.

Ele aproveitou para lembrar que o Sebrae procura usar uma abordagem de mercado corporativo, tratando de concorrentes e clientes, ao falar sobre a implantação de projetos de capacitação e assistência técnica e de levar tecnologia para dentro dos pequenos negócios.

“Traduzimos de uma forma muito simples:Inovar é fazer diferente para fazer melhor. Para ganhar mais e aumentar os lucros e reduzir os custos. Isso o empresário entende”, afirmou o diretor-técnico.

Carlos Alberto dos Santos lembrou que muitas vezes se entende, de forma equivocada, que as pequenas empresas possuem um papel marginal e que seriam um fenômeno de países em desenvolvimento. Mas, de acordo com ele, nas economias mais industrializadas os pequenos negócios também são maioria. A diferença é que nestes países a defasagem competitiva entre as pequenas e grandes empresas é muito menor, ressaltou.

De acordo com Santos, o Sebrae vai atender neste ano mais de 50 mil empresas com soluções de inovação. Para ele, os pequenos negócios têm que levar em conta o mercado mundial, não necessariamente por conta das exportações diretas, mas por meio das vendas das grandes empresas. “Dentro de todo avião da Embraer ou veículo da Fiat há componentes de pequenos negócios. Uma forma de internacionalização e de criar pequenas empresas de classe mundial no Brasil é com a implementação de cadeias de valor global”, afirmou Santos.

O diretor do Grupo Gerdau, Francisco Doppermann Fortes, contou que o crescimento do grupo em muito se deve à qualificação dos fornecedores e à capacidade de inovação das empresas da cadeia produtiva da siderúrgica. “Temos de dar o exemplo dentro de casa e levar isso para os fornecedores. Assim se prospera com inovação”, disse Fortes, que destacou os resultados positivos alcançados pelo programa de encadeamento produtivo desenvolvido em parceria com o Sebrae.

Luis Gabriel de Azevedo, da Odebrecht, também ressaltou a importância das pequenas empresas na cadeia de valor da empresa e destacou a qualificação dos fornecedores no programa de encadeamento produtivo em parceria com o Sebrae.
 
“A integração das micro e pequenas na cadeia de suprimento das empresas de maior porte é muito importante. Uma cresce com a outra”, apontou Adriana Machado, diretora da GE no Brasil. Segundo ela, como a tecnologia é muito volátil, está em constante e rápida evolução. A colaboração e a parceria são muito importantes. “A gente tem de criar uma cultura de comunicação, de integração. Um ambiente que favoreça a gestão da inovação”, afirmou a executiva. Para ela, empresas de qualquer tamanho podem e devem investir na inovação.

Facebook
Twitter
LinkedIn