Mesmo com o fechamento de milhares de empresas devido ao isolamento social da pandemia, as mulheres empreendedoras vão fechar este ano com um crescimento de 40% no empreendedorismo feminino. Em maior número na faixa etária de 22 a 35 anos, 54% das mulheres decidiram neste ano abrir uma nova empresa ou investir em negócios voltados a serviços, principalmente na alimentação, beleza, estética e moda. Os dados são da Rede de Mulheres Empreendedoras, criada em 2017 e hoje atende mais de 500 mil mulheres cadastradas com orientações desde como abrir uma empresa até se fortalecer no mercado de atuação.
A projeção da mulher no mercado de trabalho nas últimas décadas é evidente. O mesmo pode ser dito do empreendedorismo feminino quando elas mostram números maiores a cada ano. A pandemia também empurrou essa natureza feminina para empreender, muito em função delas serem sempre as principais vítimas das demissões.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2019, 9,3 milhões de mulheres já eram empreendedoras, o que representava 34% dos donos de empresas. O nível de escolaridade das empreendedoras são 16% superiores aos homens e elas são mais jovens na comparação com os homens.
Já a consultoria Global Enterpreneurship Monitor vai além. De acordo com estudo também referente ao ano passado, 24 milhões de mulheres eram donas dos seus negócios. A diferença para os homens é de, aproximadamente, um milhão de empreendedores a favor do sexo masculino.
O PODER FEMININO
O Brasil é o sétimo país do mundo em relação às mulheres empreendedoras – fase inicial de 42 meses. Um relatório do Boston Consulting Group (BCG) indica que as mulheres empreendedoras podem aumentar o Produto Mundial Bruto em torno de US$ 5 trilhões, correspondendo duas vezes o Produto Interno Bruto do Brasil.
Ao redor do mundo, a presença feminina nas grandes corporações, liderando equipes e trazendo resultados positivos nas gestões, é sinal de prosperidade em períodos que o mundo tenta aliviar-se da crise iniciada em 2009.
Porém, embora pesquisas apontem este diagnóstico favorável ao “antigo sexo frágil”, o número de mulheres que chegam ao topo da empresa e senta na cadeira mais importante ainda é restrito, mesmo com a projeção delas ao longo dos anos.
O Brasil é o 10º país no mundo com mulheres em cargos de liderança, segundo um estudo “Women on the Business 2019” da International Business Report (IBR). O estudo apontou que a presença feminina em cargos de liderança foi global, com crescimento em média de 12% em relação ao ano passado. E pela primeira vez a proporção em nível Senior passou dos 25% atingindo 29% ante 24% no ano passado. O estudo é realizado há mais de 15 anos. O universo de entrevistados foi de 4.500 empresas de médio porte em 35 países. A periodicidade do estudo foi entre novembro e dezembro de 2018.
AS VERTENTES
O empreendedorismo feminino tem várias vertentes para explicar a evolução nos últimos anos. Uma delas é a questão da desigualdade e das relações de trabalho quando a mulher fica na “corda bamba” após a Licença Maternidade – na maioria das vezes são demitidas mesmo o departamento de Recursos Humanos ser conhecedor que uma mulher-mãe quando volta ao trabalho impõe resultados surpreendentes para a corporação.
As mulheres continuam a ter seus vencimentos inferiores aos homens em torno de 22%, mesmo possuindo maior nível de escolaridade. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e foram colhidos entre 2012 e 2018.
O fenômeno mulher no poder é mundial, é uma realidade. Seja na América Latina ou na Oceania, as empresas que têm alguém de salto alto à frente das lideranças corporativas são vitoriosas nos seus respectivos mercados.
Segundo a consultoria Mckinsey, as empresas que elevam suas funcionárias aos patamares profissionais mais altos projetam um crescimento de 21% na performance financeira. Austrália (21%), Estados Unidos (19%) e Inglaterra (15%) apresentam o maior número de empresas com mulheres em níveis de liderança.
Na América Latina, a Mckinsey analisou 700 empresas de capital aberto na Argentina, Chile, Colômbia, Panamá, Peru e Brasil. A pesquisa indicou que 64% das empresas possuíam mulheres em cargos de executivos entre 2014 e 2018.
Uma pesquisa da consultoria global Great Place to Work (GPTW) com universo de 100 pequenas empresas escolhidas (entre 5 e 99 funcionários sendo 65 pequenas nacionais, 15 microempresas e 20 pequenas multinacionais) apontou que aumentou o número de CEOs mulheres diante das grandes companhias – 10% contra 6%.