Empresários devem se prevenir com a economia após Copa

Entre os meses de junho e julho, o Brasil deve “parar” ou pelo menos caminhar a passos mais lentos devido a Copa do Mundo. Com o clima de festa, principalmente se a seleção brasileira chegar à final do campeonato, diversos setores econômicos como turismo, serviços e atendimento serão impulsionados, porém, após o dia 13 de julho, quando acontece a decisão, a realidade é outra para o setor empresarial.

Milton Rui Jaworski, diretor da Jaworski Consultoria, conta que para compreender o cenário econômico atual e pós Copa, devemos analisar as seguintes variáveis: inflação, taxa de juros, produção industrial, nível de emprego e renda. “Se esses indicadores forem positivos o resultado é um desenvolvimento acelerado. Observe esses índices nos países em expansão. Como todos esses indicadores estão piorando aqui no Brasil, temos um quadro geral de insegurança e insatisfação”, observa.

Pesquisas mostram que a inflação dos alimentos (IPC-C1), por exemplo, que afeta os consumidores da chamada nova classe média registrou 13,94% acumulado anual, contra 6,0% que é a meta do governo. “A taxa de juros brasileira é de elevados 11%, com intuito de frear a econômica, tornando o crédito cada vez mais caro e mais seletivo”, diz.

Segundo a Fiesp, a atividade da indústria de São Paulo, maior capital do país, registrou queda de 8% nos quatro primeiros meses de 2014, na comparação com o mesmo período do ano passado. O nível de emprego apresentou uma ligeira queda, na média. De acordo com o analista, uma perda considerável. “A renda média cresceu 3,34% nos últimos 12 meses, para uma inflação variando de 6% a 14%, dependendo da classe social, portanto temos uma perda efetiva de renda”.

Outra pesquisa, desta vez da PewResearch Center, divulgada dia 3 de junho, registrou que 72% dos brasileiros estão insatisfeitos com o quadro geral no Brasil. Em um ano, os que consideram que a economia vai mal, subiu de 41% para 67%. O aumento de preços é apontado como um “problema muito grande” por 85% dos entrevistados.

Com menos dias úteis durante a Copa, a situação se complica e a proximidade das eleições preocupa. “A expectativa de eleições em outubro, precedida de campanha e provavelmente um segundo turno, afetam diretamente aquelas empresas vinculadas aos diversos níveis de governo e indiretamente todas as demais, pela incerteza das novas diretrizes. Isso faz com que reorientações e investimentos sejam postergados”, analisa o consultor.

No meio de todos estes números estão os empresários, que precisam estar atentos a forma de conduzir as suas empresas para que elas passem por esse período de turbulências. Mas muitos ignoram essas mudanças de cenário. “É muito comum empresários subestimarem cenários desfavoráveis, iludindo-se com a expectativa de uma correção natural: isso é passageiro, logo volta ao normal. Não, não volta ao normal. O cenário mudou, o empresário tem que mudar a sua atitude, ou será o primeiro a ser eliminado”, alerta Milton.

Os primeiros setores a serem atingidos são os de bens duráveis, como automóveis e linha branca, seguidos do setor têxtil e calçados até atingir a mesa e a higiene dos consumidores. Nesse último grupo ainda temos o efeito substituição dos produtos de primeira linha para os produtos de segunda linha. “Independentemente dos segmentos de empresas que a retração alcance, os mais fracos, ou menos preparados, serão atingidos primeiro”, comenta.

Para ele, priorizar a viabilidade econômica da empresa através da manutenção do lucro operacional, uma vez que sem lucro não existe empresa, deve ser o foco, como explica o analista. “A lucratividade é obtida através do ajuste das vendas em relação aos custos ou dos custos em relação as vendas. Esses ajustes não devem ser decididos de forma impulsiva e intempestiva.Devem ser fruto de um diagnóstico administrativo, financeiro e operacional que identificará as áreas com melhor resposta, as melhores combinações operacionais e patrimoniais e as orientações estratégicas para os melhores resultados”, conclui Jaworski.

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