Experiência sensorial é grande trunfo para atrair turistas

O escritor britânico John Gray alertava, alguns anos atrás, para o surgimento de certos marcos inaugurais de um novo tempo global. A primazia do lazer sobre o trabalho e o poder crescente da sugestão das massas – ancorada na consolidação dos novos meios tecnológicos – seriam os motores de uma nascente economia, baseada na busca por novas sensações, como as viagens de descobrimento de um mundo além das telas da TV ou do computador.

Polêmicas à parte, o fato é que cada vez mais a procura por viagens que contemplem aventuras e o chamado “turismo de experiência” vem ganhando a preferência de uma faixa cada vez maior da população global. Só no ano passado essa indústria do entretenimento movimentou US$ 7,6 trilhões, garantindo 277 milhões de empregos.

No Brasil, a teia de negócios que envolvem as viagens de turismo movimentou, em 2014, nada menos que R$ 492 bilhões, impulsionada pelos investimentos realizados na Copa do Mundo. Neste ano, as atividades ligadas ao trade turístico devem gerar 9 milhões de empregos diretos e indiretos em todo o País, e a tendência da conta é continuar subindo, com a aproximação dos Jogos Olímpicos. Mas para que o incremento ao turismo nacional permaneça em riste, ainda são fundamentais ações de qualificação, que envolvam medidas criativas, como as que vêm sendo implementadas pelo Sebrae, em parceria com empresários, associações de classe e instituições públicas, em todo o País. “No ano passado, realizamos 155 projetos coletivos em todo o País e, este ano, devemos chegar aos 150, atendendo mais de 63 mil empresas, com investimentos de mais de R$ 73 milhões”, revela Luiz Carlos Barreto, presidente nacional do Sebrae.

Entre os objetivos prioritários da entidade, está o fortalecimento do turismo de negócios e eventos, setor que gerou nos últimos anos um resultado superior a 4% do PIB. “Vamos continuar apoiando também projetos de indicação geográfica no turismo, o fortalecimento da  governança no trade e a implementação da segunda etapa do Programa Aventura Segura, que promove a qualificação das empresas do segmento de turismo de aventura e a certificação em normas da ABNT específicas para atividades dessa modalidade de turismo”, garante Barreto.

O empenho do presidente do Sebrae em acelerar a qualificação do setor demonstra que muito ainda precisa ser feito. Mesmo que os indicadores do turismo nacional tenham obtido um crescimento inegável nos últimos anos, o Brasil ainda ocupa o nono lugar entre os países mais receptivos do mundo, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo WTTC (Conselho Mundial de Viagens e Turismo). Mas se cada vez mais pessoas reduzem seus gastos supérfluos para investir em viagens, a outra ponta do negócio deve estar qualificada para esse crescimento.

No âmbito interno, as notícias são promissoras. Dados do Ministério do Turismo apontam que nada menos do que 62 milhões de brasileiros viajaram no ano passado, sendo que cerca de 70 milhões de novos consumidores devem experimentar pela primeira vez novos pacotes turísticos nos próximos anos.

Para Guilherme Zigelli, diretor superintendente do Sebrae em Santa Catarina, o País precisa dar continuidade aos projetos de qualificação de turismo, como os que vêm sendo implementados já há uma década no estado. “Atuamos com inúmeras parcerias público-privadas em diversos segmentos de turismo, além de desenvolvermos um trabalho bastante importante junto à produção associada, como artesanato e produtos alimentares regionais, que são elementos fundamentais como fator de diferenciação e competitividade dos destinos”, revela.

Para qualificar as micro e pequenas empresas envolvidas no segmento turístico do Estado, o Sebrae promoveu mais de 30 mil horas de consultoria em 2014. A busca pelo aumento da oferta em cada uma das oito grandes regiões de Santa Catarina foi planejada sob três pilares: combate à sazonalidade – principalmente no litoral, interiorização e inovação.

De acordo com Zigelli, o sucesso da qualificação do segmento que vem sendo implementado em Santa Catarina está ancorada em um sólido planejamento, que prevê reconhecimento e o respeito às vocações regionais em relação ao produto turístico, um diagnóstico focado e a adoção de projetos específicos, de acordo com a demanda local.

Através de oito projetos e dois convênios, o Sebrae catarinense deve atender, até dezembro de 2016, a, pelo menos, 5 mil empreendimentos. Os micro e pequenos empreendedores do turismo catarinense estão distribuídos em regiões sensíveis do Estado, como a Grande Florianópolis, Serra Catarinense, Costa Esmeralda e Vale do Rio Tijucas, além de cidades representativas do turismo regional. O esforço do Sebrae, garante Guilherme Zigelli, vem ao encontro das demandas de um segmento que possui um potencial econômico inegável. Santa Catarina recebe cerca de 21 milhões de turistas ao ano, que geram riquezas correspondentes a 12,5% do PIB estadual.

Turismo inovador

Um local destinado à produção de conhecimentos ligados ao desenvolvimento do turismo nacional, unindo pesquisa e gestão. Assim será o Centro de Inovação em Turismo, um projeto que está sendo consolidado em Santa Catarina, através da parceria entre o Ministério do Turismo e o governo catarinense. Para o secretário Nacional de Políticas de Turismo, Vinícius Lummertz, o centro une o turismo à tecnologia, agregando uma sinergia fundamental ao desenvolvimento do setor.

Ele garante que o objetivo será criar um espaço de excelência para o desenvolvimento de projetos e iniciativas inovadoras que venham a impulsionar o turismo no País. O empreendimento, que une investimentos do setor público e privado, irá funcionar provisoriamente no Centro de Convenções da capital catarinense. O termo de criação do novo centro de referência para o turismo nacional foi assinado no final do ano passado no Sapiens Parque, em Florianópolis, local que reúne um conjunto de empresas com foco em inovação, tecnologia e sustentabilidade e deve abrir a sede definitiva do centro.

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