Atuo no franchising brasileiro como consultora há mais de duas décadas. Afirmo categoricamente que franquias são, normalmente, um ótimo negócio. Porém, há pessoas e empresas que estão colocando em risco a credibilidade deste sistema. Vou explicar.
Há muitas franqueadoras que trabalham com ética, profissionalismo e seriedade. Elas oferecem a seus franqueados uma estrutura que os ajudará a ter sucesso em suas unidades e, mais do que isso, alcançar o retorno do investimento que fizeram. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o índice de mortalidade das franquias é de menos de 1% ao ano, o que faz o negócio ser ainda mais atrativo. Este dado somado ao apoio técnico e administrativo de uma boa franqueadora – além do direito de uso de uma marca já consolidada no mercado – impulsionam empreendedores para alcançar realização pessoal e profissional.
Por ser um excelente negócio, especialmente para quem não tem experiência empresarial no setor que pretende investir, as franquias vêm crescendo muito no Brasil a cada ano. Hoje já são mais de 1700 empresas franqueadoras no país. O problema é que junto com esse crescimento assistimos a banalização do sistema – um risco tanto para franqueadores sérios como para franqueados de boa-fé, interessados em ter um negócio próprio sólido e rentável.
A todo instante, ouvimos empresas que se consideram ‘franqueadoras’ afirmarem que seus negócios são “100% garantidos” e isentos de risco. Outras vêm propondo até consórcio para aquisição de uma franquia. Normalmente, com ofertas fantasiosas, tais empresas querem apenas garantir um aumento em seu próprio faturamento.
Porém, ainda há muitas pessoas que, motivadas pelo sonho de ter um negócio próprio, acreditam nestas promessas. Perdem dinheiro e se desiludem com o mercado de franquias. Vale ressaltar que as franqueadoras sérias também perdem com esta situação: o trabalho antiético de alguns resvala na reputação de quem trabalha com honestidade.
A ABF tem se preocupado muito com esse problema, já que um de seus papéis principais é defender o setor. Uma das provas disto é a atuação da Comissão de Ética, composta por franqueadores, franqueados, advogados e consultores que, periodicamente, avaliam práticas que fogem da Lei de Franquias. No entanto, a rapidez com que ofertas ‘nebulosas’ se disseminam, especialmente por meio da Internet, permite que empresas mal-intencionadas provoquem enganos, falsas ilusões e, pior ainda, erros irreparáveis.
Atenção, futuro franqueado: antes de investir numa franquia, faça uma pesquisa sobre o tipo de negócio que lhe interessou, o potencial de mercado, o sucesso alcançado pela marca e principalmente, a idoneidade da empresa. Também é interessante conversar com outros franqueados da rede, buscando saber o nível de satisfação em relação ao franqueador. Com informação será possível não só fazer uma boa escolha, mas, principalmente, vencer aqueles que podem afetar o franchising brasileiro. E vale tudo para mantê-lo forte e saudável.
Melitha Novoa Prado é consultora jurídica e estratégica especializada em redes de franquia, varejo e cadeias de negócios. Autora do livro Franchising: na Alegria e na Tristeza.